Rosmaninhos mostra que em Hamlet, há Ofélias.
A Arte da viajosidade ainda lembra.
Rosmaninhos mostra que em Hamlet, há Ofélias. Não esquece!
Por Dija Darkdija
O coletivo Uzume de teatro apresentou (nos dias 28 e 29/5, 4/6) e apresentará (Hoje, 05/06 as 16h na praça da alegria, em frente ao CCHLA da UFPB) a peça Rosmaninhos. Rosmaninho é uma flor, e uma flor é o princípio e o fim, pois "as flores tem cheiro de morte". E uma mulher nos diz: "Eis um rosmaninho, é para lembrança". É assim que lembramos e relembramos. "Eu te peço amor, não esquece!". E não esquecemos. Além de lembrar e relembrar, descobrimos uma nova face do (e dentro do) aclamado Hamlet. O coletivo Uzume de teatro apresenta para o espectador a outra face e uma grande personalidade em contraposição à realeza: Ofélia. Mostra também a outra face da realeza: a plebe. Mostra que o limite entre "cultura erudita" e "popular" não existe diante da arte. Assim o coletivo Uzume, abençoado pela deusa das artes cênicas de mesmo nome começa a apresentar, a representar, a "moldar seu corpo ao seu bel prazer", para o deleite do espectador. Assim nos é mostrada subjetividade da Ofélia Shakesperiana, com elementos de nossa cultura em uma mistura única e riquíssima. Assim vemos as memórias de uma mulher que, a meu ver, ao abrir sua mente para o público faz surgir muitas lembranças que merecem ser relembradas, para nunca sejam esquecidas. E assim navegamos em um barquinho de papel sobre um rio de lembranças. E assim relembramos sobre uma Ofélia inicialmente imaculada, uma Ofélia posteriormente apaixonada, e por fim, no fim...uma Ofélia enlouquecida. Como em toda lembrança, há momentos de total frescor e organização, como se aquilo estivesse acontecendo no exato momento em que se lembra. Ou pouquíssimos instantes depois. Talvez, há muito tempo. Quanto mais forte o momento e o lamento, mais se fixa na memória. Em outros instantes, instabilidade e caos completo. Vozes e vozes de uma mesma garota que...morreu! "Morrer...dormir...nada mais!", assim morreu, abraçou uma morte azul nas águas guardadas pela copa acinzentada do salgueiro, como uma sereia. Morreu, mas deixou para ti um recado, assim como o espectro o fez para seu amado "de moral honrosa e digna". Assim, Ofélia nos diz: "Eis um rosmaninho! É para lembrança...Eu te peço, amor, não esquece!".
O vento lembra. O rosmaninho ainda será entregue uma vez. Hoje (05/06), as 16h, em frente à praça da alegria, no CCHLA da UFPB. Não perca a última apresentação de Rosmaninhos. Ou como diria a nossa Ofélia, "Não esquece!"