Sobre as inteligências
Tempos atrás, quando da popularização dos computadores em nossas terras, comecei a esperar o surgimento de máquinas inteligentes. Entusiasmado, encantado por essas máquinas mágicas, imaginei que em poucas décadas teríamos computadores inteligentes, no que ainda acredito.
Supunha, no entanto, que a inteligência dos computadores viria a ser similar à nossa, do mesmo tipo, e, portanto, imediatamente reconhecível quando encontrada.
Também imaginei que o teste de Turing seria válido para o reconhecimento de uma nova forma de inteligência. Esse teste se resume a uma conversa entre uma pessoa e o ser avaliado. Caso a pessoa não consiga discernir se conversou com uma pessoa ou com uma máquina, ela terá conversado com um ser inteligente.
Hoje, não nego a validade do teste de Turing, e ainda acredito que uma máquina que converse como uma pessoa tem que compreender o que diz e o que ouve, manifestando assim, inequivocamente, uma forma de inteligência – e, de fato, a nossa forma de inteligência – mas não creio que essa seja a única forma possível.
Acredito que outros seres inteligentes possam desenvolver uma inteligência diferente da nossa, reconhecendo outros tipos de padrão que não os nossos, criando modos de linguagens muito diferentes dos nossos, ininteligíveis para nós.
Penso que quando alguma forma de inteligência for capaz de se comunicar conosco, será algo de um tipo inimaginável. Para compreender nossa linguagem, nossa comunicação, um outro tipo de inteligência terá que nos analisar sob seus próprios pontos de vista, nos entender enfocados sob sua própria racionalidade para, aí então nos interpretar. Essas novas inteligências farão isso do mesmo modo que fazemos para interpretar e inferir as ações dos animais.