Carolina e as estrelas
Carolina deitou, certo dia, sobre uma grama verde, tão bem cuidada, com o cheirinho gostoso do mato ainda umidecido pela garoa que deve ter ocorrido no fim daquela tarde. Estava ela, na verdade, bem próxima a uma árvore que lhe fazia mais companhia do que sombra, já que a noite tinha chegado.
E sozinha, aconchegou-se alí, na relva, levou as mãos para trás da cabeça, simulando um apoio, e fez disso o seu travesseiro, e então começou a apreciar o que estava logo acima e alcançava o seu campo visão.
Ela percebeu as estrelas, e acometeu-se de uma emoção que incentivou uma conversa entre ela, e ela mesma, sobre a paisagem que via. Pensou que jamais havia parado em toda a sua curta vida, até então, para observar aqueles corpos luminosos firmados no céu, e murmurou-se umas três frases de lamentação "Que pena. Que descuidada fui eu. Quanta beleza e eu simplesmente não tive o cuidado de enxergá-la."
Lamentou por não ter ao lado alguém que compartilhasse daquela descoberta e indagou a si mesmo, sorrindo bobissimamente "Mas que descoberta? As estrelas sempre estiveram alí, cada uma no seu devido lugar, eu as descobri para mim hoje, mas há muito tempo que o mundo soube delas." E sorrindo, consetiu com ela mesma.
"A partir de hoje, declaro enfim, que jamais dormirei sem antes tê-las olhado e cumprimentado, jamais ignorarei nem mesmo uma espiadela ao céu para fitá-las de leve e dizer um 'OI', e nunca mais irei fazer pouco de todos esses brilhos tão extraordinários a ponto de alguma vez esnobá-los." Disse ela em tons de educação. E pensou por um instante ter visto as estrelas simulando um "Obrigada" no céu, de maneira que sorriu com uma luminosidade tão comparada à reluzência delas.
E sussurrou aos próprios ouvidos " É preciso treinar os olhos para perceber o que está à nossa frente, porque ver não é perceber, e perceber não é admirar... Mas hoje decidi treiná-los a tempo, por isso enxergo, percebo, e admiro, feito fosse o primeiro encontro, e amor à primeira vista."
Texto fictício