O POETA E A RACIONALIDADE DIVINA
A racionalidade de deus se confunde com a dos homens. Ambas carecem de combinação mútua para se afirmarem, e de uma razão cósmica para existir, as duas destoam. O homem à imagem de deus, deus à imaginação do homem, se argumenta ao tratar das deidades. Aí remete-se ao argumento da existência primordial, tanto divina como humana e toma-se a imagem do homem como ser-existente. Isso denota que os estudiosos ao longo da história da humanidade tentaram, a todo custo, construir um paradigma como sustentáculo para as deidades, para um ser superior a tudo, porém, inconscientemente, inscrevem o homem como imagem primordial.
Porém, o poeta se sobrepõe, verbalmente, a todas essas interpretações.
Nem o poeta nem deus podem mudar o mundo. O primeiro finge estar transformando o universo humano. Coroa sua altivez com vocábulos inusitados, excomunga as ações da humanidade, rejeita os preceitos divinos e isola-se em companhia de meia dúzia de excluídos. O segundo, em nome de uma conversão de fenômenos naturais, camufla-se nas entranhas dos diversos eventos cósmicos para tentar manifestar sua essência.