Um por-de-sol
Quando era menino
Adorava ficar olhando o sol se por.
Havia algo de muito especial naquela cena. Era algo muito pessoal.
Era tão repousante para mim, quanto deveria ser para Ele,
afinal, após um dia todo de trabalho...
Parecia a hora de a natureza se recolher para o descanso.
- Ele era simplesmente o meu Pai que estava me desejando boa noite -
Ah! Que majestoso, que divino,
Que forte e ao mesmo tempo doce. Era absolutamente pessoal;
diria mesmo: masculino.
Já imaginou um por-de-sol feminino? Parece inconcebível...
Ou...
Sempre naturalmente me pareceu. Até que...
percebi alguns detalhes
que não tinham sido “iluminados” até então.
Foi numa certa tarde de domingo que descobri.
Que tinha visto muitos pores-de-sol
e em muitos lugares,
mas nunca,
nunca tinha visto,
olhado realmente.
Realmente percebido.
Olha!
Ele pode estar se pondo aqui,
na Joatinga,
ou Arraial,
no sul, Caribe ou Ceará,
mas,
na verdade, o por do sol só ocorre
verdadeiramente
no coração da gente.
Pois é.
Foi nessa tarde de domingo que vi
o primeiro por-de-sol feminino da minha vida.
Ele era maravilhoso. Tinha os raios da cor do teu cabelo
e deixava o céu cor-de-rosa;
rosa de vestido de menina
que para de repente a brincadeira
e repara que o sol está se pondo.
O calor não esquenta,
toca a alma da gente e acalenta
com a promessa: amanhã eu volto... "com certeza"...
Tem um calor tão teu... que toca a tua pele
fazendo morena de amor
porque vai embora e não sabe se volta,
mas promete com certeza,
que mesmo que não volte amanhã
a vida continua
e um dia,
no meio da rua, você estará vendo outro por-de-sol
que jamais será o mesmo,
mas trará a mesma recordação daquele
que não vivemos juntos senão dentro do coração.
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Para a minha querida Poetisa "Janna Oliver",
Guia e fonte de inspiração