O MUNDO É UMA BOLA DE BULLYING!
Fenômeno social tão em evidência nos dias de hoje, o Bullying, assim chamado o acontecimento sócio-patológico no qual pessoas são agredidas física e emocionalmente por indivíduos próximos e geralmente integrantes do seu meio de convivência social, talvez não seja um fenômeno tão novo quanto possa nos parecer, tampouco restrito a determinadas idades, instituições, ou países.
A terminologia, a meu ver, apenas nomina através dum vocábulo novo da língua inglesa, "bully" , que significa "valente", ao tal acontecimento fenomenal que se acentua dramaticamente no nosso mundo contemporâneo, embasando suas origens sociais simbólicas num estado de doença social de falso aspecto "subclínico", portanto já bem disseminada.
Em caráter epidêmico, principalmente pelas escolas do país, hoje sequer temos a tranquilidade de que nossas crianças estarão protegidas do assédio humilhante do Bullying dentro dos próprios meios sociais dos quais fazem parte, e que a priori, deveriam formá-las e protegê-las.
O fato é que, se focarmos o olhar para o macro deste mundão tão globalizado, perceberemos que o fenômeno está em qualquer esquina, literalmente nas calçadas das grandes cidades, ou nos ingênuos jardins das pracinhas das cidades pequenas, nas escolas, nas universidades (o próprio trote pode caracterizar o bullynig), no trabalho, nas igrejas, no trânsito, e até na família, o que é uma triste constatação.
Tenho ouvido relatos assustadores de crianças, de jovens e de adultos, que são vilipendiados emocionalmente nos setores sociais em que atuam de modo gratuito e sádico, pelas causas mais inacreditáveis! Inclusive por causas mais nobres como se ser estudioso ou generoso.
Para que ocorra o Bullying é necessário que haja o agressor, sádico e covarde, geralmente um individuo já alterado socialmente por desagregação do seu meio familiar; há de haver uma vítima de perfil intimista, reservado pela timidez e pela fragilidade emocional, e um ambiente que negligencie as ocorrências de caráter quase permanente aonde subliminarmente já existe um corrente montada de expectadores que sadicamente reafirmam e endeusam a "valentia " do agressor, tido com herói, um herói narcisista .
Nenhum fenômeno social doentio existe ao acaso num determinado espaço.
O Bullying se alimenta de padrões sociais pré- estabelecidos por determinado grupo que resolve aniquilar emocional e fisicamente com quem não se enquadra nas regras ditadas pela "valentia".
Geralmente parte de crianças ou adolescentes cujo meio propicia a arrogância social, aonde se fomenta preconceitos às mais variadas diferenças.
Penso que todos os movimentos sociais de corrente preconceituosas têm , na verdade, o fenômeno do Bullying como embasamento primário.
A meu ver, a próprio onda de Homofobia que se propaga pelas ruas das grandes cidades é uma clara manifestação do tal fenômeno, como um confronto doentio e subliminar às recentes campanhas de respeito pelas diferenças tão difundidas pelos meios de comunicação.
Os ataques a animais indefesos como o que foi recentemente mostrado pela mídia, o atear de fogo num filhotinho de cão, ato de nos fazer chorar, a agressão aos moradores de rua, a perseguição xenófoba, o racismo, a agressão aos idosos, o reaparecimento de grupos neonazistas, enfim, vivemos tristemente numa sociedade cruelmente covarde, numa psicose social, para ser mais clara e objetiva.
Tenho visto crianças e jovens, mesmo adultos, humilhados pelos seus meios sociais só pelo fato de serem inteligentes, aplicados, por conseguirem boas notas, por serem bonitos, vejo pessoas que são perseguidas por serem bons profissionais, ou por serem esforçadas, honestas, ou por serem discretas nos meios que frequentam. Há pessoas humilhadas e assediadas pelos seus chefes invejosos que fazem Bulliyng invisível ao olho mais distraído.
O assédio moral é um triste e comum exemplo de bullying.
Por outro lado, basta um indivíduo ter um orelha um pouco maior (quem já não viu tal fato exposto?), ou ser mais alto, ou mais baixo, ou magro ou obeso, ou se vestir assim ou assado... para ser prontamente foco de chacota do grupo e consequentemente uma potencial vítima dum Bullying mais institucionalizado.
Todavia, se também ampliarmos nossos olhares para a frágil e cruel estruturação sócio- econômica do planeta, até certo ponto embasada na condição financeira de cada "grupo" de nações, penso que o mundo, subliminarmente, fomenta um Bullying econômico insustentável.
Estaríamos fadados ao assédio do consumismo desenfreado para que, "pseudofortalecidos", sejamos respeitados na nossa dignidade humana? Seria esse o nosso caminho?
Já vi criança esconder dos amigos um carro mais antigo da família, ou mesmo se sentir rejeitada por não ter o celular de última geração.
Que triste!
Basta não "ter" o que a sociedade elenca como padrão para não ser respeitado como "ser".
Assim, o Bullying nada mais é do que uma grave doença muito longe de solução se não a erradicarmos no seu , infelizmente tão sólido, alicerce social.
Há que se educar, amar e amparar as crianças tanto no seio das famílias quanto na estrutura social do Estado para que, num futuro bem próximo, consigamos dar à sociedade o mesmo respeito que recebemos do nosso meio. Ninguém dá o que não tem e nenhum fenômeno se sustenta sozinho.
Sem promoção social MULTIPLICADORA sequer nos haverá uma luz no fim do escuro túnel deste complexo fenômeno mundial neobatizado de Bullying.
Que Deus nos livre de mais esse flagelo da humanidade.