As doenças nascem no corpo mental e morrem a partir do corpo mental.
 

“É a mente que rege a formação de anticorpos no sangue.” – André Luiz, escritor espiritual
 
Quando Jesus curava, ele o fazia em alma e em corpo. Houve alguns casos que lhe foram submetidos para cura, mas ele não os curou. Apenas disse que tais casos só se curariam com jejum e oração. Quer dizer, Ele sabia da dupla curabilidade pelo processo do jejum, reforçada pela oração, ou seja, pela receptividade sintônica do terapizado com Deus.
Há várias e várias citações bíblicas a favor do jejum, inclusive como fator transcendentalizador da alma. Conclui-se daí que o jejum não é só abstinência de substâncias gustativas, não. É de se jejuar também de pensamentos e sentimentos negativos. Só assim os efeitos serão profundos e amplamente mais duradouros.
 
Se, eventualmente, explosões ou impactos emocionais externos chegarem a invadir o corpo aural ou os limites do corpo químico, que a mente superior, vigilante, cuide de desfazer e desintegrar a carga negativa ainda no portal da mente, instantaneamente, antes que ela se instale no soma.
Porém, o ataque que a mente superior mais deve rechaçar veementemente é a simples vontade de interromper o jejum sem qualquer motivo aparente, originada da mente cerebral. Isso acontece mais nos jejuns de mais de um dia. É que o jejum tem seus ciclos – ciclo de Krebs, ciclo das pentoses, ciclo da síntese da glicose etc. [Quem detalha bem o que acontece com esses ciclos durante o jejum é o Prof. Mário Sanchez, em seu livro “Jejum Curativo”.] E a cada fim de ciclo o cérebro tende a achar que já está bom, que já está na hora de encerrar o jejum.
Eis algumas palavras de ordem da mente superior, que podem ser repetidas antes e durante o jejum, para reforçar o domínio sobre as mentes cerebral e intestinal, especialmente na iminência de qualquer ataque-surpresa contrajejunal:
 
Querido cérebro e querido intestino,
Amo vocês de montão.
Submeti ao jejum todo o corpo que nos abriga,
para curar, aliviar, terapizar, lavar, queimar gorduras,
e beneficiar todos nós.
Qualquer incômodo nervoso ou gástrico faz parte do processo.
Conto com a colaboração de vocês.
 
Se essa oração-apelo não funcionar, diga-se vigorosamente: EU QUERO UM QUILOGRAMA DE PESO A MENOS SOBRE MINHA BALANÇA AMANHA BEM CEDO! PORTANTO, FAÇAM SEU TRABALHO DE APOIO À DRA. NATUREZA (MENTE QUÍMICA), OU DEIXEM DE RECLAMAR!
 
Cada um faça suas orações, apelos ou alertas de acordo com suas necessidades e formas de ver-se, de lidar com suas mentes e de ver o processo. O básico é manter-se em estado de oração e de vigilância o tempo todo.
 
É necessária e crucial uma superdominância da mente superior sobre a mente cerebral, que, enquanto não se educa para servir, sempre conspira contra os interesses do espírito. Faz barulho, muitas requisições e pressões interruptivas, pelo menos no começo, no desesperado afã de retornar ao status quo ante, quando ela era o manda-chuva de todas as mentes corporais e até mesmo da mente superior. É o velho fenômeno da crise de perda de poder e suas tentativas de retomada do cargo ou do trono, “na tora”.
 
Via de regra, a mente cerebral só não domina nunca é a mente do corpo químico. Esta inicia sem muito tardar seus trabalhos jejunais, imperturbável, inteligente, devagar e sempre, independentemente de eventuais tramas, conspirações, esperneios, zoadas e demais pressões da mente cerebral em sentido contrário. Depois de engrenada a alquimia do jejum, o corpo químico “não come reagge de ninguém” (em baianês é o que não se intimida, nem respeita quaisquer pressões frontais ou laterais de quem quer que seja ou do que quer que seja.). Pega seus intrumentos de trabalho (britadeira, talhadeira, formão, marreta, machado, lixa, tesourão de poda...) e joga duro. Trabalha sem parar, concentrado, para arrancar, descolar, triturar, despedaçar, dissolver, amolecer, raspar, pulvorizar, liquidificar, tanto em camadas superficiais quanto em regiões profundas dos órgãos necessitados de renovação... Às vezes pode até produzir mal, por causa de cortisonas, adrenalinas excessivas ou neuropeptídeos negativos que receba eventualmente do cérebro, mas vai sempre fazer o seu trabalho, imperturbável, como uma das principais partes do processo jejunal.[Uma das outras partes principais do jejum é a mobilização de energias quintessenciadas, que sustentam por exemplo o jejum dos faquires indus e a abstinência definitiva a alimentos sólidos daquele pessoal que vive apenas de prana e luz. Mas isso é discussão avançada no campo de uma psicologia, de uma bioquímica e de um espiritualismo mais profundos. O que importa para nós é saber que tais energias existem nas naturezas terráquea e universal e nos influenciam no nosso dia a dia, mais do que supõe nossa vã Biomedicina.]
 
Daí, devemos dizer que não fazemos jejum, mas apenas permitimos o jejum, que é um processo autônomo, autopoiético e independente de qualquer convicção consciente.
Claro que se nós tomarmos medidas para favorcer o processo e garantir sua conclusão, tanto melhor, inclusive porque temos dentro de nós mesmos um “inimigo” que não gosta nem facilita muito o processo. Esse inimigo é o próprio cérebro inquietado e inquietador, com seus medos, suas revoltas pontuais e suas pressões, pelo menos em princípio. Já os animais e as pessoas com deficiência mental que são submetidas a jejuns normalmente atravessam todo o período programado sem qualquer aperreio e normalmente se curam, com muito mais eficiência, de seus problemas fisiológicos ou psíquicos.
 

Nem sempre a crença positiva consciente é necessária para que fenômenos transformadores aconteçam. O que mais importa às vezes é a falta de crença negativa, ou seja, não crer que vai doer, não crer que vai morrer ou não crer que vai sofrer ou adoecer.
 
O cérebro dos incapazes de se expressar com clareza linguística até “reclama” inicialmente alguma coisa, mas, por estes não terem preconceitos, permitem que todos os ciclos e fases do jejum se sucedam fluentemente, e os resultados do tratamento são muito mais duradouros.
Enfim, o jejum gosta mesmo é de simplicidade, de liberdade de ação, de autonomia, enquanto as micrometamorfoses acontecem na “casa das máquinas”.
O que mais dificulta mesmo a boa fluência do processo jejunal é que nós, racionais, pensamos, sentimos, agimos, reagimos, estabelecemos metas paralelas ou intermediárias mirabolantes, queremos demais e decidimos às vezes mais contra do que a favor do jejum. Consequentemente, decidimos mais contra nós mesmos, contra nossa saúde, contra a melhoria ampla, profunda e definitiva de nossas qualidades de vida e do nosso futuro. Muitos, ansiosamente, querem acompanhar os trabalhos, querem resultados imediatos e, a qualquer mínimo incômodo interno ou externo, decidem parar o processo antes do combinado. Não entendem eventuais reações adversas do corpo. Traduzem-nas como pedidos de parada, quando o jejum quer dizer “por favor, me deixe prosseguir! Esse incômodo faz parte do meu processo.”

 

 
Durante o jejum, para se estar bem com a sua quimicalidade, é fundamental se estar bem com a sua espiritualidade (com o reforço através de músicas clássicas relaxantes [No geral,Bach, Chopin e Vivaldi são excelentes enfermeiros para assistir nessa cirurgia fisiocitológica. Mas, a depender da necessidade de uma injeção de ânimo mais sensorioimpactante, podem assistir melhor Beethoven, Dvörak ou Mozart...]. São igualmente importantes orações e exercícios de meditação, mas principalmente com a sua naturalidade (simplicidade, relaxamento neuronal, repousos físico e emocional etc). Entretanto, quem não puder recolher-se nesses sentidos todos, e como de toda forma de expressão e de impressão se pode tirar proveito, que se seja um Dvörak, um Chopin, um Bach, um Mozart ou um Beethoven em pessoa durante o jejum, conforme as circunstâncias e, principalmente, as pressões, contrapressões, depressões ou mesmo repressões do eixo cérebro-intestinal.
Já que a orquestra da vida relacional não pode parar, então que nós sejamos o seu maestro ou o seu contramaestro, pelo menos durante o jejum. Não deixemos de exercer o comando necessário da nossa parte, porque estamos momentaneamente trabalhando em duas orquestras ao mesmo tempo: tocando na orquestra das relações com os outros externos a si, sejam estas relações tensas ou suaves, com estresses, eustresses (normalmente geradores de serotonina e endorfina) ou distresses (normalmente geradores de muita adrenalina e cortizol), e tocando, como maestro, na orquestra das relações com o próprio cérebro, intestino, fígado, glândulas, vasos, sistema nervoso central, células, sangue, secreções, hormônios, etc, que estão em evoluções, convolações, revoluções e outras voluções(!) igualmente estressantes.
Como comandar as pessoas de fora e as pessoas de dentro (principalmente o irmão cérebro) do nosso próprio corpo durante o processo jejunal?
Premissa básica: Temos uma meta própria, maior, que são a desintoxicação e o desengorduramento amplos e profundos através do jejum. Só que os outros, quer as pessoas de fora (familiares, parentes, colegas, amigos, vendedores...), quer as pessoas de dentro do nosso corpo (órgãos e aparelhos, principalmente o cérebro) não sabem disso.
Quanto às pessoas de dentro, uma base de reflexão sustentadora seja a seguinte: durante todo o processo jejunal, haverá alternâncias de comportamento do cérebro, que ora vai se felicitar em momentos de êxtase eustressante, ora vai querer arrepiar em revoltas distressantes, ora vai querer infiltrar em todo o corpo abaixo linhas peptídicas citoestressantes, ainda que disfarçadas de fome, nervosismos, mal-estares, suores frios, calafrios, cansaços, alucinações, pesadelos, irritações e outros incômodos passageiros.
Daí o jejuno, que está sob eustresse (estresse bom, motivador, desafiador) tem de saber dançar com o cérebro, que está sob distresse (estresse ruim, angustiante, agressivo ou deprimente), confuso, sem saber o que está acontecendo, sem querer aceitar essa abstinência tão radical de qualquer carboidrato e de qualquer substância material. Ele está procurando, sem achar, os mecanismos de controle da estrutura corporal. Ele, que sempre se achou o manda-chuva, agora está perdido, sendo controlado a sua revelia.
Mas o jejuno, que é a mente superior, consciência racional ou self, tem de saber dançar com o cérebro, com carinho, alternando as passadas e os ritmos. Tem de dominar, mas tem de conduzir o velho irmão cérebro, com amor e até com gratidão, pelo salão de dança. Quando o cérebro se mostrar animado, dance (o self na dominância) uma música alegre, ou seja, imprima um ritmo alegre, em forma de vívidas caminhadas, arrumação dinâmica da casa, lavagem do carro ou aceleração de tarefas profissionais (evitando abaixar a cabeça por muito tempo). Quando o cérebro se mostrar desanimado e querendo colo, então amaciemos o discurso dançado e cuidemos de ações de baixo impacto físico e neuronal, como caminhada light em ritmo de passeio, arrumação dos CDs ou dos livros e moderação das tarefas profissionais. O importante é, ainda que estabelecendo esse acordo de convivência manhosa, montanhosa ou mimosa com o cérebro, o jejuno manter o controle da situação principal, que é o jejum em si. É uma ditadura camuflada, maquiavélica, político-estratégica, tudo para se manter no poder do próprio corpo, no qual está o cérebro mal-acostumado a se achar o chefe absoluto.
A vigilância do self sobre a mente cerebral deve ser constante. Deve se atinar atentamente para as alternâncias de humor do cérebro. Ora ele clama socorro, com náuseas, mal-estares, alguma cefaleia etc, ora ele se agita e pressiona agressivamente, quase nos fazendo desistir do processo fisio-higienizante. Aí ele manda fortes dores de fome para o estômago/intestino, e, se tivesse poder, ligaria rapidamente para a Associação de Proteção aos Cérebros Drogados, a fim de denunciar o seu dono, ou seja, o seu self ou mente superior, por maus tratos e tortura. Ele fica momentaneamente irado e querendo nos derrubar de qualquer jeito. Ele não quer mais saber de nada, nem de limpeza, nem desintoxicação. Só quer voltar ao controle e a comer alimentos materiais novamente. É um momento de difícil prova. Requer do self um empenho e um jogo firme de contra-argumentos, para convercer o cérebro-paciente de que é necessária essa microcirurgia sem bisturi em todo o corpo, que vai ser bom para todos etc etc.
É um diálogo-debate estranho, praticamente de si consigo mesmo, porque a mente cerebral facilmente se confunde com a mente espiritual. Mas, sem essa tomada urgente de todo o posto de observação parcialmente invadido pelo cérebro desesperado, o risco de interromper o processo jejunal é grande.
Mas o perigo até maior acontece é quando o cérebro baixa a arma, mas fica tentando nos hipnotizar com frases enfraquecedoras do ânimo, como “acho que já chega”, “vou comer alguma coisinha pouca”, “vou tomar só um suquinho”, “acho que já limpei o bastante”. Em verdade, é o agora ladino cérebro se imiscuindo no raciocínio do self, tentando confundir as ideias, na estratégia de jogo de raciocínio, na tentativa de anular os propósitos. Se o self cair na gaiva e fraquejar mais um pouco, babau!
Cuidado, inclusive, com a maior sensibilidade olfativa advinda com o jejum. Sente-se cheiro de comidas muito condimentadas a distância. Enche-se a boca d' água. Pensa-se em interromper o processo quase instantaneamente. É um perigo! Tem-se que reafirmar o processo com pensamentos anódinos socorristas e tentar não se aproximar do foco da alimento provocador. E lembremos que a tentação não está no objeto. Está no sujeito. O objeto provoca, e o objeto tanto pode estar fora de si, estimulando o sensório (“centro das sensações, esp. a região do cérebro que seleciona e combina as impressões transmitidas aos centros sensoriais individuais” (Houaiss)), como pode pode ser o próprio cérebro, com seus raciocínios conspiradores e com suas imaginações montadas pela memória do apetite e dos alimentos que lhe são caros. Porém, o sujeito, que é o self ou mente consciente superior, cede se quiser.
[Só nos jejuns longos é que o jejuno normalmente usufrui de uma parceria mais apoiante do cérebro, porque chega o dia em que o neocórtex deixa de emitir sinais de fome para o estômago-instestino, passando a se alimentar da gordura excedente e a mobilizar as toxinas e outros detritos acumulados no organismo. A conversão de gorduras em cetona, para alimentar quem não pode mesmo passar fome, que é o sangue, não o estômago, sói acontecer já no primeiro dia do processo, embora se intensifique mais ou menos a partir do quarto dia. É quando acaba qualquer sensação de fome aguda, porque o cérebro entra em plena cetose e em um êxtase até prazeroso, em decorrência do leve estado de sedação. Podem ficar apenas alguns pequenos espasmos gástricos cada vez mais intervalados, facilmente controláveis com muita água e muita caminhada, além da continuada provocação sutil do cérebro, que não deixa de mandar sinais gustativos salivantes. E se o jejuno estiver fazendo meditação, exercícios respiratórios ou boas caminhadas ao ar livre de manhã cedo, pode passar também a alimentar o corpo com energias prânicas.]
 
E quanto à relação com os outros eus extracerebrais, ou seja, com as outras pessoas-mundo a nossa volta? Bem, é uma relação de orquestra. Normalmente as pessoas não entendem os propósitos do jejuno, que está numa operação estranha aos costumes tribais.
O povo, especialmente o latino, gosta é de percussão no pé do ouvido e de azucrinação nos sensórios alheios, com requisições e estímulos, como ordens, contraordens, pressões, contrapressões, solicitações, convites, choros, cobranças, dengos, psicoterrorismos, estresses agudos (impactos repentinos) etc, a toda hora.
Normalmente, sem consciência ou má-fé, conspiram contra o jejum, orquestrando ações e reações tendentes a desconcentrar e a tirar o jejuno do seu eixo.
Por isso, a superdominância vibratorial, inicialmente no ritmo molto vivace, ainda que aparente, seja a tônica, quer perante si mesmo, ou melhor, quer perante seus sis pessoas orgânicas intracorporais, quer perante os outros e a vida social que se precisa correger. Para se garantir melhor a paz interior, é preciso às vezes aparecer perante os outros pintado para a guerra e de preferência portando um tambor militar do tipo batacotó. Porém, isso tudo deve ser só aparência, para impedir os outros de invadirem perigosamente as cercanias da abstinência e da paz íntima. O jejuno, pois, deve cuidar de reger a sua própria orquestra, que é interior e que não pode sofrer ruídos estranhos entre os naipes de procedimentos de sustentação e de sequência, para não interromper a própria sinfonia jejúnica até o gran finale, que é a manhã do dia seguinte, e não recair no mito da sinfonia inacabada.
Em relação aos de fora, se não podemos, quando queremos, impor o ritmo moderato ou o ritmo andante, com os recolhimentos neuronal, hormonal, pensamental, emocional e sentimenhtal completos, e se, durante essa nossa necessidade de tocar apenas uma flauta ou um violino suave e terno, os outros (intra e extracorpóreos), perigosamente, nos requisitam com estímulos de tambor, cimbalo ou contrafagote em ritmo alegro, vivace ou presto, respondamo-los, pois, com reações e forças de expressão de violoncelo, trombone ou contrabaixo, ainda que em ritmo apenas alegro non molto ou alegro ma non tropo. É um acordo de convivência entre o eu e o eles. O concerto individual pode se harmonizar com o concerto social.
Mas, o bom é o jujuno manter o ritmo suave e terno que quiser ou que precisar manter, independentemente dos trombones desafinados ao lado. Não deve haver uma guerra de sons sobre o pentragrama relacional, mesmo com oitavas vibracionais distintas. Nada de ser contra, mas de ser firme na sua necessária calma e harmonia interior. É bem mais um trabalho de resistência isolante do que de contraenfrentamento neutralizante, ainda que na linha de frente das expressões o jejuno precise demonstrar circunstancialmente que está regendo a nona sinfonia de Dvörak. Ele não tem que enfrentar os estímulos externos, não! Ele tem que estar acima deles, vendo-os como pedras a saltar, mas vendo principalmente o horizonte à frente, a meta pessoal a atingir. Tudo isso sem medo de ser intimamente feliz, de mostrar felicidade, de exibir um visual de paisagem ou de desfastio (nos dois sentidos). A felicidade íntima é o pilar-mor de sustentação deste e de qualquer projeto de renovação pessoal, mesmo em meio a um complexo de pretensões contrárias ou incompreensivas, inclusive do próprio cérebro.
 

Quando jejuardes, não vos mostreis contristrados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” – Jesus, citado por Mateus, 6:16-18.
 
Enfim, não importando o ritmo que impomos frente às requisições em nosso derredor, só não podemos é desatentar para a meta, que é o fim do jejum no tempo programado.
 
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A superdominância do maior (mente superior) sobre o menor (mente cerebral) deve ser permanente durante toda a cirurgia fisiocitológica promovida pelo jejum. Tal postura de controle sobre os vários órgãos e sobre as várias mentes do corpo vinda de cima, ou melhor, de várias cimas, é o alimento ideal para reduzir ou anular eventuais cobranças e clamores da mente cerebral, da mente intestinal e da mente celular. Estas, em princípio, são ignorantes sobre a importância do que está acontecendo, do que precisa acontecer consigo mesmas e com todo o contêiner psicobiofísico.
A superdominância, entretanto, jamais deve se confundir com tortura psíquica nem com tensão enfrentadora sobre o corpo. A superdominância é, antes de tudo, gestos de carinho, de afago e de amor continuado sobre o próprio corpo, como autopasses mentais fluídicos, principalmente sobre os órgãos diretamente envolvidos com o processo e que são os centros nervosos de toda a estrutura (cérebro, intestino, fígado, pâncreas, rins e sangue). É melhor vencer pelo amor do que pela subjugação dolorosa e intimidatória. Querer vencer o próprio corpo “na tora” pode gerar a revolta deste. E este, revoltado, pode exigir um sacrifício muito maior da inteligência estratégica da mente superior ou pode mesmo contribuir fortemente para o abortamento antecipado do processo, com, o que é pior, o irrompimento de disorexias anulantes dos eventuais benefícios eventualmente já adquiridos durante o processo. Perdeu-se tempo e até comprometeu-se mais ainda a saúde física como um todo, por falta de habilidade gerencial e de inteligência, mais diplomática do que bélica, sobre suas mentes orgânicas.
 
Nas primeiras experiências do jejum, e enquanto o cérebro não pega o jeito da coisa, é bom a mente superior tentar impor o ritmo de jogo, mas sempre com alguma precaução e prevenção de medidas urgentes, caso a pressão cerebral se torne insuportável ao ponto de forçar uma decisão da mente superior de interromper o jejum antes do prazo marcado. Para esta indesejável, remota, porém real hipótese, deve-se, por exemplo, já ter à disposição o alimento previsto para quebrar o jejum após seu encerramento. É comum o jejum ainda não habituado ser interrompido à noite. Se o jejuador já não tiver a alimentação prevista para o pós-jejum, corre o risco de ter de comer qualquer alimento indevido ou até perigoso. A ideia que se deve fixar não é a de que houve recaída, mas, sim, uma simples interrupção do processo. Não houve derrota. Houve um ensaio, um aquecimento, para da próxima vez se chegar até o fim do objetivo. A decisão de interromper não foi da mente cerebral. Foi da mente superior, ainda que atendendo a pressão da mente cerebral. Foi uma interrupção estratégica, para voltar na próxima semana, com tudo. Porém, o que o corpo químico realizou até o momento da cessação antecipada do jejum há de ficar registrado e há de beneficiar todo o organismo. Depois de um processo jejunal, mesmo abortado no meio do caminho, nunca mais o corpo volta a ser o que era. E sempre oferece melhores condições físicas e químicas para se ter uma vida melhor. Depende do direcionamento que será dado a essas condições daí por diante e depende especialmente da forma de sua interrupção. Esta deve ser em condições mínimas de segurança alimentar, idealmente com os alimentos previstos para o pós-jejum imediato ou, pelo menos, com alimentos frugais ou vegetais líquidos, que devem ser sorvidos calmamente, ou com frutas ou verduras, que devem ser mastigadas em igual ritmo.
Alternativamente, se se quiser mesmo interromper o jejum de água, deve-se alimentar, pelo restante do tempo previsto, apenas de chás, preferentemente dentre os relaxantes (“erva-cidreira, lúpulo, lavanda, groselha, valeriana, verônica, sálvia, funcho, alecrim, erva-de-aveia, chave-do-céu, barba de milho”, segundo lista do jejunista Dr. Rudiger Dahlke). Eles estimulam também o sono. Assim, de fato, não se interrompe o jejum, mas apenas muda-se-lhe o tipo, de hidrojejum para jejum de chás. Tende-se a relaxar, com esse “sossega-leão” neural, que deve ser repetido, se necessário, até altas horas ou até se cair nos braços de morfeu.
 
Quanto mais se repete a experiência tentando chegar até o fim, que é a unidade de duas noites ladeando um dia (trinta e seis horas), só com água, tanto mais próximo se vai chegando da perfeição, ou seja, do fim do hidrojejum no tempo previsto. Se se puder já vencer essa meta na primeira experiência e daí por diante, tanto melhor.
Mas, os melhores benefícios com o processo advêm normalmente com o correr das semanas e dos meses, juntamente com a observância de outras práticas higiênicas sustentadoras do processo, como principalmente a reforma nutricional ampla e naturalizante. Doravante, dê-se ênfase a frutas, verduras e alimentos fibrosos nas refeições do dia a dia. Suspendam-se ou reduzam-se drasticamente, pseudoalimentos industrializados (pela via traqueal) e substâncias tóxicas de origem emocional e espiritual (pela via neural). Com isso, é só alegria progressiva, é só uma saúde cada vez mais ferrosa!
 
Mas, atenção! O fato de se saber que já existe um alimento guardado para o fim, não deve servir de estímulo para a interrupção do jejum, mas, sim, apenas como segurança. O verdadeiro estímulo é a esperança e a vontade pujante de atingir a meta, que é a conclusão do jujum, com ou sem contrapressão cerebral, com ou sem um quebra-jejum já reservado no armário de mantimentos.
Seja como for, chegando ou não chegando nas primeiras tentativas, o que não se pode é desistir de tentar sempre, até o acostumamento orgânico.
A meta pontual é se chegar ao fim do jejum a cada tentativa, simplesmente, tendo a certeza de que essa experiência está contribuindo para uma melhoria geral de suas pequenas mazelas e incômodos físicos ou químicos, a curto, médio e longo prazos.
A meta linear é se fazer do jejum um sistema de vida.
E a meta maior do jejum é contribuir para viabilizar e sustentar a saúde, a força e a vitalidade do jejuador, em vários níveis, até altas idades, ou melhor ainda, até o último suspiro pulmonar.
Entretanto, a meta de chegar ao fim de um jejum pode mediar uma meta bem prática e igualmente interessante, qual seja, subir na balança, após as trinta e seis horas e ver-se um quilograma menos pesado..
 


 
Como todo processo é uma preparação para outro processo, para garantir melhores resultados com o jejum, é de bom tom renunciar a algumas substâncias viciantes do cérebro, como o café. Geralmente para os cafólatras, o dia do jejum tem que vencer o incômodo da dor de cabeça matinal pela ausência da assídua cafeína. Mas há quem não sinta nada, quando o acúmulo de cafeína no organismo já é tão grande, que o cérebro nem percebe a sua não ingestão por um dia, só vindo a se manifestar dolorosamente a partir do dia seguinte, se for o caso.
 
É importante, mas não obrigatório, estabelecer, observar, alterar, acrescentar, substituir, adaptar ou extinguir metas intermediárias ou microprocessos adjuvantes, para melhor garantir o êxito e a completa perfeição do jejum.
Criar, previamente, uma agenda de compromissos consigo mesmo ou um cronograma de metas, para melhor viabilizar a grande meta, pode ser interessante, desde, contudo, que não avexem o cérebro, que precisa mais de mimos do que de pressões neuronais. [Mas o cérebro precisa estar muito ciente, de forma bem clara, de que quem está no controle é a mente superior e que ele precisa e deve colaborar para o atingimento da grande meta, ou então ficar quietinho só observando o trabalho da mente química.] Por exemplo, marcar um bom livro para ler, prever visitas a parentes, amigos, museus etc e agendar a escuta de músicas clássicas podem ser de bom auxílio para distrair e relaxar a mente cerebral. Esses programas são um bom mimo para o cérebro, se suaves e relaxantes. Mas, se tiver de mudar ou anular alguma dessas programações, que o faça sem constrangimento. O que não pode ser mudado é o caminho geral para a grande meta, que é a conclusão do jejum, quer se passe o dia em contatos interativos, quer se passe o dia enrolado no lençol (excetuando a ingestão de água e a hora da caminhada, que fazem parte obrigatória do processo principal).
 

 

 
Deve-se beber muita água, no mínimo dois litros durante a estado de vigília (o período em que se fica acordado entre as duas noites das trinta e seis horas).
A água potencializa ainda mais os resultados do trabalho do corpo químico durante a limpeza jejunal. Por isso, ela deve ser pura, bem filtrada ou mineral.
Ao primeiro incômodo gastrointestinal ou à primeira assim chamada “pontada de fome”, deve-se tomar logo um bom copo d’ água, em goladas sucesivas. Logo, logo, passa o mal-estar.
Chega o momento, normalmente a partir do meio-dia, em que se entra num estado de paz espiritual e de anestesia física, com a primeira grande injeção de cetona na corrente sanguínea. Essa cetona são os corpos cetogênicos advindos da autoqueima de gordura mole ou subcutânea para alimentar o sangue. Este, sim, é que não pode passar fome. O neocórtex então deixa de emitir eventuais sinais de incômodo gástico e o cérebro intestinal deixa de produzir eventuais espasmos, porque não percebem nenhuma inanição corporal. Eles decifram a mensagem da saciedade sanguínea com a saciedade estomacal e, então, pega o jeito da coisa, facilitando o prosseguimento do processo jejunal. E aí, entra-se num estado pré-alfa psicofísico, enquanto vai-se bebendo água em intervalos regulares, até a hora de voltar a dormir, para encerrar o jejum na manhã do dia seguinte.
 
Contudo, deve-se evitar beber água compulsivamente como busca desesperada para aplacar a ansiedade ou os eventuais incômodos psíquicos ou físicos, para evitar, inclusive embrulhamento do estômago. Deve-se beber muita água, mas de acordo com uma certa demanda natural do organismo, combinada com as horas do dia, com ênfase talvez para os horários costumeiros das refeições principais, e sempre de maneira consciente.
A menos que seja para combater eventuais incômodos gástricos, a água deve ser sorvida suavemente... com sobriedade..., com mini-intervalos para respiração entre um gole e outro.
Mas, o mais importante é tentar beber da “água da vida”, ou seja, alimentar o espírito com a fé e nutrir os órgãos do aparelho digestório com energias positivas e com pensamentos tranquilos e sustentadores.
O jejum é um processo físico, químico e mental. A melhor qualidade de seus resultados depende basicamente da qualidade dos alimentos espirituais que nutrem o soma, especialmente a crença de que tudo vai dar certo. No corredor da história das curas em geral, a crença dos pacientes tem ajudado muito mais para a ocorrência dos chamados milagres da medicina do que os bisturis, remédios e fórmulas farmacêuticas. A crença na eficiência dos trabalhos da Dra. Natureza durante o jejum pode surtir os mesmos efeitos.
 
Para potencializar os resultados do jejum, até a água deve ser energizada com pensamentos positivos direcionados, antes e durante sua ingestão. É uma espécie de fluidificação, que contribui, inclusive, para um rearranjamento molecular e para uma fractalização do precioso líquido em favor de todos os corpos do ser e da maior eficiência do processo jejunal.
Obs.: Preferentemente, a água não deve ser do tipo gaseificada (com gás) e deve estar numa temperatura ambiente ou apenas levemente mais resfriada, nunca gelada.
 


 
O melhor quebra-jejum matinal depois de um jejum, seja curto, como o recomendado por este opúsculo, ou longo, como o utilizado para tratamentos mais profundos, é laranjada, repolhada cozida ou suco de uva ralo. Ajudam a terminar de tirar o resto de sujeiras encaminhadas para o portal de saída (intestino grosso). E para se estender os efeitos benfazejos do jejum pelo resto da semana, todo o dia seguinte a ele deve ser de alimentos frugais ou de verduras, para evitar a infestação de novas sujidades e uma cinorexia anulante dos benefícios de todo o processo.
Registre-se em ata que a cinorexia ou fome canina pós-desintoxicação não decorre de eventual privação de alimentos macro ou micronutritivos. O que ocorre é que, com a desintoxicação, as células perdem principalmente águas e gorduras supérfluas, toxinas e sujeiras que, em si, não têm função vital, mas que funcionam como microparasitas pseudossustentadores para as células e glândulas. Quando estas, como hospedeiras, perdem os hóspedes com a lavagem profunda, especialmente a promovida pelo jejum, então qualquer substância poluente que reentra no organismo, mesmo em quantidade mínima, reacende a vontade lancinante das células e glândulas de serem (pseudo)felizes novamente. Afinal, elas ainda estão na crise de saudade das porcarias que foram embora. Estão carentes. E, por outro lado, uma das fugas dos carentes é comer, comer. O famoso “bichinho do come-come” é antes de tudo um ser carente e nervoso.
 
Após a reprogramação neurogenética resultante de um processo curativo que incluiu uma profunda desintoxicação do organismo, inclusive do cérebro, não se pode mais voltar ao pecado que degenerou em doença teoricamente mortífera.
Ao mesmo tempo em que o renovado corpo se refortalece pelos recursos da sua própria natureza, ele também perde bastante a imunidade em relação às substâncias agressoras que antes aceitava sem maiores baques. Agora, ele está frágil em relação aos venenos que outrora lhe apraziam e viciavam. Sua tendência agora é rejeitar, às vezes de forma agressiva, as substâncias antes naturalizadas e agora de novo estranhas, pelo menos em princípio e a princípio.
 
Por isso, após a desintoxicação, seja por que processo for, deve-se alimentar com alimentos os mais saudáveis e livres de toxinas e micropoluentes possíveis, para que as células e glândulas se acostumem com os novos hóspedes, que são mais saudáveis e contribuintes para uma nova qualidade de vida orgânica e mental de todo o ser.
 
Eis por que, após uma desintoxicação ampla e profunda, não se deve voltar mais aos padrões errados de alimentação nem a intoxicações danosas à saúde em geral. Num corpo limpo as sujeiras e toxinas se impregnam muito mais depressa e profundamente do que num organismo já sujo, pondo em risco mais premente a saúde e fazendo voltar a situações piores do que antes da intraducha.
 
Como todo inteligente nutricional ou dietêuta responsável por suas qualidades de vida nutricional e física, o jejuador deve evitar alimentos carregadamente tóxicos e sujos, para que as células não voltem a pecar hospedando microssubstâncias danosas à saúde de todo o ser e não anulem os benefícios da microlimpeza hebdomadária. Já serve como uma prepreparação para a próxima experiência jejunal, para o próximo encontro marcado com Deus, através de seu próprio organismo.
 
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Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 20/04/2011
Reeditado em 11/02/2012
Código do texto: T2919881
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