A enigmática face da solidão

Solidão, um estado ou uma circunstância?

Quando concordamos que solidão é o sentimento de profunda sensação de vazio e isolamento, pensamos no estado, porém se o tratarmos como o fato de querermos mais do que companhia para qualquer atividade, porque buscamos o isolamento em busca de transformação, pensamos nas circunstâncias.

A solidão é transformadora, ninguém passa por ela sem sofrer seus efeitos. Provoca, sem que queiramos, o festivo e amargo encontro com nós mesmos e nossa crítica consciência.

Para Henry David Thoreau são momentos de aconchego: "Jamais encontrei companheiro que me fosse mais companheiro que a solidão."

Para Gustave Flaubert a dimensão: "Por mais que digamos, as recordações não povoam a nossa solidão; pelo contrário, aumentam-na."

Que faria, nesses momentos, Benjamin Franklin? "Livros e solidão: eis o meu elemento."

Condessa Diane e sua escolha: "A solidão é um deserto que cada um povoa à sua vontade."

A chama em Henri Lacordaire "É a solidão que inspira os poetas, cria os artistas e anima o gênio."

E nossa inconstância em Gertrude Stein: "Quando estão sozinhos querem estar acompanhados, e quando estão acompanhados querem estar sozinhos. Isso faz parte de ser humano."

Ora, quem melhor para descrever nossos sentimentos e falar de nossas almas se não nós mesmos?

A solidão nos permite ouvir nossa voz interior. Sábia, orientadora, agradável, amarga e também cáustica. Voz que o silêncio do retiro privilegia a audição.

Solidão que acentua os defeitos e as qualidades. Que aflora o medo e atiça a criatividade. Criadora da arte dos fantasmas e dos fantasmas da arte.

Da pílula ao copo. Para dormir, para esquecer, para lembrar. Festejar!

No palco da vida, a existência pinta em cada rosto a marca da solidão, com as cores de seus amores e suas dores. Uma ruga na testa, preocupação, no canto da boca, desaprovação, no sorriso largo, satisfação!

Assoberbados, a procuramos: "O mais eficaz remédio para um cérebro convulsionado é a solidão."- Camilo Castelo Branco,

Poder para uns: "Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite." - Clarisse Lispector

Para outros a fragilidade: "Que importa morar aqui ou lá, quando se descobre que se está sozinho em qualquer lugar?" - Débora Bötcher.

Os sábios homens, em sua solidão, aprendem com os homens sábios. No tempo que o tempo dá, na solidão que o tempo tem.

Aprendemos com a força e a racionalidade de Arthur Schopenhauer: "A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais."

Aprendemos com a fragilidade e romantismo de Vinícius de Morais: "Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão."

Solidão para alguns é a falta de companhia, para outros falta de identificação, compreensão ou compaixão.

Por que definí-la?

Por que sim e por que não! Há sim ou não a razão?

Na densa cidade, nas ruas abarrotadas, a solidão que traz a depressão é mais intensa do que o companheirismo dos corpos que se encontram em compressão.

Podemos, como defendia Jean Paul Sartre, encontrar um significado dentro do isolamento e do vazio do universo, ou criar um universo e dar um sentido ao vazio da condição humana com o maior dom que nos foi dado: O livre-arbítrio.

Um brinde à minha solidão: li, refleti, concordei , discordei, escrevi!

Minha solidão me apresentou à você que acabou de ler!

Obrigado pelo prazer de sua companhia.

Ah, essa enigmática face da solidão!

Ivan Postigo

Diretor de Gestão Empresarial

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Twitter: @ivanpostigo

Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.

Ivan Postigo
Enviado por Ivan Postigo em 10/04/2011
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