Face a Face

Quero usar toda imaginação para esfacelar, diluir tudo que há em mim. Vejo uma sala de cristal em reflexos múltiplos, e que vez em quando enganam meus sentidos e dimensão á qual estou... Vago por paredes gélidas com salas cúbicas, sem poder dimensionar meus horizontes. Demonstrar compreensão e ser esmagado por si mesmo, sufocado pela ânsia de fazer soltar, desprender, romper algemas de um corpo entregue aos desejos de liberdade. Fazer entender que alem de mim mesmo há um céu de certezas. O mundo caminha tranquilamente. Dias e noites intermináveis. Vejo pessoas que transitam pelas ruas, de onde estou vejo um espectro, um mundo o qual faço parte. ”Eu sei” nada me tira a razão, afinal é um mundo leal.

A boa virtude é santa morada, seja um homem de bem e estará a caminho do céu. Agora os quartos se alongam e pareço estar no céu... Vejo sobre as cabeças dos homens dotados de bondade... Quantos templos... Oh!! Deus!! Quantos irmãos em um mesmo lar abençoado... Hoje somos todos irmãos diante do ritual de irmandade e confraternização... Pois os horizontes se ampliam agora sou um ser angelical. Alem do portal o mundo volta ao normal... Queira eu fazer parar, diluir, expurgar tamanho desejo da carne... e dar alimento aos pobres no espírito que vem ao encontro.

As águas caem das nuvens que oprimidas libertam-se de cargas negativas e carregadas... Voltam a correr livremente para os rios e mares, abandonam alturas e como nos seres equilibrados, possuem a terra. Eu posso sentir em meu ser, libertar lagrimas que brotam de dentro... Para compor a poça, o rio, os mares... Anseio pela cura. Quando diante dos iguais, não os julgo, não os condeno, não os roubo... Não os calunio. Apenas os recebo como irmãos, que como nos mesmos nada sabemos e nada possuímos. Ou sim? O espectro revela a possibilidade de dimensões múltiplas da luz sobre trevas. Assim a nova era abre-nos os portais do entendimento. Mas o peso da carne me ampara... Como é bom viver... Saciar o desejo embutido dentro de uma carapaça. Não! Não quero abandonar o prazer e volúpia... Quero gozar! Gozar... Em êxtase... Pequenos mais êxtases... Momentâneos, mas prazer. O que quero afinal? Ainda ontem era um jovem inocente sem pecado, em pequenos transes contemplava o tempo... Pequeno aprendiz... Braço estendido dedos unidos parecia tocar o espelho do tempo, palavras e linguagem desconhecida fluíam dos lábios trêmulos. O fruto não se perdeu, os pássaros se encarregam em semear longas e distantes paragens... Profetas e arautos cumprem a missão sobre a terra... Os templos continuarão trazer a verdade sobre os homens e santos.

Alem do portal vejo que o céu esta azul com poucas nuvens, frio como um enorme bloco de gelo sob reflexo do mar. Cortinas e janelas não impedem de ver... Sinto o frio gelar os ossos, não posso mais fugir. Os quartos agora parecem blocos de granitos, pedras gélidas, e sinto comprimir meu corpo, posso ouvir o som das ondas contra as paredes do rochedo. Olho da torre por uma fresta entre blocos de pedra, e fecho os olhos imagino voar... Voar! Sinto a brisa... O sol... O gosto salino do mar... O céu azul... E grito! Grito!! Liberto... liberto!!

Um som quebrando o silêncio me traz de volta... O barulho tira minha concentração, corro para atender e derrubo o celular que estava ao lado muito próximo, acabo por dar um chute atirando-o debaixo da mesa... Fico apreensivo e não sei o que fazer em primeiro lugar.. O som do interfone quebra fortemente o silencio... A pessoa resolve ligar no celular, pelo motivo de ainda não ter atendido... Acabo por ficar entre duas chamadas. Com isso faço a passagem de volta, após isso tenho outras ocupações que me traz de volta ao real. Retorno dos confins do tempo, e a sensação de cruzar mais uma vez a dimensão do pensamento me põem em questão... A realidade vale apena. O sonho ainda mais... A ilusão vale quando se tem coragem de ver os aspectos de um mundo real... E fazer dessa ilusão um verdadeiro encontro, não círculos fechado... Onde os interesses próprios são de quem nos diz a verdade.

Quem estava no outro lado da linha? O cobrador dos impostos.

jrobertomxnomvm
Enviado por jrobertomxnomvm em 25/03/2011
Reeditado em 25/08/2012
Código do texto: T2870465
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