A Individualidade Social

A INDIVIDUALIDADE SOCIAL

Decisões individuais acarretam conseqüências sociais

que são recebidas e sentidas por outras pessoas. Não

temos a noção de que nossos atos, os mais ínfimos ou

inocentes que possam parecer, acabam gerando

conseqüências enormes e terríveis em outras pessoas. A

vida individual em sociedade gera uma realidade idêntica

à teoria do caos, onde, sinteticamente falando, os

comportamentos casuais ou aleatórios - no sentido de

nossa idéia os relacionamentos sociais - são

governados por leis e estas podem predizer dois

resultados para uma entrada de dados (ou ações). O

primeiro resultado é uma resposta ordenada, cujo

futuro dos eventos ocorre dentro das margens

estatísticas de erros previsíveis. O segundo é também

uma resposta ordenada; porém, sua resultante futura é

caótica. Ocorre uma contradição em um determinado

ponto que gera esse resultado incomparável.

A guisa de exemplo podemos citar as ondas que se

formam em uma piscina quando jogamos uma pedra. As

ondas que se criarão serão previsíveis e perfeitas.

Mas, se no fundo da piscina, houver uma camada de

areia finíssima, a evolução dessas ondas também irão

repercutir nessa areia. Serão caóticos os resultados,

uma vez que não há uma interação direta com as ondas

superficiais, mas seguirão um padrão em seu movimento.

Se analisarmos abstratamente a relação humana veremos

que a teoria do caos se enquadra perfeitamente nela. O

fato de um ser humano escolher levar uma vida regrada,

se formar, trabalhar, casar, ter filhos, viver uma

vida calma e tranqüila resulta em uma vivência em

sociedade dentro dos padrões. (ele pagará impostos,

impulsionara a economia, gerara filhos, etc.). Porém, a

simples razão dele assim agir também gera um resultado

caótico e sem previsão referente ao restante da

sociedade. Ele se enquadrará no meio em que escolheu

viver? Como se sentem aqueles que estão abaixo ou

acima do seu padrão de vida? O futuro, que num

primeiro momento resulta em um padrão normal, acaba se

tornando caótico se refletido à luz da sociedade. Ou

seja, a individualidade gera um caos infinito nos

demais membros e divisões sociais.

A individualidade é inerente ao homem. Porém, ela não

é única. É formada por uma superposição de sentimentos

e anseios, positivos e negativos, que vão se

acumulando, se auto-rejeitando ou se realocando dentro

de uma personalidade sempre moldável até que barra num

ponto de saturação. Isso ocorre quando o homem já não

se sente sensível a determinadas causas e efeitos

exteriores e interiores. Ele dá, de forma autoritária

e preconceituosa, por encerrado o seu estado de

evolução. Nada mais lhe importa. Nada mais lhe diz

respeito. Cria dentro de si mesmo a idéia de que não

tem mais nada para apreender nem ensinar. Esta

saturação da personalidade também causa o caos, pois o

fato de não haver movimento social - este indivíduo se

torna estável, intransigente e insensível a qualquer

mudança em relação á sociedade, também implica em um

resultado diferente daquele previsível. Embora

saibamos que não podemos contar com ele, sua presença

se faz insofismável. E, portanto deverá ser

contabilizado, ou socializado, em uma sociedade.

Além da inércia dogmática acima descrita, a

individualidade plural, ou seja, aquela que se adapta

a várias situações, também cria um caos intangível

dentro da sociedade. Tem-se assim um indivíduo sem

padrões pré-definidos, que se contradiz em si mesmo

constantemente, e se recolhe dentro dessa sua

interioridade exteriorizada, quer dizer, das suas

concepções baseadas nas concepções dos outros. Este

indivíduo, ao que, lembrado a teoria do caos, pode ser

denominado por uns como atencioso, prestativo,

dinâmico e sociável, num segundo resultado torna-se um

ser desprezível, apático e ineficiente, pois não

constrói nenhum paradigma social, não introduz

conceitos, apenas serve.

Visto assim, podemos concluir que a individualidade é

uma dialética constante, onde a demonstração de uma

faceta de uma determinada personalidade incide em dois

tipos de resultado: o óbvio (uma pessoa feliz sempre

irá sorrir quando estiver presente em momentos

felizes) e o caótico ( e procurará se eximir de tomar

partido em situações tristes, deixando assim de agir

quando for necessária sua participação).

Pluralidades não devem ser postas sem necessidade.

A natureza é econômica, isto é, sempre quando houver

dois caminhos que levam à verdade, vale o mais

simples.

Pois, se nem a matemática é exata, o que se falar da

natureza humana...