O PROBLEMA CRÍTICO: O RACIONALISMO versus O EMPIRISMO, A SÍNTESE À PRIORI E O SEU FUNDAMENTO
O PROBLEMA CRÍTICO: O RACIONALISMO versus O EMPIRISMO, A SÍNTESE À PRIORI E O SEU FUNDAMENTO
Leandro Freitas Menezes
Resumo: Pretende-se apresentar o embate filosófico divergente entre os racionalistas, os quais defendem que todo o conhecimento é racional, e os empiristas, que todo o conhecimento é oriundo da experiência. Defende-se, no entanto, que em se tratando da construção de conhecimento, tais pontos de vista não divergem, mas convergem e são interdependentes. Nesse sentido, a utilização da teoria de Emmanuel Kant (1724-1804), “A síntese à priori” fundamentou a defesa dessa tese.
Palavras Chave: Conhecimento; racionalismo; empirismo; Síntese à priori
Abstract: The philosophical divergent crash is intended to present between the rationalists, who defend that all the knowledge is rational, and the empiristas, that all the knowledge is originating from the experience. One defends, however, that in treating the construction of knowledge, such points of view do not diverge, but they converge and are interdependent. On this sense, the use of the theory of Emmanuel Kant (1724-1804), “The synthesis beforehand” based the defense of this theory.
Key-wolrds: Knowledge; rationalism; empiricism; Synthesis beforehand
Os racionalistas defendiam que todo conhecimento existente provinha da especulação racional. Já os empiristas diziam que ele provinha da experiência sensível. O objetivo do racionalismo era chegar à verdade por meio da razão e o empirismo por meio da experiência. Embora se evidencie o embate entre essas duas correntes do pensamento, Emmanuel Kant (1724-1804) afirma que não existe condição de se chegar à verdade se não através da experiência e da razão, e, é claro, a transcendência do pensamento que ele chama de “sintese à priori”. O filósofo considerou isso a verdade por meio do qual julgará as duas correntes.
Ao se analisar o pensamento de René (1596-1650) Descartes nota-se ser a dúvida o ponto central para chegar à verdade. Porque o “Penso logo existo”, estabeleceu algumas certezas como por exemplo, sua própria existência e a de Deus como verdade absoluta que move e guia todos os seres. Ora! Segundo Kant, como seria possível duvidar da existência de um objeto apenas pela especulação racional? Os sentidos, com os quais se apreende o objeto, podem ser enganosos mais são eles que trazem dados necessários ao analista, para através do pensamento se formular conceitos sobre esse ou aquele objeto. Assim, se a análise dele for apenas por via do pensamento racional não seria acrescentada nenhuma informação nova, porque não estaria me apoiando propriamente no objeto, mas no pensamento universal para esclarecê-lo. Isso, Kant chama de “Juízo analítico à priori”.
Para Francis Bacon (1561-1626), a verdade recria a concretização do pensamento, ou seja, um pensamento que faz, que produz algo em benefício da humanidade. Para tanto seria necessário abandonar certas ideologias que carregam o pensamento e impedem de se chegar a essa verdade. Isso também é uma crítica ao pensamento tradicional. É válido o pensamento de se produzir para o bem comum. Contudo, como se poderia produzir algo excluindo conhecimentos necessários que compuserem um conjunto de saberes universais? Como se poderia sem o pensamento universal explicar e esclarecer algo? Com isso, retoma-se mais uma vez o pensamento kantiano: o conhecimento racional se soma ao empírico.
Hobbes como empirista, pensou no homem com uma máquina, ou seja, de forma mecanicista. O homem guiado por forças externas, pelo extinto. Ele é o que vai ao mundo experimenta, guarda a experiência e formula um raciocínio. Todavia, Hobbes acentuou quando formulou sua teoria: o corpo é separado da mente e o conhecimento só pode ser concebido por meio da sensibilidade. Realmente a experiência sensível é muito importante para compor o conhecimento intelectual, para extrair algo de novo sobre um dado objeto. Mas espere, sob o olhar kantiano pode-se detectar dois erros: 1) corpo e da mente não podem ser separados, porque corpo e mente estão ligados ao conceito de racionalidade, e, sendo assim, ambos contribuirão para o alcance do conhecimento; 2) O outro erro foi o de colocar a experiência sensível como fator determinante do conhecimento, porque não é o objeto que leva ou induz o analista a formular um conceito. Ou seja, são as forças externas do mundo objetivo que guiam o, mas sim, sua subjetividade.
David Hume (1711-1776) em sua teoria afirmou que o homem é um ser totalmente sensitivo. Recebem-se impressões e ideias do mundo exterior através dos nossos órgãos do sentido, embora as impressões sejam mais fortes que as ideias, as duas são dependentes. Ele diz que nada se conhece acerca da essência das coisas. Isso torna frágil a ideia de causa. Por exemplo, uma sensação que tive me causou uma impressão, porém, antes de tê-la nem sabia que ela existia. Assim, como posso afirmar que todas as outras experiências do mesmo caráter pela qual o analista passará poderão causá-lo a mesma impressão. Dessa forma, não foi a causa da experiência que me trouxe essa impressão, mas sim, o efeito produzido por ela. Assim pouco importa para ele se essas impressões e ideias são certas ou erradas, todavia, o importante é o prazer proporcionado pela experiência. Como já dito, não é o objeto que leva o analista a formular um conceito, mas sim a subjetividade. Por conseguinte, a experiência leva-o apenas a síntese a posteriori, muito importante para se obter informações novas sobre o objeto. Por toda essa discussão a respeito de Hume, pode-se dizer que a teoria de não haver causa, promove uma estaguinação na evolução do pensamento e, isso, nada mais é do que uma desculpa de Hume para não alcançar a verdade.
Para Kant, a “Síntese à priori” é uma verdade irrefutável, é algo estabelecido antes de qualquer experiência. Tal conceito estabelecido por Kant, diz respeito à junção de outros dois: no primeiro, o juízo sintético que é a priori, ligado ao racionalismo, o cientista analisa o objeto a partir daquilo que ele conhece sobre o objeto. Tais juízos com os quais o objeto é analisado são universais e necessários, porém, segundo o filósofo não acrescentam nada de novo, ou seja, não fazem a ciência caminhar. O segundo, o juízo sintético, acrescenta um conhecimento novo quando o objeto é analisado. Todavia, por serem juízos experimentais e, por conseguinte, a posteriori, não podem ser utilizados pela ciência porque não são universais e necessários. Por tudo isso, entende-se que a junção desses dois conceitos em um foi uma “jogada de mestre”, pois anteriormente ele notou a existência de uma incógnita quando se está diante de um objeto e o intelecto crê ter formulado um conceito fora do objeto e estranho a ele até então. Aqui, pode-se compreender que este novo conceito foi oriundo daquilo que o analista já conhecia do objeto por meio dos juízos universais (a priori) e também por meio do intelecto, razão pela qual foi gerada a incógnita “X” já que é um conhecimento totalmente novo.
Kant achou a solução para essa incógnita a qual chamou de “Revolução copernicana”. O filósofo faz alusão à descoberta de Copérnico o qual notou que o pensamento imposto pela Igreja de que o sol girava ao redor do planeta terra deixava muitos fatos sem explicação. Dessa forma tão logo ele trocou a ordem dos fatos, tais incógnitas puderam ser explicadas. Assim como Copérnico, Kant também trocou a ordem do que estava estabelecido: na busca pelo conhecimento científico era homem que girava em torno do objeto procurando conhecer suas leis, todavia, para ele, é o objeto que vira em torno do homem que, ao ser conhecido por este, adapta-se a suas leis. Com isso, pode-se dizes que Kant estabelecer os limites do pensamento, porque dizia ele: nossos sentidos são limitados e, por conseguinte, por meio dele não se pode apreender totalmente o objeto em sua essência. Isso porque acredita que o homem é parte do divino (Deus) e, como parte, sofre tais limitações. Com efeito, tais leis, ditas acima, as quais o objeto adéqua-se são categorias ou juízos com os quais o homem julga, ou seja, Kant instituiu um tribunal da razão.
Nota-se, portanto, que o “juízo sintético à priori” de Kant resolve o impasse existente entre os racionalistas e os empiristas, pois une essas duas perspectivas, mostrando que o conhecimento do objeto não pode acontecer separados do corpo e da mente por haver entre estes uma interdependência.
Referências
KANT, E. Crítica da razão pura. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
GEORGES, P. Compreender Kant. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
REALE, G. & ANTISERI, D. História da filosofia. São Paulo: Paulus, 2003.
Esse ensaio deve ser citado no seguinte formato:
MENEZES, L. F. O problema crítico: o racionalismo versus o empirismo, a síntese à priori e o seu fundamento. Revista virtual Partes. Cidade, v. 00, n. 00, p. 00, maio/ago. 2011. Disponível em: (site). Acesso em 4 de maio de 2011.