Minha Infância, numa dimensão paralela, não muito longe daqui!
Eu vivi minha infância toda na década de oitenta, posto que nasci exatamente em 1980. Naquela época, que segundo meu filho de cinco anos, “já” existiam os dinossauros, não havia internet e eu nunca me senti sem nada pra fazer por causa disso! Muito pelo contrário, a cada dia eu vivia algo diferente, eu fui de princesa encantada presa numa torre à gangster do velho oeste! Computador era uma coisa alienígena que eu via somente quando ia à casa de um primo, que trabalhava com isso. Vídeo Game eu tinha, um Atari, com um joystick gigantesco, quase maior que eu! A imagem era horrível, e o único jogo que eu me lembro, era do Pac Man, em preto e branco. Mas eu amava!
Fotografia era algo quase que sobrenatural! Tirávamos filmes inteiros de fotos, de tudo que é ângulo e pose e ficávamos dias na expectativa de as fotos terem ficado boas. Quando a revelação estava pronta, a decepção de algumas fotos queimadas, a risada das caretas que saiam. Mas descartar fotos era uma coisa que não se imaginava fazer, pois afinal, custava dinheiro!
Nas festas de aniversário tocava música de criança. Balão Mágico, Xuxa (que eu odiava, pois tirou o Balão Mágico do ar), Trem da Alegria. Créu era palavra inexistente naquela época, imagina que uma criança iria cantar uma coisa dessas! Era um ano de castigo! Lembro-me de ajudar minha mãe nos preparativos, enrolar os docinhos, fazíamos até os adornos da festa, tipo chapéus, copo de pipoca e outras coisas que seriam distribuídos durante a festa! Era um ritual quase sagrado. Hoje em dia é só ligar pra um Bufê e está tudo resolvido, acabou a magia!
Em dias de chuva, assistíamos à sessão da tarde, comendo pipoca com chá, preparados pela mãe ou pela vovó. E quando não tinha energia, jogávamos STOP, brincávamos de GATO MIA no escuro, e, por incrível que pareça nos divertíamos muito! Hoje uma falta de energia torna a vida das crianças impossível de acontecer!
Em dias de Sol, depois que fazíamos a tarefa da escola, era só colocar uma corda de um lado a outro da rua e pronto, a rede de vôlei estava armada e nessa, nós íamos a perder das horas, e nos transportávamos à Barcelona, à final daquelas Olimpíadas, éramos ouro! Jogávamos de pés no chão, nada de tênis anatômicos, com amortecedor de impacto e mesmo contra as estatísticas marqueteiras, nunca tivemos nenhuma deformação em nenhum lugar, éramos felizes!
Os passeios no Fiat 147 amarelo piu-piu do meu avô era algo transcendental. Íamos todos os netos, eu disse todos, fazendo a maior algazarra do mundo, sem cinto de segurança, uns de pé, outros no porta-malas e sobrevivemos! Impressionante, não é mesmo? Ficávamos de joelho, dando tchau a todos que passavam, cantando a música da formiguinha que não parava de subir e realmente sobrevivemos!
E lembrando-me de todas estas coisas é que eu pude perceber que, com certeza, era outra dimensão, onde a vida era mais simples e a inocência estava no seu devido lugar! Onde o tempo era mero detalhe, onde havia a certeza de que um príncipe encantado viria em seu cavalo branco, a procura da princesa!