Selvagem

Não me queira menina quieta acomodada...

prefiro ser a mulher ousada...sem censura...

que te curte a toda hora...

não me queira apaixonada chorosa...eu quero

ser a fêmea insana...enciumada e atrevida...

que busca por aí...que te chama...e te deseja...

Não esperes que eu sempre me repita...se quiseres

me ver de novo...volta a fita...sou cheia de novidades...

Sou chuva fina ...miúda...nas horas que estou calada...

ou me contorço em silenciosos temporais ...

Nunca me procure na superfície...

eu entrego minhas entranhas profundas...

desejando ser explorada...

sou braseiro...esperando por um sopro...

sou lenha pronta e armada...aguardando a

primeira fagulha...

Não sou uma dança morna e sem graça...

sou dança do ventre...tango

que balança agitado...

Sou erva que nasce no campo...

debaixo do sol íngreme...

suporta ventos...resiste as tempestades...

e morre com o toque das mãos...

Sou livre como os cavalos selvagens...

como os cachorros do mato...

e ágil como os felinos em mata fechada...

Sou exagero de paixão...avalanche de sentimentos...

um furacão de emoções...

sou um barco a deriva...em mar bravio...

sem leme...e sem direção...

Sou uma página a ser escrita...

um livro de texto maldito...

escritora banida...

e ainda assim... sou uma tarde que morre

de mansinho...sem deixar vestígios...

um sol que se enfia no horizonte...

e não amanhece mais...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/06/2005
Código do texto: T28300
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