Qualquer nada já vale o mundo

Hoje o tempo não andava, não sei se era ele ou se era eu

olhava pra fora de uma janela tristonha e via o dia passar

tranquilo como passa o menino que não tem nada a perder

ia mansinho, ia ventando, ia levando esse viver

e eu me encolhia, me assustava e de pronto me perguntava

de que vale essa angustia, que me deixa cega e surda

que me faz falar demais, atropelando meus iguais

já bem sei, não vale a pena, fui tentando me afastar

fui sorrindo, distraindo e fingindo que não ligo

e ai o tempo passou, voou e me carregou

já não me importa se são santos, se anjos ou demônios

se eles correm, se só andam ... se param e se encantam

vejo em mim alguém parecido com aquele tranquilo menino

alguém que sabe sorrir, que espera pra falar, que gosta de ouvir

que pode a tudo observar, alguém que se perde no tempo

que não tem mais nada a perder

pois pra quem não espera ganhar

qualquer sol já faz animar

pra quem não precisa de tudo

qualquer nada já vale o mundo

e agora eu olha a janela

e não espero ver nada por ela

vou pulá-la vou quebrá-la.. ela já não me diz nada

quero ver do outro lado, jogar pensamentos pro alto

quero subir numa árvore, jogar pedras no rio

andar sem sapatos na areia, partir naquele navio

e para os que ainda preferem julgar sentados atrás de janelas

cansados, pálidos, plácidos em suas vielas

espero apenas que se salvem a tempo

que se lembrem como é correr contra o vento

que encontrem suas crianças internas

e que as façam crescer arteiras e belas

Má Iossi
Enviado por Má Iossi em 03/02/2011
Código do texto: T2769957
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