“Em vão vigia a sentinela se DEUS não guardar a cidade!"
Finalmente descobrira que o motivo dos meus atrasos era o fato de eu ter medo de olhar para o relógio, não sei de onde essa fobia nasceu, mas se nasceu, eu quero matá-la...
Como é que pode? Independente da hora que eu me levanto, vira e mexe, lá esta eu chegando atrasado..., e como essa pergunta não se calava, mais eu pedalava em direção a estação hidrovíaria das barcas, visto que o belíssimo nascer do sol, já me denunciava com aquele clarão de cor puro sangue, cercado por ouro de todos os lados...
- Caramba! Preciso correr, se perder essa barca vou chegar atrasado de novo....
Tranquei a bicicleta no bicicletário da Prefeitura e corri para a embarcação, fiz tudo isso, sem ter me dado conta que esquecera de tirar o velocímetro da bicicleta...
- Droga! Eu sofro desses típicos atraso que só ficamos sabendo o "The End" pela boca de terceiros...
- Ah, não! E agora? Vou ter voltar?
Mesmo se eu quisesse não teria como voltar, pois a barca já estava em alto mar, e eu não sei nadar direito, logo, o primeiro pensamento me veio a cabeça:
- Já era, perdi o velocimetro.
Por esse ser um relóginho bacana e a bicicleta está estacionada em um local que passa mais de cinquenta mil pessoas diariamente, eu não teria a menor chance, pôxa, eu gosto tanto de marcar as velocidades que eu costumo percorrer...
NOTA: Pensamentos de quem tem um pé no passado do atletismo e um pé no presente dos derrotados...
Busquei um dos bancos, inclinei a minha cabeça e me acomodei, mas a minha mente não parava de pensar no “mole” que eu havia dando por causa desse corre-corre, estava tão envolto aos pensamentos que não ouvi uma voz me dizendo:
“- EM VÃO VIGIA O SENTINELA SE DEUS NÃO GUARDAR A CIDADE!"
Como? Eu não entendi o Senhor poderia repetir?
“- Em vão vigia a sentinela se DEUS não guardar a cidade!"
Dominus, meu Servo quantas vezes terei que lhe dizer que eu estou em todos os lugares? Por isso sou reconhecido como um Deus Onipresente, porque você não me pediu que guardasse o teu velocímetro? E os dias que você deixa a bicicleta no bicicletário e não me pede pra guardar, quem você acha que cuida dela, o Guarda Municipal? Você acha mesmo que é aquela corrente que você coloca entre a roda e o quadro da bicicleta que segura um ladrãoo? Homem de pouca fé.
- Mas Senhor, é que eu não pretendia lhe incomodar com isso, achei que fosse uma coisa tão pequena, que...
- Dominus, não se cai uma folha no chão em qualquer parte desse mundo que eu não tome ciência e não autorize, o meu amor pelos meus filhos é tão imenso, que assim que o seu coração entrou em aflição por conta do esquecimento do velocimetro, a minha face resplandeceu em sua direção, porque o meu movimento está sempre de acordo com as emoções daqueles que verdadeiramente me amam...
- Ah Senhor, me perdoe, francamente não tive a intenção de desfazer do Senhor, foi como eu havia dito, não imaginei que pudesse conversar com o Senhor a respeito de um simples velocímetro, mas já que estamos falando sobre isso, será que o Senhor poderia tomar conta do meu velocimetro? (rs)
- Mas e a bicicleta meu Servo? O que eu faço com ela?
- Ah! A bicicleta também, o cadeado também, toma conta de tudo Pai, por favor...
E quando dei por mim, lá estava eu, orando e pedindo pra Deus guardar a minha bicicleta e como era de se esperar desde que o mundo é mundo, o dia foi passando..., mas de vez em quando eu recebia a visita de uns pensamentos indesejáveis...
- O seu velocímetro já era... E quanto mais eu tentava não dar muita atenção, mais aquela voz insistia...
- Pode desistir, “perdeu”, o que tem de ladrãozinho naquela área, essa hora se eles não conseguiram roubar o velocímetro, no mínimo devem ter quebrado por não saberem como desencaixá-lo do guidão da bicicleta...
Vendo que estava sendo engolido pela sensação de perda, ergui a minha cabeça olhando em direção ao céu, foquei o alvo e disse:
- Olha aqui voz, sei lá de quem, não se de onde e nem por que..., quero lhe dizer, que não estou colocando o meu Deus a prova, e se na hora que eu for pegar a bicicleta o velocímetro não estiver mais no lugar, ainda assim eu darei graças, e comprarei outro velocímetro melhor, e digo mais:
Digo que se não encontrar a bicicleta, ainda assim darei graças ao meu Deus e comprarei uma moto, e se me roubarem a moto, renderei graças e comprarei um helicóptero, se me roubarem o helicóptero, renderei graças e comprarei um avião, mas enquanto você perde o seu tempo, assoprando em meus ouvidos e tentando roubar os tesouros que eu estou acumulando aqui na terra, eu vou ganhando o meu tempo rendendo graças ao meu Deus..., portanto, com velocímetro ou sem velocímetro, com bicicleta ou sem bicicleta, eu te repreendo em nome do que existe de melhor no mundo, eu te repreendo em nome de Jesus...
E a voz, assim como veio, desapareceu...
E lá estava a bicicleta com o velocímetro intacto, exatamente do jeitinho que eu deixara, a dificuldade agora era outra, era encontrar a chave dentro da mochila no meio a tantas lágrimas em perceber nitidamente o resplandecer de Deus ali ao meu lado me dizendo:
“Em vão vigia a sentinela se DEUS não guardar a cidade!
E assim foi possível entender nessa segunda-feira do vigésimo quarto dia de janeiro de dois mil e onze, que não tem seguradora que segure nada seu, sem que antes a vontade de Deus não seja feita em sua vida..., a seguradora até pode segurar o teu bem, mas não segura a tua vida, ela até pode lhe indenizar, mas você não poderá gastar o dinheiro, ela até pode garantir o conforto da sua família aqui na terra com o dinheiro indenizado, mas não garantirá nem a sua entrada no Reino de Deus ou muito menos a entrada da sua familia...
Por isso, antes de colocar qualquer coisa no seguro dos homens, aprenda que antes de qualquer coisa, você deve santificar e agradecer a Deus por mais uma de suas muitas conquistas em sua vida...
Pense nisso...