CaXiAs com as pessoas e aBsTrAtO no discurso

*Joacir Soares d’Abadia

Estas duas palavras me deixaram um tanto pensativo, ultimamente. São elas: Caxias e Abstrato. Procurei compreender o sentido delas em minha vida. Propriamente na minha relação com as pessoas. E um fato extraordinário eu pude perceber. Não se é somente Caxias quando também se é abstrato. Aliás, o ser abstrato num discurso já mostra uma rigidez frente ao que é em si mesmo, tornando a relação um tanto vazia de sentido e deixando brechas para ser uma pessoa Caxias.

Pesquisando na web, “Porque dizemos que uma pessoa é Caxias?” encontrei de forma substancial, mas com definição coesa, o seguinte “porque é muito rígida. Esse termo veio de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que foi um Comandante muito rígido”. Isso foi o que encontrei. E, com efeito, fico com esta definição historiográfica mesmo sabendo que se poderia abranger mais o significado. Até porque não gostaria de ser uma pessoa Caxias a tal ponto de poder discordar de uma coisa que eu mesmo concordo. Ufa! Isso sim seria um passo para dar mostras desta rigidez para com meu próprio querer. Oxalá agora eu tivesse um discurso menos abstrato para ao menos, por um instante, deixar de ser Caxias. Não com as pessoas ou as leis, mas para comigo mesmo.

Pudera eu neste momento acoplar essas duas palavras em minha vida! Teria aos ares tanto um “Caxias” abstrato como, do mesmo modo, um “abstrato” Caxias? Ah, se fosse!

No entanto, o ser desta ou daquela maneira expressa uma vivência. É toda uma vida. O ponto de remate é que isso não é determinante. O que pode ser determinado pela pessoa é sempre sua possibilidade de crescer e se transformar a cada dia. Em uma palestra fora dito que "Os caxias são quebradores de paradigmas. Às vezes, suas atitudes não têm como meta a promoção".

Contudo, o homem não tem a obrigação de se conformar por ser, às vezes, um pouco Caxias com as pessoas e nem mesmo acreditar que sempre será abstrato nos discursos, pois ele está continuamente em mudança. Ora é caxias, ora é abstrato. Porém, ele nunca deixa de ser pessoa por causa disso. Tudo isso, em definitivo, salienta o verdadeiro ser do homem.

Com as coisas da vida precisa-se seguir um meio termo: nem ser todo caxias e nem mesmo todo abstrato. Deve por força de necessidade ser caxias naquilo que precisa e abstrato no discurso na medida em que o mesmo lhe exige. Sem com isso, é claro, dar margem para não fazer nada certo ou mesmo não ter a clareza de um discurso, temendo um nível elevado a ponto de torná-lo utópico.

Caxias ou abstrato o homem será sempre ele mesmo quem relaciona-se consigo e com as outras coisas. Contudo, em certo sentido todos os homens são, com algumas coisas, rígidos ou não. Vai depender exclusivamente, da necessidade de sua ação. Também sendo abstrato busca mascarar sua própria rigidez dando-lhe um ar de teórico. Ou seja, o homem consegue mudar de comportamento quantas vezes for preciso. Ele depara-se com sua rigidez e tenta ser flexível, mas revolve ser abstrato. Querendo não ser tão abstrato incide em uma aspereza consigo mesmo.

Assim sendo, creio que em minha e na vida de muitos homens o ser “Caxias com as pessoas e abstrato no discurso” depende, antes de tudo, do momento presente em que se esteja vivendo, sendo difícil sustentar uma constante sensatez. Por isso, é urgente viver a vida seja como uma pessoa caxias ou como tendo um discurso abstrato.

*Pe. Joacir Soares d’Abadia, pároco de Alto Paraíso de Goiás;

autor dos livros: “Opúsculo do conhecer” (Cidadela),

“A caridade e o problema da pobreza na periferia” (Agbook) e

“A Igreja do ressuscitado” (Virtual Books)

E-mail: joacirsoares@hotmail.com

Joacir d Abadia
Enviado por Joacir d Abadia em 21/01/2011
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