CLUBE DOS DDA/TDAH

O texto abaixo é um diálogo, onde um DDA finalmente encontra alguém com paciência e interesse para tentar, eu disse tentar, entender o funcionamento da sua cabecinha:

- O termo DDA ou TDA significa Distúrbio (ou Transtorno) do Déficit de Atenção. O H significa que além do déficit de atenção ainda há a hiperatividade (sabe aquele que não para quieto pra nada?) Nem todo DDA é hiperativo fisicamente, mas o cérebro, coitado, esse sempre. Não é uma doença, apesar de ser um prato cheio, hoje em dia, para os grandes laboratórios. Seria mais um modo diferente do cérebro trabalhar, uma inadequação aos padrões ditos normais de aprendizado e comportamento. Apesar de ser chamado de déficit, na verdade o que ocorre é que sua atenção é multi-direcionada, daí a dificuldade na concentração em uma coisa de cada vez. Mas não se iludam com esse déficit, pois de bobo o DDA não tem nada...

- Ah! Eu já li qualquer coisa a respeito numa poesia, aliás, fiquei sabendo que você gosta muito de poesia:

- Eu amo poesia, mas dá licença que agora eu to falando? -

Então... o DDA tem dessas coisas: quando ele resolve falar (e quase sempre resolve) não gosta de ser interrompido. E o que é pior: vive interrompendo quem está falando, porque afinal o que ele tem a dizer é sempre mais interessante do que o que os outros estão falando (pelo menos para ele). Geralmente no ponto mais nevrálgico dos assuntos é justamente onde ele mais gosta de estar. Sabe, tocar nas feridas?

Tem o dom da contestação: se todos estão indo pra um lado, ele certamente irá para o outro, a menos que seja ele a puxar para o primeiro. Quando finalmente convence, muda bruscamente de opinião e começa tudo de novo. Isso se deve ao fato do seu cérebro ser uma parabólica giratória. Ele consegue ver todos os ângulos possíveis e imagináveis de uma só vez e odeia gente sem argumento...

Neste momento toca o telefone e é o queridíssimo Tio Gu:

- Alô? – Tio? Oh, Tio!, Agora não posso falar, me liga depois? Tiau.-

Então... o autêntico DDA gosta muito das pessoas, mas é capaz de descartar o melhor amigo se um dia amanhecer azedo, ou se simplesmente o amigo não se encaixar na proposta do seu dia. No dia seguinte, claro, não entende porque o amigo está magoado com ele. E sofre, sinceramente, com isso. O que o amigo custa a aceitar é que ele vive num mundo só seu. Milhões de conexões são feitas diariamente no seu cérebro, por isso coisas como ouvir o que o professor está falando, ou o amigo, ou a TV, ou até a mãe, é um sacrifício que ele faz só em caso de necessidade extrema. Contudo, se o assunto ou a pessoa atiçar sua imaginação, aí então, é capaz de se apaixonar imediata e profundamente, assim meio chicletão. Até a próxima paixão, claro.

Aliás, paixão é a palavra que melhor identifica um DDA. É decididamente uma alma apaixonada, seja por uma pessoa, um ideal, um trabalho, ou qualquer coisa que lhe acenda alguma fagulha. Por causa dessa auto-motivação e também por uma boa dose de perfeccionismo, aos trancos e barrancos, do seu jeito bem peculiar, acaba sempre se superando e aos outros...

- Isso me lembrou uma piada...

- Adoro piada, mas agora to sem paciência –

A eterna variação de humor é outra característica marcante do DDA. Não é à toa que a maioria desenvolve a bipolaridade, indo de um extremo à outro com uma velocidade que desnorteia quem com ele convive. Mas, o que muda é somente a qualidade da piada, porque o seu senso de humor é intrínseco, mesmo nos seus piores momentos. Se por exemplo você encontrar um DDA chorando de raiva ou de dor e em seguida desatar a rir porque achou graça em alguma coisa, não se espante. O riso e a dor são emoções diferentes e deveriam conflitar, mas não no cérebro de um DDA que, como você já sabe agora, não é o que se possa chamar de NORMAL.

Pois é,

Se você se identificou com o que foi aqui exposto, lembre-se: : você não está sozinho! Bem vindo ao clube.

- E eu ainda nem falei das manias!!