Este texto deve funcionar para você como um seguro emocional contra roubo e contra agressões emocionais e psíquicas em situações de risco na rua. Espero que você nunca precise lembrar-se dele na prática, mas é bom lê-lo, principalmente porque os bandidos mais perigosos que nos espreitam vivem tocaiados nas esquinas da nossa própria alma. São os impulsos perigosos de nossos pensamentos e sentimentos, violentadores da nossa própria integridade psicobiofísica. Cuidemo-nos.
Quem faz eficiente qualquer técnica de defesa pessoal é o próprio detentor da técnica, seja um lutador jovem, seja um velho mestre. Portanto, não existe a melhor defesa física corporal nem a melhor arte marcial ou luta.
Há vários fatores que eficientizam, ou não, uma técnica de combate durante um ataque. Mãos vazias, emoções vazias e coração vazio de medo, de raiva ou de qualquer pensamento negativo, mas cheio de amor, complacência, respeito e bondade pelo outro, seja antes, seja na iminência, seja já durante o ataque. Eis a melhor preparação. Olhar sempre nos olhos dele, imperturbável, emitindo-lhe golpes de amor, oração, bondade e piedade, seja por palavras, seja por pensamentos. [Lembra-se do ladrão que processou judicialmente uma vítima, que reagiu ao assalto com muita raiva e o agrediu fisicamente em público? Pois é. É um absurdo, para nossa atual geração (início do século XXI). Mas daqui a uns trinta ou quarenta anos, será normal esse tipo de processo por danos morais.]
A luta pode ser sublimante, como pode ser bestializante. Depende mais do propósito de cada contendor do que do tipo de luta.
Cada tipo de luta tem sua aura própria, seu padrão vibratório, ou mais para atender aos reclamos da alma ou intelecto, ou mais para prestigiar os recursos da força física e da agilidade corporal. Mas é a relação de cada lutador com a luta que escolheu que fará a diferença na prática.
Cada lutador tem uma academia dentro de si. A própria preparação técnica e física dele de pouco adiantará para a valia de sua luta como autodefesa integral de todos os seus corpos, se ele não apontar essa preparação para o aprimoramento da sua alma e do seu caráter. A energia expandida, fortalecida e aprimorada cria e mata.
A luta em si e suas técnicas e exercícios são aéticas, mas normalmente potencializam os valores éticos ou antiéticos do próprio homem.
A luta, seja ela qual for, pode ser, pois, usada tanto para o bem de si e dos outros, quanto para o mal de si e dos outros.
O lutador em plena forma tem suas energias e sua força física redobradas, e estas lhe desenvolvem facilmente a síndrome de super-homem. Ele sente-se mais disposto para tudo. E é aí que mora o perigo. Ele torna-se uma arma pulsante e vivaz contra si mesmo. Essa superenergia pode virar um alucinógeno contra ele, ao ponto dele não perceber perigo em mais nada, nem em seus próprios movimentos. Consequentemente, essa cegueira quanto aos limites corporais o fragilizam perante os reais perigos externos e internos. Milhares de lutadores já morreram por causa de overdoses de energia canalizada em forma de exercícios físicos extenuantes que eles mesmos não perceberam como tais, por não sentirem dor nem incômodo físico, inclusive por causa dos jorros de endorfina e serotonina. O coração não aguentou. O corpo tem suas limitações, independentemente das ilimitações mentais.
Mas, o lutador é considerado capaz e hábil não é no treinamento. É no combate real, na rua. E o melhor efeito de uma arte marcial, que qualifica alguém como um grande lutador, é fazer o atacante desistir de começar a atacar, ou desistir de continuar atacando, quer seja um lutador, um arruaceiro, um louco, um drogado ou um assaltante. É conseguir transformar o inimigo, se não em um amigo, mas fazê-lo se afastar subjugado pela superioridade principalmente vibratorial, para o agressor surpreendente. É praticar o amor em seu momento de teste mais difícil. Essa é uma arte marcial inteiramente mental, e não ache que é ficção ou mero recurso literário sem correspondência prática nenhuma.
Os grandes mestres são aqueles que estão acima de si mesmos, ou seja, acima de sua emocionalidade no momento de um combate, e eles conseguem ver o oponente de cima, mesmo sendo de estatura e compleição físicas bem menores.
A melhor luta é aquela que se realiza não para contundir, nem para derrubar o corpo físico, embora consiga subjugar o corpo mental do oponente, se este estiver num padrão vibratório inferior.
O ideal é vencer uma luta sem precisar nem tocar fisicamente o oponente, só na energia, na esquiva, na ginga, na manha, na malandragem (como ensina a capoeira de angola), ou na mentalização, no jogo de sentimentos e pensamentos nobres e oracionais, mesmo que fisicamente se esteja parado (como ensinava o mestre da paz e da resistência pacífica Mahatma Gandhi).
O “parado” aí é só no corpo aparente. Intimamente, contudo, deve ser encetado, o mais urgentemente possível, o contragolpe ou contra-assalto em nível vibratorial superior, através de pensamentos anulantes a ideias agressivas próprias e do outro. Enquanto o outro está no primeiro assalto (o emocional) ou já no segundo (o material), a vítima comece a orar, comece a emitir pensamentos de paz e comece a dizer suave e firmemente palavras calmantes para o agressor, sem medo de represália.
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” – Provérbios, 15:1.
Sabemos que cada palavra tem um peso, porque evoca uma ideia, que pode ser boa ou má. Então o ideal, numa situação dessas, é se dizer certas palavras poderosas, a exemplo de “Deus”, “Jesus”, “irmão”, “amigo”, “o que é isso, companheiro?”, “tenha calma” e numa brandura sincera e profunda. [A maneira de dizer também evoca ideia e emite vibrações de dentro para dentro e de dentro para fora de si mesmo.] No mínimo, vai alterar o curso da ação inicialmente idealizada pelo agressor. Este poderá até levar pertences materiais, mas não levará pertences emocionais e, muito provavelmente, não atingirá nem a alma nem o corpo físico do sujeito-objeto da sua ação subtrativa. Sairão também espiritual ou emocionalmente assaltados, para melhor, ele e seus eventuais comparsas invisíveis. Levarão não só eventuais bens materiais, mas levarão, também, uma mensagem de perdão ativo e de amor fraternal, que certamente lhes serão de grande utilidade como contribuição a sua conversão ao caminho da luz e do amor em Cristo.
O amor empodera quem o exercita sobre o outro que lhe recebe o benefício, praticamente no ato. Não basta falar de amor. É preciso falar com amor, cuja energia desmantela qualquer malfeitor. Se ele tiver de roubar, rouba, mas não agride; se tiver de agredir, agride, mas não mata. É uma tendência muito forte.
Sempre antecipar pensamentos bons e proferir palavras edificantes ou serenizantes na direção de quem quer que seja que venha na nossa direção é a arte marcial da paz, a mais eficiente de todas. Não é só uma questão de bondade. É também uma estratégia de confronto.
A melhor primeira arma de ataque ou de defesa ainda é o pensamento positivo, generoso, tolerante e compreensivo.
No mínimo, que não se antecipe nenhum pensamento em relação a um suspeito que se aproxima. Pode ser apenas um passante indo para uma festa, ou levando uma festa dentro de si mesmo. Só não vale preconceito negativo e antecipadamente assustador.
Mas, aí, você, mais pragmático e objetivo, me acerta em cheio com a seguinte pergunta a queima-roupa: e se o aproximante, além de já estar me fixando mal-encaradamente ou com olhares suspeitos, está portando um pedaço de pau, uma faca ou um revólver? Eis a resposta-reação imediata: é mais motivo de alívio do que de pânico. Quem vem para assaltar com uma arma em punho, normalmente não quer agredir fisicamente, mas apenas moralmente e em seguida fazer o saque no bolso da vítima e ir-se embora. De qualquer forma, saque imediatamente as seguintes armas de defesa: calma interior, oração e gestos serenos, descontraídos e insuspeitos da sua parte. Facilite o serviço, com toda fleuma possível, apenas atendendo serenamente às ordens. É a melhor defesa em favor da vida e contra os traumas físico, emocional e sentimental.
A premissa maior, pois, é: ninguém agride a alma de quem fecha o corpo a tempo com o escudo da paz.
{E, normalmente, há tempo para se perceber uma aproximação perigosa. Existe uma defesa do cérebro, que se põe de guarda adrenalínica frente a qualquer perigo, mesmo antes deste ser percebido pela consciência racional. O cérebro então já emite sinais, que acionam inclusive apoios espirituais circundantes ou remotos.
Qualquer pessoa que vem ao longe pensando em atingir algo ou alguém, normalmente já chega no local ou junto ao alguém antes mesmo de chegar. Ops! Como? Simplesmente, ele já emite ondas ou formas-pensamento densas, que avisam antecipadamente da sua chegada. Como um cão farejador, o cérebro bem calibrado e puro percebe essa projeção, inclusive com a carga negativa desta, e entra em estresse de alerta. É quando a pessoa sente um mal-estar, um pressentimento ou uma vontade de evadir imediatamente do local ou não chegar mais a ele. Mas esse é um recurso para quem tem o cérebro mais ou menos livre de toxinas químicas, emocionais e espirituais. É quando o cérebro funciona como um cão de guarda ou protetor instintual, papel que devem exercer todos os cérebros naturais.
[As formas-pensamento primeiro se emanam do cérebro por todos os corpos e depois destes para fora. Não são verbalizadas, mas são como ideogramas universais de significações vibracionais, ainda que facilmente traduzíveis em palavras por decodificadores especializados da esfera invisível. Isso não impede de ser feita sua leitura direta, como se tais códigos vibracionais fossem uma espécie de Esperanto dos sentimentos.]}
Se estivermos predispostos à paz e nos portarmos de acordo com os princípios da paz, poderemos até não vencer pessoalmente o assim chamado inimigo, mas abriremos campo em nosso derredor para a atuação a mais eficaz possível do Cosmo em nosso favor. No mínimo, vamos diminuir os impactos psíquicos ou físicos previstos contra nossa estrutura.
E a alma não atingida tem tudo para fazer evitar o atingimento do corpo pelo agressor potencial. É a melhor operação de contra-ataque. Isso não impede de se manter permanentemente o olhar fixado na direção dele. Isso não anula busca de ajuda. E não dispensa cuidados preventivos, como algum conhecimento de defesa corporal pacificante, que objetive apenas imobilizar, afastar ou não ser atingido pelo agressor.
[Nesse sentido, o Tai Chi Chuan é bastante recomendável, porque é uma arte marcial e é também uma arte pacificadora, aquietadora, suave, tranquila, equilibrante, sublimante, purificante, elevadora... É uma meditação em movimento que envolve a si e eventualmente ao outro em energias benfazejas, transformando sentimentos inferiores em superiores, ou pelo menos neutralizando ou afastando as intenções inicialmente maléficas do oponente.
No Tai Chi Chuan o inimigo não é o outro, mas é a emoção inferior que há no outro e que precisa ser transformada, neutralizada ou afastada, para proteger a si e até para proteger o outro, mesmo contra a emocionalidade agressiva deste.
É, portanto, uma arte mais mental do que física. Por isso, quanto mais velho, melhor para prosseguir na sua prática. O velho treinado no controle das emoções e da mente e suas energias tem sua força cada vez mais aprimorada e sua saúde cada vez mais robustecida, mesmo estando num corpinho franzino ou num corpão pesado. A sua força e resistência não nasce do corpo físico, mas, sim, do corpo mental.]
Como acessórios, vêm em bom auxílio preparatório, também, exercícios de respiração, prática da oração matinal e principalmente prática de pensamentos sempre positivos ou pelo menos não negativos etc, etc.
Vale somar que quem tem a paz interior e a prática do amor caritativo ou do amor fraternal já bem desenvolvidas, inclusive para aplicação em situações de agressão ou de ataque contra si, nunca vai precisar de técnica de defesa física pessoal. Ele já tem em derredor de si uma cápsula de sistema de defesa espiritual, que o protege sempre contra setas e golpes vibratoriais inferiores. No mínimo ele consegue proteger o mais caro de seus bens materiais: sua alma.
Se alguém espiritualmente protegido não sintoniza com o patamar vibratorial do inimigo, vendo neste apenas um irmão equivocado, então este freia automaticamente seus impulsos, mesmo estando drogado ou em surto psicótico.
Destaque-se, contudo, que não existe drogado ou louco pleno em atuação de ataque. Ele ou uma inteligência invisível está dirigindo objetivamente sua mente para o objetivo. Então, essa lucidez mínima para encetar o plano é que serve de portal de revide, de ascendência, de controle ou de comunicação superior da vítima, para garantir sua segurança pelo menos física e emocional, a partir de uma postura branda, mas firme, em relação ao agressor.
Ademais, ninguém que está atuando mentalmente no campo da paz e do amor permanece sozinho. Espíritos, em especial o anjo da guarda, também acorrem para promover barreiras vibratoriais em derredor da vítima potencial, a ponto de afastar ou até de nem permitir a aproximação do agressor potencial, seja este visível ou invisível. Basta apenas que se esteja ou se viva em permanente estado de guarda vibratorial superior, otimista, confiante, pacífica, tranquila. [Essa postura não exclui obviamente cuidados protetivos, como por exemplo:
·evitar andar sozinho tarde da noite;
·evitar andar sem necessidade por lugares suspeitos e reconhecidamente perigosos;
evitar andar com joias, relógios, roupas calçados e adereços caros e chamativos à atenção;
evitar usar o telefone celular nas ruas, inclusive para não dispersar a atenção sobre o seu ir.
evitar andar com grandes quantias de dinheiro nas ruas.
evitar andar pelas ruas com pertences emocionais à mostra, tais como falando demais, sorrindo demais, gritando, alegrando-se ou entristecendo-se demais. O ideal é andar em meio às pessoas como um ninja: vendo sem ser visto, ouvindo sem ser ouvido, anônimo, invisível.]
No normal, lato sensu, cuidando-se previamente de todos os pontos de defesa emocional e física, e com base na teoria do efeito borboleta, a qualquer movimento seu em qualquer direção, com qualquer de seus corpos, inclusive o corpo mental, todo o Universo desloca-se junto, ou para lhe acompanhar, ou para lhe dar passagem, ou simplesmente para lhe impedir de ir. E esse mesmo deslocamento ocorre em relação a qualquer outro, de qualquer dimensão ou subdimensão, que pretenda vir na sua direção ou na direção de quem ou do que você pretende ir, com boas ou com más intenções.
Há uma rede de proteção universal, que se amolda de toda forma para acompanhar ou até para impedir o livre fluxo dos seus movimentos, inclusive os do pensamento, que também emite ondas e formas materiais, ainda que invisíveis, para impingir um problema aqui, a fim de livrar de outro problema ali.
Há situações, contudo, em que é a própria vítima quem atrai a agressão para si, com a expelição de formas-pensamento excessivamente negativas, densas, tumultuadas, ou quando já vem mentalizando também ideias agressivas, delituosas ou eivadas de sentimentos de ódio, inveja, rancor e outros ressentimentos. Ela mesma expele pensamentos-iscas suficientemente negativas para atrair para si o mal de que tende a ser vítima. Ela mesma fragiliza perigosamente seu sistema de defesa espiritual, e, neste caso, a agressão que sofre tem também fins didáticos transformacionais da maneira de ver-se e de ver os outros e a vida.
Por isso, a autodefesa tem a ver primeiro com a autodefesa contra si mesmo, ou seja, contra seus próprios pensares e sentires negativos.
Seja como for ou por que for, ninguém está escape de sofrer um abalroamento agressivo da parte de alguém outrem, seja encarnado, seja desencarnado. É o que inspira o versículo 11 do capítulo 9 de Eclesiastes, que conclui afirmando que o imprevisto sobrevém a ligeiros, poderosos, sábios, entendidos e conhecedores, seja como merecimento, seja como prova, seja como expiação.
Até a “bala perdida” tem seu curso monitorado pelo “olho que tudo vê”, que pode permitir, ou não, o atingimento do alvo, conforme a necessidade circunstancial deste de ser atingido pela bênção dessa libertação tão dolorosa.
Entretanto, mesmo tendo passado por uma experiência dolorosa e aparentemente fora do seu script existencial, deve-se vê-la não como falta de socorro a tempo de Deus, mas como uma prova a mais para o crescimento como ser humano. A expiação ou castigo e a dor ou sofrimento está mais na percepção de quem sofre o trauma objetivo do que no trauma em si.
Vale destacar, que o eventual algo ruim que acontece inesperadamente em nossa vida é a visita da lei de justiça combinada com a lei do amor e com a lei do progresso. Esse algo ruim não é necessariamente para punir pelo que fizemos ou deixamos de fazer antes, nem é pelo que vínhamos fazendo ou deixando de fazer recentemente. Ele tem uma função simplesmente retificadora, para nos despertar a consciência e até de nos livrar de uma linha de ações, de pensamentos ou de sentimentos nossos que nos rumavam para algo ruim bem pior. O “acidente” insólito, pois, visa a frear essa sequência de ações da destruição e nos concitando a seguir uma linha progressiva. Pode ser, também, um estancamento providencial de nosso ir, para darmos passagem ou para não irmos ao encontro de um mega-acidente que vem premeditadamente em nossa direção e que não nos deve atingir.
Então vejamos assim: o algo inesperado, para nós ruim, em verdade é algo bom e é uma prova de amor de Deus sobre nós, onde o agente da maldade é apenas alguém que tem de fazer esse “trabalho sujo”, mas necessário como forma também de crescimento ou pelo menos de despertamento da nossa parte. “É necessário que venha o mal”, porque justamente o mal é um agente mais duro para o impulsionamento ao progresso. Quem não evolui pelo amor, evolui pela dor.
[Não é à toa que o Livro dos Espíritos, na exposição sobre as leis morais, analisa essa questão num mesmo capítulo, intitulado “Da lei de justiça, de amor e de caridade”, como se fossem três leis em uma. Uma está imbricada na outra. E a caridade entra nesse trio e aqui neste contexto, porque já é consabido que quem não pratica a caridade habitualmente, seja em que forma for, também abaixa seu sistema de defesa espiritual. E aí praticamente vive convidando Murphy para visitas. Não é justo não amar ou não fazer a caridade. Quem não ama nem pratica a caridade, já está praticando um ilícito no Cosmo-Direito. Pode sair caro ou doloroso, agora ou adiante. Estamos condenados a amar. Mas, vista pelos olhos da justiça, essa é uma boa condenação. Como disse Jesus, que não atua como justiceiro (“eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo”), e que é o próprio amor em pessoa: “meu fardo é leve e meu jugo é suave”.]
Lembra-se do adágio “há males que vêm para bem”? A rigor, todo mal pode gerar um bem. Depende da compreensão do atingido. [O mal tem também a missão de, se não trazer pessoalmente, mas de nos propor o bem. "É necessário que venha o mal" (ou escândalo, ou pedra de tropeço), porque o mal também impulsiona o progresso, instiga à prática do bem e do perdão aqui neste campo de batalha que é a Terra. Há um diretor de cena cósmico que tudo vê e controla. O eventual agente do mal que vem ali com a mão fechada em punho, ou empunhando uma arma, é alguém que, no fundo, está voltando em mais uma ou em uma última tentativa de pedir a ajuda que não se deu antes, a ele ou a outrem, quer em forma de pão, quer em forma de abraço, quer mesmo em forma de um simples aperto de mão.]
Antes de sermos enfrentados por um perigo qualquer, quanto mais nos pré-acautelarmos com a arma-elmo do pensamento positivo, tanto mais remotamente probabilizaremos o sempre dissaborido ataque-surpresa de Murphy, que também adora golpear de repente vítimas incautas e espiritualmente fragilizadas.
Vencer nossos próprios impulsos emocionais é mais importante do que vencer os impulsos agressivos de quem quer que seja.
Mas então você, perfuro-cortantemente, me atravessa uma última questão, de difícil defesa: e se o cujo surgir do nada, já gritando “é um assalto!”, sem dar tempo à vitima nem de esboçar qualquer pré-reação emocional autodefensiva? Eu tentarei reagir a seu último ataque argumentativo com o seguinte colete-resposta: normalmente, o assaltante primeiro faz o assalto emocional, subjugando, humilhando, xingando, esculhambando, aterrorizando, para, logo em seguida, fazer o assalto material. É durante o primeiro assalto que há um tempinho mínimo para a vítima se armar de espírito contra-assaltante e tentar tomar o controle da situação, ou melhor, da sua própria situação, e acalmar-se e pedir calma, desconsiderando o assédio moral intimidador e orando por si e pelo infeliz. A presença de espírito reagente, neste momento, tem de ser respeitosa ao outro como ser humano equivocado, e deve ser esperançosa a Deus, que tudo vê e que pode intervir instantaneamente, para mudar o rumo do plano expropriatório violento. Ao final do confronto de vibrações diferentes, uma superior e outra inferior, o ladrão pode desistir voluntariamente do segundo assalto (o material), o que não é raro acontecer, e pode até ir-se embora sem levar nada ou, principalmente, sem levar o seu bem mais precioso, que é sua vida, ou melhor, sem partir o seu “cordão de prata” antes do tempo. Todavia, se ele tiver de levar alguma coisa material, que leve e vá em paz, imediatamente perdoado, mesmo que se esteja caído e até baleado de morte, como deu o exemplo final o mestre da resistência pacífica Mahatma Gandhi. Esta seja a reação suprema do traumatizado (emocional ou fisicamente), para que Deus o acompanhe no seu restabelecimento após esse choque probatório tão psicoimpactante, quer se tenha continuado do lado de cá, quer se tenha ido para o lado de lá, e que acompanhe também o ladrão, agora certamente mais próximo de uma melhoria consciencial depois de ter sido psiquicamente assaltado por sua brandura mínima, mas suficiente.
{Até um roubo seguido de morte (latrocínio) tem o seu quê de bem para a vítima. Ops! - você exclama. A vítima perdeu seus pertences, mesmo tendo se mantido calmo, e ainda perdeu a vida, tendo o ladrão se afastado até tranquilamente para o próximo assalto da noite, fria e calculistamente, mas, mesmo assim, houve justiça, amor e caridade?! Essa realmente é uma defesa dificílima contra essa pergunta-chave de braço surpreendente.
Bem, a lei de amor, de justiça e de caridade nunca falha. Nada acontece por acaso. Nada acontece sem o monitoramento de Deus, que tudo vê e que em tudo intervém. Só que a sempre providencial intervenção divina muitas vezes contraria nossos interesses terrenais, inclusive o interesse de permanecer vivo na carne. Vida para Deus não é somente a vida no corpo físico, muito menos no corpo físico atual. A vida é algo mais amplo, com suas idas e vindas e com as suas estadas alternadas entre as duas esferas existenciais: a esfera terrena e a esfera espiritual. Então, quando alguém morre, por exemplo, de acidente ou de crime na esfera de cá, essa morte pode lhe ser livradora de um acidente maior lá na frente na esfera de lá. Mas que acidente pode ser pior do que a própria morte física? - você franze a testa. - A morte da alma é a resposta! Calma!
Expliquemos: existem níveis de morte. “Há muitas moradas na casa do meu pai”, e nem todas as moradas são do mesmo nível evolutivo. Há, inclusive, as moradas de nível evolutivo inferior ao da Terra. Quando alguém, por exemplo, está numa linha moralmente suicida para a alma, ela pode ter ceifada a vida física, a tempo de não cair no precipício das trevas (ou “inferno”), que é uma morada de segurança máxima em regiões abaixo do umbral, onde, quem cai, normalmente permanece por mais de cem anos. [Daí a ideia religiosa de “inferno eterno”.] É um exemplo. Quer dizer, para o bem dele, foi melhor morrer na Terra, para não morrer nas trevas, para evitar a chamada “segunda morte” longamente dolorosa e sofredora.
Entretanto, a morte antes do tempo previsto pode ser também um prêmio, para se chegar mais rápido em regiões de ventura e de trabalho na seara do Cristo, que se estende nos dois mundos. E muitos acidentados desligam-se do corpo segundos antes do choque fatal, para não sofrerem traumas e para poderem se recuperar mais rapidamente para missões de trabalho na esfera de lá, onde sua mão de obra pode estar sendo mais necessária.}
O importante é, seja como for, se tentar morrer bem, “morrer com educação”, como advertiu Emmanual a Chico Xavier durante um problema de vento de calda no avião em que este viajava. [Lembra-se dessa passagem, no filme “Chico Xavier”? Veja entrevista do próprio, no programa “Pinga Fogo” (início dos anos 70): http://www.youtube.com/watch?v=qSj_1WTH-9I .]
A ideia, portanto, nunca é reagir (que é sinômico de buscar o suicídio), mas, sim, agir. Nada de querer enfrentar, mas, sim, superfrentar.Atuar mentalmente de forma superior, branda, mas firme, imbuído de fé, entregando sua vida e a do irmão equivocado a Deus.
Aqui no normal da relação com um assaltante, quem (re)age mantendo a postura benigna e serena, sem se entregar ao primeiro assalto, normalmente sai incólume do segundo assalto, se houver, e não sofre depois o autoassalto, que é aquela tremedeira nas pernas acompanhada de muito suor, calafrios, dor no estômago, dor de cabeça, aumento da pulsação cardíaca etc. Ele volta para sua rotina agradecendo a Deus pela experiência e buscando aperfeiçoar-se moral e emocionalmente na academia do Mestre Jesus, que deu várias aulas de defesa pessoal em situação de perigo de assalto, principalmente esta lição maior de revide aos ataques subtrativos ou agressivos:
“A qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” - (conforme Mateus 5:39-45)
Tudo isso, na prática, manifeste-se em forma de amor, perdão e compreensão, através de mentalizações vibratoriais superiores.
A ideia não é vencer o inimigo externo. É transformar, neutralizar, dispersar ou afastar o inimigo-mal que é veiculado pelo agente agressor, que não sabe plenamente o que faz. E para isso tudo, é mister vencer o inimigo interno de si mesmo (medo, raiva, confusão mental etc), fortalecendo os músculos da temperança, robustecendo a defesa da fé em Deus e aprimorando-se nos golpes do amor crístico. [“Se não consegues implantar a paz, vence a tua violência íntima.” – Joanna de Ângelis.]
E aí? Que tal se matricular nessa academia? Vagas estão sempre abertas. Ou lá vossa mercê já é aluno formado, um faixa-preta ou um discípulo avançado?
Quem faz eficiente qualquer técnica de defesa pessoal é o próprio detentor da técnica, seja um lutador jovem, seja um velho mestre. Portanto, não existe a melhor defesa física corporal nem a melhor arte marcial ou luta.
Há vários fatores que eficientizam, ou não, uma técnica de combate durante um ataque. Mãos vazias, emoções vazias e coração vazio de medo, de raiva ou de qualquer pensamento negativo, mas cheio de amor, complacência, respeito e bondade pelo outro, seja antes, seja na iminência, seja já durante o ataque. Eis a melhor preparação. Olhar sempre nos olhos dele, imperturbável, emitindo-lhe golpes de amor, oração, bondade e piedade, seja por palavras, seja por pensamentos. [Lembra-se do ladrão que processou judicialmente uma vítima, que reagiu ao assalto com muita raiva e o agrediu fisicamente em público? Pois é. É um absurdo, para nossa atual geração (início do século XXI). Mas daqui a uns trinta ou quarenta anos, será normal esse tipo de processo por danos morais.]
A luta pode ser sublimante, como pode ser bestializante. Depende mais do propósito de cada contendor do que do tipo de luta.
Cada tipo de luta tem sua aura própria, seu padrão vibratório, ou mais para atender aos reclamos da alma ou intelecto, ou mais para prestigiar os recursos da força física e da agilidade corporal. Mas é a relação de cada lutador com a luta que escolheu que fará a diferença na prática.
Cada lutador tem uma academia dentro de si. A própria preparação técnica e física dele de pouco adiantará para a valia de sua luta como autodefesa integral de todos os seus corpos, se ele não apontar essa preparação para o aprimoramento da sua alma e do seu caráter. A energia expandida, fortalecida e aprimorada cria e mata.
A luta em si e suas técnicas e exercícios são aéticas, mas normalmente potencializam os valores éticos ou antiéticos do próprio homem.
A luta, seja ela qual for, pode ser, pois, usada tanto para o bem de si e dos outros, quanto para o mal de si e dos outros.
O lutador em plena forma tem suas energias e sua força física redobradas, e estas lhe desenvolvem facilmente a síndrome de super-homem. Ele sente-se mais disposto para tudo. E é aí que mora o perigo. Ele torna-se uma arma pulsante e vivaz contra si mesmo. Essa superenergia pode virar um alucinógeno contra ele, ao ponto dele não perceber perigo em mais nada, nem em seus próprios movimentos. Consequentemente, essa cegueira quanto aos limites corporais o fragilizam perante os reais perigos externos e internos. Milhares de lutadores já morreram por causa de overdoses de energia canalizada em forma de exercícios físicos extenuantes que eles mesmos não perceberam como tais, por não sentirem dor nem incômodo físico, inclusive por causa dos jorros de endorfina e serotonina. O coração não aguentou. O corpo tem suas limitações, independentemente das ilimitações mentais.
Mas, o lutador é considerado capaz e hábil não é no treinamento. É no combate real, na rua. E o melhor efeito de uma arte marcial, que qualifica alguém como um grande lutador, é fazer o atacante desistir de começar a atacar, ou desistir de continuar atacando, quer seja um lutador, um arruaceiro, um louco, um drogado ou um assaltante. É conseguir transformar o inimigo, se não em um amigo, mas fazê-lo se afastar subjugado pela superioridade principalmente vibratorial, para o agressor surpreendente. É praticar o amor em seu momento de teste mais difícil. Essa é uma arte marcial inteiramente mental, e não ache que é ficção ou mero recurso literário sem correspondência prática nenhuma.
Os grandes mestres são aqueles que estão acima de si mesmos, ou seja, acima de sua emocionalidade no momento de um combate, e eles conseguem ver o oponente de cima, mesmo sendo de estatura e compleição físicas bem menores.
A melhor luta é aquela que se realiza não para contundir, nem para derrubar o corpo físico, embora consiga subjugar o corpo mental do oponente, se este estiver num padrão vibratório inferior.
O ideal é vencer uma luta sem precisar nem tocar fisicamente o oponente, só na energia, na esquiva, na ginga, na manha, na malandragem (como ensina a capoeira de angola), ou na mentalização, no jogo de sentimentos e pensamentos nobres e oracionais, mesmo que fisicamente se esteja parado (como ensinava o mestre da paz e da resistência pacífica Mahatma Gandhi).
O “parado” aí é só no corpo aparente. Intimamente, contudo, deve ser encetado, o mais urgentemente possível, o contragolpe ou contra-assalto em nível vibratorial superior, através de pensamentos anulantes a ideias agressivas próprias e do outro. Enquanto o outro está no primeiro assalto (o emocional) ou já no segundo (o material), a vítima comece a orar, comece a emitir pensamentos de paz e comece a dizer suave e firmemente palavras calmantes para o agressor, sem medo de represália.
“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” – Provérbios, 15:1.
Sabemos que cada palavra tem um peso, porque evoca uma ideia, que pode ser boa ou má. Então o ideal, numa situação dessas, é se dizer certas palavras poderosas, a exemplo de “Deus”, “Jesus”, “irmão”, “amigo”, “o que é isso, companheiro?”, “tenha calma” e numa brandura sincera e profunda. [A maneira de dizer também evoca ideia e emite vibrações de dentro para dentro e de dentro para fora de si mesmo.] No mínimo, vai alterar o curso da ação inicialmente idealizada pelo agressor. Este poderá até levar pertences materiais, mas não levará pertences emocionais e, muito provavelmente, não atingirá nem a alma nem o corpo físico do sujeito-objeto da sua ação subtrativa. Sairão também espiritual ou emocionalmente assaltados, para melhor, ele e seus eventuais comparsas invisíveis. Levarão não só eventuais bens materiais, mas levarão, também, uma mensagem de perdão ativo e de amor fraternal, que certamente lhes serão de grande utilidade como contribuição a sua conversão ao caminho da luz e do amor em Cristo.
O amor empodera quem o exercita sobre o outro que lhe recebe o benefício, praticamente no ato. Não basta falar de amor. É preciso falar com amor, cuja energia desmantela qualquer malfeitor. Se ele tiver de roubar, rouba, mas não agride; se tiver de agredir, agride, mas não mata. É uma tendência muito forte.
Sempre antecipar pensamentos bons e proferir palavras edificantes ou serenizantes na direção de quem quer que seja que venha na nossa direção é a arte marcial da paz, a mais eficiente de todas. Não é só uma questão de bondade. É também uma estratégia de confronto.
A melhor primeira arma de ataque ou de defesa ainda é o pensamento positivo, generoso, tolerante e compreensivo.
No mínimo, que não se antecipe nenhum pensamento em relação a um suspeito que se aproxima. Pode ser apenas um passante indo para uma festa, ou levando uma festa dentro de si mesmo. Só não vale preconceito negativo e antecipadamente assustador.
Mas, aí, você, mais pragmático e objetivo, me acerta em cheio com a seguinte pergunta a queima-roupa: e se o aproximante, além de já estar me fixando mal-encaradamente ou com olhares suspeitos, está portando um pedaço de pau, uma faca ou um revólver? Eis a resposta-reação imediata: é mais motivo de alívio do que de pânico. Quem vem para assaltar com uma arma em punho, normalmente não quer agredir fisicamente, mas apenas moralmente e em seguida fazer o saque no bolso da vítima e ir-se embora. De qualquer forma, saque imediatamente as seguintes armas de defesa: calma interior, oração e gestos serenos, descontraídos e insuspeitos da sua parte. Facilite o serviço, com toda fleuma possível, apenas atendendo serenamente às ordens. É a melhor defesa em favor da vida e contra os traumas físico, emocional e sentimental.
A premissa maior, pois, é: ninguém agride a alma de quem fecha o corpo a tempo com o escudo da paz.
{E, normalmente, há tempo para se perceber uma aproximação perigosa. Existe uma defesa do cérebro, que se põe de guarda adrenalínica frente a qualquer perigo, mesmo antes deste ser percebido pela consciência racional. O cérebro então já emite sinais, que acionam inclusive apoios espirituais circundantes ou remotos.
Qualquer pessoa que vem ao longe pensando em atingir algo ou alguém, normalmente já chega no local ou junto ao alguém antes mesmo de chegar. Ops! Como? Simplesmente, ele já emite ondas ou formas-pensamento densas, que avisam antecipadamente da sua chegada. Como um cão farejador, o cérebro bem calibrado e puro percebe essa projeção, inclusive com a carga negativa desta, e entra em estresse de alerta. É quando a pessoa sente um mal-estar, um pressentimento ou uma vontade de evadir imediatamente do local ou não chegar mais a ele. Mas esse é um recurso para quem tem o cérebro mais ou menos livre de toxinas químicas, emocionais e espirituais. É quando o cérebro funciona como um cão de guarda ou protetor instintual, papel que devem exercer todos os cérebros naturais.
[As formas-pensamento primeiro se emanam do cérebro por todos os corpos e depois destes para fora. Não são verbalizadas, mas são como ideogramas universais de significações vibracionais, ainda que facilmente traduzíveis em palavras por decodificadores especializados da esfera invisível. Isso não impede de ser feita sua leitura direta, como se tais códigos vibracionais fossem uma espécie de Esperanto dos sentimentos.]}
Se estivermos predispostos à paz e nos portarmos de acordo com os princípios da paz, poderemos até não vencer pessoalmente o assim chamado inimigo, mas abriremos campo em nosso derredor para a atuação a mais eficaz possível do Cosmo em nosso favor. No mínimo, vamos diminuir os impactos psíquicos ou físicos previstos contra nossa estrutura.
E a alma não atingida tem tudo para fazer evitar o atingimento do corpo pelo agressor potencial. É a melhor operação de contra-ataque. Isso não impede de se manter permanentemente o olhar fixado na direção dele. Isso não anula busca de ajuda. E não dispensa cuidados preventivos, como algum conhecimento de defesa corporal pacificante, que objetive apenas imobilizar, afastar ou não ser atingido pelo agressor.
[Nesse sentido, o Tai Chi Chuan é bastante recomendável, porque é uma arte marcial e é também uma arte pacificadora, aquietadora, suave, tranquila, equilibrante, sublimante, purificante, elevadora... É uma meditação em movimento que envolve a si e eventualmente ao outro em energias benfazejas, transformando sentimentos inferiores em superiores, ou pelo menos neutralizando ou afastando as intenções inicialmente maléficas do oponente.
No Tai Chi Chuan o inimigo não é o outro, mas é a emoção inferior que há no outro e que precisa ser transformada, neutralizada ou afastada, para proteger a si e até para proteger o outro, mesmo contra a emocionalidade agressiva deste.
É, portanto, uma arte mais mental do que física. Por isso, quanto mais velho, melhor para prosseguir na sua prática. O velho treinado no controle das emoções e da mente e suas energias tem sua força cada vez mais aprimorada e sua saúde cada vez mais robustecida, mesmo estando num corpinho franzino ou num corpão pesado. A sua força e resistência não nasce do corpo físico, mas, sim, do corpo mental.]
Como acessórios, vêm em bom auxílio preparatório, também, exercícios de respiração, prática da oração matinal e principalmente prática de pensamentos sempre positivos ou pelo menos não negativos etc, etc.
Vale somar que quem tem a paz interior e a prática do amor caritativo ou do amor fraternal já bem desenvolvidas, inclusive para aplicação em situações de agressão ou de ataque contra si, nunca vai precisar de técnica de defesa física pessoal. Ele já tem em derredor de si uma cápsula de sistema de defesa espiritual, que o protege sempre contra setas e golpes vibratoriais inferiores. No mínimo ele consegue proteger o mais caro de seus bens materiais: sua alma.
Se alguém espiritualmente protegido não sintoniza com o patamar vibratorial do inimigo, vendo neste apenas um irmão equivocado, então este freia automaticamente seus impulsos, mesmo estando drogado ou em surto psicótico.
Destaque-se, contudo, que não existe drogado ou louco pleno em atuação de ataque. Ele ou uma inteligência invisível está dirigindo objetivamente sua mente para o objetivo. Então, essa lucidez mínima para encetar o plano é que serve de portal de revide, de ascendência, de controle ou de comunicação superior da vítima, para garantir sua segurança pelo menos física e emocional, a partir de uma postura branda, mas firme, em relação ao agressor.
Ademais, ninguém que está atuando mentalmente no campo da paz e do amor permanece sozinho. Espíritos, em especial o anjo da guarda, também acorrem para promover barreiras vibratoriais em derredor da vítima potencial, a ponto de afastar ou até de nem permitir a aproximação do agressor potencial, seja este visível ou invisível. Basta apenas que se esteja ou se viva em permanente estado de guarda vibratorial superior, otimista, confiante, pacífica, tranquila. [Essa postura não exclui obviamente cuidados protetivos, como por exemplo:
·evitar andar sozinho tarde da noite;
·evitar andar sem necessidade por lugares suspeitos e reconhecidamente perigosos;
evitar andar com joias, relógios, roupas calçados e adereços caros e chamativos à atenção;
evitar usar o telefone celular nas ruas, inclusive para não dispersar a atenção sobre o seu ir.
evitar andar com grandes quantias de dinheiro nas ruas.
evitar andar pelas ruas com pertences emocionais à mostra, tais como falando demais, sorrindo demais, gritando, alegrando-se ou entristecendo-se demais. O ideal é andar em meio às pessoas como um ninja: vendo sem ser visto, ouvindo sem ser ouvido, anônimo, invisível.]
No normal, lato sensu, cuidando-se previamente de todos os pontos de defesa emocional e física, e com base na teoria do efeito borboleta, a qualquer movimento seu em qualquer direção, com qualquer de seus corpos, inclusive o corpo mental, todo o Universo desloca-se junto, ou para lhe acompanhar, ou para lhe dar passagem, ou simplesmente para lhe impedir de ir. E esse mesmo deslocamento ocorre em relação a qualquer outro, de qualquer dimensão ou subdimensão, que pretenda vir na sua direção ou na direção de quem ou do que você pretende ir, com boas ou com más intenções.
“Nem sempre o problema surge para você quando o Universo estira a perna para você cair. Às vezes o problema surge para você é quando o Universo recolhe a perna para você passar”. – Olavo, mestre de capoeira aposentado e espiritualista, em aconselhamento a um jovem aprendiz que se queixara de ter quebrado o tornozelo dias antes da sua primeira exibição em um festival de arte negra, na cidade de Jequié(BA), em 2002.
Há uma rede de proteção universal, que se amolda de toda forma para acompanhar ou até para impedir o livre fluxo dos seus movimentos, inclusive os do pensamento, que também emite ondas e formas materiais, ainda que invisíveis, para impingir um problema aqui, a fim de livrar de outro problema ali.
Há situações, contudo, em que é a própria vítima quem atrai a agressão para si, com a expelição de formas-pensamento excessivamente negativas, densas, tumultuadas, ou quando já vem mentalizando também ideias agressivas, delituosas ou eivadas de sentimentos de ódio, inveja, rancor e outros ressentimentos. Ela mesma expele pensamentos-iscas suficientemente negativas para atrair para si o mal de que tende a ser vítima. Ela mesma fragiliza perigosamente seu sistema de defesa espiritual, e, neste caso, a agressão que sofre tem também fins didáticos transformacionais da maneira de ver-se e de ver os outros e a vida.
Por isso, a autodefesa tem a ver primeiro com a autodefesa contra si mesmo, ou seja, contra seus próprios pensares e sentires negativos.
“A maldição não cai sobre quem não merece" - Provérbios, 26:2.
Seja como for ou por que for, ninguém está escape de sofrer um abalroamento agressivo da parte de alguém outrem, seja encarnado, seja desencarnado. É o que inspira o versículo 11 do capítulo 9 de Eclesiastes, que conclui afirmando que o imprevisto sobrevém a ligeiros, poderosos, sábios, entendidos e conhecedores, seja como merecimento, seja como prova, seja como expiação.
Até a “bala perdida” tem seu curso monitorado pelo “olho que tudo vê”, que pode permitir, ou não, o atingimento do alvo, conforme a necessidade circunstancial deste de ser atingido pela bênção dessa libertação tão dolorosa.
Não existe a chamada “bala perdida”. O que existe é uma pessoa que se posicionou diante de uma bala-míssil teleguiada que lhe fora atirada há muito na conexão espaço-tempo, talvez há mais de mil anos, na Conchinchina (ainda que em forma de flecha), não tendo havido, até o último instante do alvejamento, ações suficientes da vítima (com o escudo de iniciativas reparadoras), do atirador (com a compreensão e o perdão ou com o arrependimento eficaz) ou de terceiros (através do contramíssil da prece), para desviar ou anular seu trajeto. – Jorge, vendedor de livros e de vestimentas de artes marciais, em comentário com um amigo revoltado, após lerem uma notícia de jornal, durante a travessia na balsa sobre o Rio São Francisco, nas proximidades da cidade de Ibotirama (velho oeste da Bahia), em dezembro de 1978.
Entretanto, mesmo tendo passado por uma experiência dolorosa e aparentemente fora do seu script existencial, deve-se vê-la não como falta de socorro a tempo de Deus, mas como uma prova a mais para o crescimento como ser humano. A expiação ou castigo e a dor ou sofrimento está mais na percepção de quem sofre o trauma objetivo do que no trauma em si.
Vale destacar, que o eventual algo ruim que acontece inesperadamente em nossa vida é a visita da lei de justiça combinada com a lei do amor e com a lei do progresso. Esse algo ruim não é necessariamente para punir pelo que fizemos ou deixamos de fazer antes, nem é pelo que vínhamos fazendo ou deixando de fazer recentemente. Ele tem uma função simplesmente retificadora, para nos despertar a consciência e até de nos livrar de uma linha de ações, de pensamentos ou de sentimentos nossos que nos rumavam para algo ruim bem pior. O “acidente” insólito, pois, visa a frear essa sequência de ações da destruição e nos concitando a seguir uma linha progressiva. Pode ser, também, um estancamento providencial de nosso ir, para darmos passagem ou para não irmos ao encontro de um mega-acidente que vem premeditadamente em nossa direção e que não nos deve atingir.
Então vejamos assim: o algo inesperado, para nós ruim, em verdade é algo bom e é uma prova de amor de Deus sobre nós, onde o agente da maldade é apenas alguém que tem de fazer esse “trabalho sujo”, mas necessário como forma também de crescimento ou pelo menos de despertamento da nossa parte. “É necessário que venha o mal”, porque justamente o mal é um agente mais duro para o impulsionamento ao progresso. Quem não evolui pelo amor, evolui pela dor.
[Não é à toa que o Livro dos Espíritos, na exposição sobre as leis morais, analisa essa questão num mesmo capítulo, intitulado “Da lei de justiça, de amor e de caridade”, como se fossem três leis em uma. Uma está imbricada na outra. E a caridade entra nesse trio e aqui neste contexto, porque já é consabido que quem não pratica a caridade habitualmente, seja em que forma for, também abaixa seu sistema de defesa espiritual. E aí praticamente vive convidando Murphy para visitas. Não é justo não amar ou não fazer a caridade. Quem não ama nem pratica a caridade, já está praticando um ilícito no Cosmo-Direito. Pode sair caro ou doloroso, agora ou adiante. Estamos condenados a amar. Mas, vista pelos olhos da justiça, essa é uma boa condenação. Como disse Jesus, que não atua como justiceiro (“eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo”), e que é o próprio amor em pessoa: “meu fardo é leve e meu jugo é suave”.]
Lembra-se do adágio “há males que vêm para bem”? A rigor, todo mal pode gerar um bem. Depende da compreensão do atingido. [O mal tem também a missão de, se não trazer pessoalmente, mas de nos propor o bem. "É necessário que venha o mal" (ou escândalo, ou pedra de tropeço), porque o mal também impulsiona o progresso, instiga à prática do bem e do perdão aqui neste campo de batalha que é a Terra. Há um diretor de cena cósmico que tudo vê e controla. O eventual agente do mal que vem ali com a mão fechada em punho, ou empunhando uma arma, é alguém que, no fundo, está voltando em mais uma ou em uma última tentativa de pedir a ajuda que não se deu antes, a ele ou a outrem, quer em forma de pão, quer em forma de abraço, quer mesmo em forma de um simples aperto de mão.]
Antes de sermos enfrentados por um perigo qualquer, quanto mais nos pré-acautelarmos com a arma-elmo do pensamento positivo, tanto mais remotamente probabilizaremos o sempre dissaborido ataque-surpresa de Murphy, que também adora golpear de repente vítimas incautas e espiritualmente fragilizadas.
Vencer nossos próprios impulsos emocionais é mais importante do que vencer os impulsos agressivos de quem quer que seja.
Mas então você, perfuro-cortantemente, me atravessa uma última questão, de difícil defesa: e se o cujo surgir do nada, já gritando “é um assalto!”, sem dar tempo à vitima nem de esboçar qualquer pré-reação emocional autodefensiva? Eu tentarei reagir a seu último ataque argumentativo com o seguinte colete-resposta: normalmente, o assaltante primeiro faz o assalto emocional, subjugando, humilhando, xingando, esculhambando, aterrorizando, para, logo em seguida, fazer o assalto material. É durante o primeiro assalto que há um tempinho mínimo para a vítima se armar de espírito contra-assaltante e tentar tomar o controle da situação, ou melhor, da sua própria situação, e acalmar-se e pedir calma, desconsiderando o assédio moral intimidador e orando por si e pelo infeliz. A presença de espírito reagente, neste momento, tem de ser respeitosa ao outro como ser humano equivocado, e deve ser esperançosa a Deus, que tudo vê e que pode intervir instantaneamente, para mudar o rumo do plano expropriatório violento. Ao final do confronto de vibrações diferentes, uma superior e outra inferior, o ladrão pode desistir voluntariamente do segundo assalto (o material), o que não é raro acontecer, e pode até ir-se embora sem levar nada ou, principalmente, sem levar o seu bem mais precioso, que é sua vida, ou melhor, sem partir o seu “cordão de prata” antes do tempo. Todavia, se ele tiver de levar alguma coisa material, que leve e vá em paz, imediatamente perdoado, mesmo que se esteja caído e até baleado de morte, como deu o exemplo final o mestre da resistência pacífica Mahatma Gandhi. Esta seja a reação suprema do traumatizado (emocional ou fisicamente), para que Deus o acompanhe no seu restabelecimento após esse choque probatório tão psicoimpactante, quer se tenha continuado do lado de cá, quer se tenha ido para o lado de lá, e que acompanhe também o ladrão, agora certamente mais próximo de uma melhoria consciencial depois de ter sido psiquicamente assaltado por sua brandura mínima, mas suficiente.
{Até um roubo seguido de morte (latrocínio) tem o seu quê de bem para a vítima. Ops! - você exclama. A vítima perdeu seus pertences, mesmo tendo se mantido calmo, e ainda perdeu a vida, tendo o ladrão se afastado até tranquilamente para o próximo assalto da noite, fria e calculistamente, mas, mesmo assim, houve justiça, amor e caridade?! Essa realmente é uma defesa dificílima contra essa pergunta-chave de braço surpreendente.
Bem, a lei de amor, de justiça e de caridade nunca falha. Nada acontece por acaso. Nada acontece sem o monitoramento de Deus, que tudo vê e que em tudo intervém. Só que a sempre providencial intervenção divina muitas vezes contraria nossos interesses terrenais, inclusive o interesse de permanecer vivo na carne. Vida para Deus não é somente a vida no corpo físico, muito menos no corpo físico atual. A vida é algo mais amplo, com suas idas e vindas e com as suas estadas alternadas entre as duas esferas existenciais: a esfera terrena e a esfera espiritual. Então, quando alguém morre, por exemplo, de acidente ou de crime na esfera de cá, essa morte pode lhe ser livradora de um acidente maior lá na frente na esfera de lá. Mas que acidente pode ser pior do que a própria morte física? - você franze a testa. - A morte da alma é a resposta! Calma!
Expliquemos: existem níveis de morte. “Há muitas moradas na casa do meu pai”, e nem todas as moradas são do mesmo nível evolutivo. Há, inclusive, as moradas de nível evolutivo inferior ao da Terra. Quando alguém, por exemplo, está numa linha moralmente suicida para a alma, ela pode ter ceifada a vida física, a tempo de não cair no precipício das trevas (ou “inferno”), que é uma morada de segurança máxima em regiões abaixo do umbral, onde, quem cai, normalmente permanece por mais de cem anos. [Daí a ideia religiosa de “inferno eterno”.] É um exemplo. Quer dizer, para o bem dele, foi melhor morrer na Terra, para não morrer nas trevas, para evitar a chamada “segunda morte” longamente dolorosa e sofredora.
Entretanto, a morte antes do tempo previsto pode ser também um prêmio, para se chegar mais rápido em regiões de ventura e de trabalho na seara do Cristo, que se estende nos dois mundos. E muitos acidentados desligam-se do corpo segundos antes do choque fatal, para não sofrerem traumas e para poderem se recuperar mais rapidamente para missões de trabalho na esfera de lá, onde sua mão de obra pode estar sendo mais necessária.}
O importante é, seja como for, se tentar morrer bem, “morrer com educação”, como advertiu Emmanual a Chico Xavier durante um problema de vento de calda no avião em que este viajava. [Lembra-se dessa passagem, no filme “Chico Xavier”? Veja entrevista do próprio, no programa “Pinga Fogo” (início dos anos 70): http://www.youtube.com/watch?v=qSj_1WTH-9I .]
A ideia, portanto, nunca é reagir (que é sinômico de buscar o suicídio), mas, sim, agir. Nada de querer enfrentar, mas, sim, superfrentar.Atuar mentalmente de forma superior, branda, mas firme, imbuído de fé, entregando sua vida e a do irmão equivocado a Deus.
Aqui no normal da relação com um assaltante, quem (re)age mantendo a postura benigna e serena, sem se entregar ao primeiro assalto, normalmente sai incólume do segundo assalto, se houver, e não sofre depois o autoassalto, que é aquela tremedeira nas pernas acompanhada de muito suor, calafrios, dor no estômago, dor de cabeça, aumento da pulsação cardíaca etc. Ele volta para sua rotina agradecendo a Deus pela experiência e buscando aperfeiçoar-se moral e emocionalmente na academia do Mestre Jesus, que deu várias aulas de defesa pessoal em situação de perigo de assalto, principalmente esta lição maior de revide aos ataques subtrativos ou agressivos:
“A qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” - (conforme Mateus 5:39-45)
Tudo isso, na prática, manifeste-se em forma de amor, perdão e compreensão, através de mentalizações vibratoriais superiores.
A ideia não é vencer o inimigo externo. É transformar, neutralizar, dispersar ou afastar o inimigo-mal que é veiculado pelo agente agressor, que não sabe plenamente o que faz. E para isso tudo, é mister vencer o inimigo interno de si mesmo (medo, raiva, confusão mental etc), fortalecendo os músculos da temperança, robustecendo a defesa da fé em Deus e aprimorando-se nos golpes do amor crístico. [“Se não consegues implantar a paz, vence a tua violência íntima.” – Joanna de Ângelis.]
E aí? Que tal se matricular nessa academia? Vagas estão sempre abertas. Ou lá vossa mercê já é aluno formado, um faixa-preta ou um discípulo avançado?