Eu matei o Messias!

Eu matei o Messias!
Oh, meu Deus, como pude?
Como pude esquecer a aliança de seu nascimento, com o frescor do início cheio de promessas, e ainda assim corrompê-lo, deixando de regar as flores desse amor em meu coração, até que murchassem?
Como pude vê-lo nascer, inocente em tenras carnes, como os próprios filhos que pari das entranhas, e não me rejubilar em êxtase com o milagre da vida?
Como pude assistir exalar de sua aura de luz tamanha bondade, a curar os doentes, seus corpos, suas almas, e não me deixar curar definitivamente no meu ceticismo e na minha falta de fé?
Como presenciar seus sermões cintilantes de amor, emocionando-me até as lágrimas com as pérolas que lhe saíam dos lábios, e ainda assim, não praticar nenhum de seus ensinamentos?
Sim, eu matei o Messias!
Matei-o com a ignorância dos ímpios e a amargura dos infelizes. Matei-o por não acreditar na importância da vida que recebi do Criador, no elo inquebrantável que me liga a tudo e a todos...matei-o porque fui incapaz de olhar nos olhos de cada um e ver Deus como ele via...pois que não via a divindade que vive em mim...
E agora? O que faço com o que passou? O que faço com o que virá? O que faço com os inomináveis erros que me prendem a culpa, ao fracasso, a depressão, a menos valia?
Não será essa postura a entrega de fato à morte, a negação, ao erro?
Reflito...
Penso que sim.
Penso que já estou cansada desse caminhar errante, em vã rebeldia pelas minhas próprias incompetências...meu desamor.
Quero agora, crer nesse infinito amor...quero agora, aceitar esse presente e deixá-lo renovar-se em meu coração que se abre aos pouquinhos, um pouco mais humilde, um pouco mais consciente
de algo tão maior do que eu...tão incompreensívelmente atávico e sagrado, inalcançavel ...mas só se não me desprendo de tantos laços e véus...
E ainda assim vislumbro...e só o que quero é ser poeta...ser um nada...leve brisa a entoar baixinho um som em sua glória...um singelo cantarolar a esse Messias que eu matei e que permite que eu me perdoe, simplesmente...
Permito-me agora, emocionar-me novamente com suas parábolas cheias de encanto...de olhos fechados... imaginar que eu possa beijar seus pés que sabem por onde andam...enquanto eu nada sei...e ouso dizer que tanto o amo...
E ouso sonhar e acreditar nos meus sonhos. Sonhar na vitória do amor porque a coroa ao Bem pertence. Ouso, num tremendo esforço de resgate da inocência perdida, acreditar que ela não esteja perdida definitivamente e que no mais profundo fundo de nós mesmos, somos todos crianças puras com direito ao Paraíso...
Acredito, mais do que isso, confio...mais ainda, SEI, que ele é a mais pura personificação do Amor Maior, da Luz Solar, da Salvação de toda a humanidade, esquecida que está da vida espiritual, que é a Verdadeira Vida...
Sei!
Do humano em nós que ele representa.
Que ele é.
Aqui e agora e nesse dia de Natal e sempre...
Que renasça o amor em nossos corações e que recebamos sem temor, as suas poderosas bençãos de renovação!

Lídia Carmeli
Enviado por Lídia Carmeli em 24/12/2010
Reeditado em 02/02/2011
Código do texto: T2688818
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