Essência e existência

Parece-me que muita gente acredita na vida d´além-túmulo. Mas poucos compreendem que não somos um corpo, e que este é apenas um instrumento de trabalho enquanto permanecemos na Escola Terrestre de Ensino Fundamental.

Para facilitar a compreensão sobre o corpo e a vida (existir e ser), proponho um pequeno exercício, que pode ser apenas imaginado, ou então executado na prática: Peque uma lâmpada e coloque em um soquete ligado a uma rede elétrica. A lâmpada acende. Tem "vida". Percebe a diferença entre a lâmpada ligada ao soquete e a lâmpada desligada? É a energia luminosa, que percorre seu corpo vítreo.

Agora imagine um corpo humano vivo e compare com um cadáver. A diferença é que o vivo tem consciência e pode fazer do corpo o que quiser: Caminha, se deita, ingere alimentos. O cadáver nada sabe. A diferença entre eles é a vida, que no cadáver não está presente.

Somos como lâmpadas ligadas à vida, que é Deus. No momento em que o Ser em nós abandona o corpo, este se apaga, fica inerte, como em sono do qual não acordará. A vida, o ser que estava nele, o abandonou e está em outra dimensão.

Eu sou a vida, eu tenho um corpo. O espírito sou eu. o corpo é meu (veja obra de Huberto Rohden). O corpo é uma terceira pessoa em relação ao verdadeiro eu, a essência. O corpo é da existência, que termina com a "morte". O corpo se desintegra, o EU permanece íntegro.

Jesus, o Cristo, deu muita ênfase à questão de SER e EXISTIR. No evangelho de João, Ele aborda essa questão:

"Disseram-lhe, pois, os judeus: 'Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão?'" Respondeu-lhes Jesus: 'Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou'". (João 8:57,58).

É claro que quando Abraão existia na forma humana terrestre, Jesus não estava no planeta, mas o Cristo, o Logos, a Palavra, é desde sempre: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus." (João 1:1).

Abraão existiu em corpo, mas não existe mais. Seu espírito, porém, a luz que saiu do seu corpo, da mesma forma que a energia elétrica saiu da lâmpada, ainda é. Cristo é. Jesus existiu por 33 anos. O "EU SOU" já aparece no Velho Testamento: "Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." (Êxodo 3:14).

O "EU SOU" se refere à essência, que, como diz Éxupérie, no livro "O Pequeno Príncipe", é invisível aos olhos. Ser vem do latim "essere". É a essência de tudo, pois antes que o universo existisse, o SER simplesmente "É" para sempre.

Tudo que é material sofre mudanças todo o tempo. Não se toma banho duas vezes nas águas do mesmo rio, disse Heráclito. Deus (o SER LUZ) é sempre o mesmo, mas se manifesta nos existires, sem repetir sua obra. Até os irmãos gêmeos univitelinos são diferentes em alguns detalhes.

Nosso corpo começou a se formar quando do encontro entre os gametas masculino e feminino. Mas a origem da vida não seria determinada por esse encontro. A vida que fará daquele corpo em formação um antropos (ser humano) iluminou aquele pequeno corpo e o manteve em seu desenvolvimento, acompanhando-o até o dia em que dele sairá, para a existência na terra, ou quiçá em outros mundos da inconmensurável casa do Pai. É a luz a que se refere o evangelho de João, no capítulo um, versículo nove.

A vida não tem fim nunca. Ela é. Não deixará de ser. O corpo é descartado. A vida nunca será descartada. Ela é consciência de si mesma.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 23/12/2010
Reeditado em 06/02/2011
Código do texto: T2688614
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