A paixão que vira ódio
Os extremos costumam se encontrar no infinito, porque os extremos são o próprio infinito.
Assim, o amor, em excesso, incondicional, o sentimento obsessivo, presente todo o tempo, seria doença do coração?
Amar a alguém, elevando o objeto do amor ‘a categoria de mito, herói perfeito, cavaleiro intimorato e sem defeitos, perfeita idealização de todos os sonhos, capaz de fazer viver em permanente ansiedade , remete ao extremo oposto, o desprezo, o ódio, a ojeriza, o nojo, quando há o sentimento de traição, quando as enormes expectativas são frustradas, quando os sonhos desmoronam.
Eis que a perspectiva segura da paixão é ser, inevitavelmente, frustrada. Porque não é razoável que alguém mantenha indefinidamente a perfeição imaginada.
Todos somos humanos, sujeitos ‘a fraquezas e erros, que não nos tornam menos humanos.
Assim, a paixão fornece excelentes temas para histórias, mas não o amor verdadeiro, humano, posicionado dentro da concretitude da vida, no seu dia a dia, com as dificuldades, acertos e erros da realidade corrente em sua mudança inclemente.