Olá, (4)

pessoas imundas que existem no pequeno intervalo entre uma dor e outra, respirando poeira e expelindo desgostos, sorrindo por fora e morrendo – a cada segundo – por dentro. Seus corações já não suportam mais continuar sofrendo, no entanto, tantos de vocês não conseguem ficar sem causar dor. A maldade é algo presente no fundo de suas escuras e horríveis almas desoladas. E vocês sabem muito bem como é este sentimento que vem das camadas mais baixas de suas periferias, do mais fundo poço de ressentimento. Tal qual a vingança.

De repente, ao perceber que alguém ali no canto da sala, mesmo que sozinho, sorri, vocês então começam a desmoronar por dentro. Como se uma chuva de orgulho inundasse seus corpos e uma chama de discórdia ardesse em seus olhos assustados, cerram os punhos e se enfurecem pelo bem estar alheio. É simplesmente a incapacidade de aceitar que alguém é mais feliz que vocês, isto é, se pelo menos forem felizes de algum modo. O que eu acho difícil.

E suas mentes sujas trabalham dia e noite, noite e dia, num incansável e perfeito plano de destruir a felicidade do outro. Como se para vocês fosse uma espécie de necessidade ver alguém na sala, no buraco, no cemitério, jogam os dados e calculam todas as jogadas possíveis para aquele número de pontos. Tendem a ficar acordados a noite inteira bebendo café para se manter alerta ao menor movimento que o alvo possa fazer para se libertar da armadilha.

Não bastassem a inveja e a cobiça, ainda existe esse cortiço sentimento de desagregação. Com suas almas animalescas e seus instintos diabólicos, ateiam fogo nos planos, desejos e sonhos da primeira pessoa que estiver um pouco mais perto de realizá-los que vocês. E, quando penso que a tortura acabou, vejo que tudo isso não passou de uma pequena introdução ao mal maior o qual vocês são capazes de praticar apenas por prazer e frustração consigo mesmos.

E não importa que os olhos alheios se encham de lágrimas, que jorre sangue sobre o reflexo de vocês no espelho, não se permitem parar de cometer tais atrocidades. São demônios em busca de sofrimento e perda apenas para tentar se conformar com suas medíocres vidas cheias de nada e sem nenhuma conquista. Pobres almas tentando incansavelmente sobrepor as suas próprias decepções.

Beijinhos de grife,

Lennah Culler.

P.S.: Bem, este foi mais um trabalho com meu heterônimo Lennah Culler. Espero que tenham apreciado.

Hannah Andrade
Enviado por Hannah Andrade em 20/12/2010
Código do texto: T2682022
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.