Compaixão
A desgraça alheia atrai muitos espectadores, quando nos deparamos com tragédias e calaminadades, sejam elas provocadas pelo homem ou naturais, onde humanos se desnudam, como pobres-diabos, não nos custa muito tirar do nosso precioso tempo, alguns minutos para desviar a atenção das nossas próprias dores para lamentar as dores dos outros. Há uma explicação para este fenômeno, que pode ser, até certo ponto relativa. Os homens são solidários, geralmente na dor, já no prazer são egoístas, ao passo que não há hipocrisia em seus desejos, não se convida, por exemplo, desconhecidos para um banquete ítimo. Por isso chamaram o Cristo de louco, quando aconselhou o contrário. Ele dizia, quando fores dar uma festa, convida aqueles que não podem te retribuir, vai às ruas e convoca os mendigos, os doentes e pessoas miseráveis que não têm como te pagar de volta a gentileza. Qual sentido exato desta palavra nas relações humanas? Compaixão, uma palavra que traz sob seus lombos um peso desmedido, uma força descomunal que a etimologia lhe impôs, devíamos pensar um pouco mais sobre nós, e como reagiamos em algumas ocasiões, por exemplo, como nos esforçamos para avisar que a porta de um automóvel está aberta e oferecendo perigo a um passagerio desconhecido. Também porque somos capazes pular na água ou entrar no fogo para salvar um desconhecido. Por quê isso se dá com todos os homens? Responde o inocente, talvez pelo amor ao próximo, por compaixão. Na verdade pensamos em nós próprios, diriam que inconsciente, eu porém, digo que pensamos mesmo de forma muito consciente. A dor alheia é, sobremodo o prelúdio de nossas dores, sinais naturais de que também passaremos pelo mesmo caminho, logo esta memória coletiva, de que a dor é o fim ou a ausência do prazer nos assusta e, a aparente ajuda ou preocupação com o próximo nos permite esquecer ou mesmo dividir a nossa dívida, culpa de uma consciência agonizante. O que observamos no sofrimento alheio, é um tipo de aviso de que a fragilidade humana poderá em breve nos trazer efeitos penosos, a lembrança da nossa própria tragédia natural, a dor, o sofrimento, e impreterivelmente a morte.. Sabermos que a desgraça dos outros nos faz sentir impotentes, também revela a nossa covardia, e o orgulho ferido nos acusaria, se não o acudíssemos. Primeiro agimos por nós mesmo, depois pelo fato moral de sermos condenados pelos que nos observam. do livro. Ensaio sobre a Loucura