CONVERGÊNCIA

CONVERGÊNCIA

Ou o dia em que o mundo digital a mercê do vírus do mal precisará de uma camisinha digital no pau

Sylvio Neto

Há algum tempo (estamos a 21 de Jan de 05), assisti o presidente da Microsoft – e não era o Bill Gates, pois este, é o dono da Microsoft e ocupa um cargo que o permite estar livre para perceber novas oportunidades. É ele, quase um filósofo do mundo dos negócios a contemplar a natureza infernal da concrete jungle – em entrevista ao programa RODA VIVA da TV CULTURA de S. Paulo, transmitido pela nossa querida TV Educativa, canal 2 do Rio de Janeiro, dizer que a Microsoft, investia na Convergência (os investimentos em tecnologia da Microsoft são maiores que os orçamentos destinados a tecnologia de diversos países do mundo). O impacto da entrevista em minha maneira de pensar, escrever, ver e entender as "coisas" e re-entender o que é convergência foi tão grande que compus um cem número de poemas que agrupei no livro (ainda não editado – não gracejem) CONVERGÊNCIA POÉTICA (Sussurros Permanentes e Conexão Poética).

"O MUNDO CONVERGIU!

Computação, eletroeletrônica de consumo e telecomunicações se misturam nesta e na próxima onda digital ".

A chamada ou afirmação anterior são título e sub título de matéria de capa, da Revista Info (edição de Dez/04, nº 225) e não são de minha autoria, convergiram a mim pela mão de Lucia Reggiani uma das correspondentes da revista.

O tal presidente, que não lembro o nome (não posso dizer de meu texto um ensaio, pois que, nem das fontes me lembro, tenho acesso ou dou referências – valeu André!), tinha razão.

Mas, se o papo é convergência, posso ultrapassar o foco central da discussão aqui textualizada e explorar outros formatos e significados não cientificistas da palavra, que estão no mundo e invadem os jornais: polícia/tráfico (qualquer um tipo de), segurança pública/tecnologia, meio ambiente/política/devastação ambiental/poluição/tecnologia como solução e como causa, educação/tecnologia, educação/globalização/neoliberalismo/monopólio e aí vai...Tectonia/sismo marítimo/Tsunami/praia/catástrofe. Ufa!!!

Até a ´poesia, minha paixão, já citada acima está nos Blogs, e-book´s e tal, formatos tecnológicos de convergir a um grupo maior e seleto de pessoas. Convergência. Pergunto, o que não converge?

Esta é uma palavra antiga - gostaria de ter aqui um filólogo para dar conta de sua origem (também um enólogo, para indicar um bom vinho para o momento da composição) – que recebe uma carga contemporânea de conceituações com um feeling de futuro: "O computador recebe tv, a tv acessa a internet, a internet transmite voz, o celular troca dados e tira fotos, a câmera grava vídeo e toca mp3, o mp3 player guarda fotos e mostra na tv" . Ufa!! de novo. A maravilha não é barata, existe para poucos. Existe, já hoje, um bom número de aparelhos de tv e de equipamentos que são convergentes, primos, irmãos e consonantes do mesmo processo. Comprá-los é objeto de desejo de muitos e poder de poucos. Cuide-se, não deseje sem poder, pois que, sofrerá irmão!

A reportagem da revista, relembra a matéria jornalística da TV Educativa de anos atrás e configura um presente altamente High Tech e um futuro Jetsoniano: " A convergência num futuro mais adiante é outra história. A Intel trabalha na produção de chips para um mundo móvel em que qualquer dispositivo computacional terá capacidade de se comunicar sem fio. Já a IBM privilegia a integração de funções. O projeto Blue Octane, por exemplo, desenvolve um circuito único para carros como objeto de convergência entre funções de locomoção, comunicação via celular, monitoramento, entretenimento e conforto." – vale a pena ler as reportagens da edição aqui citada, mas é preciso ter pé no chão, eu, que tenho uma cabeça que gosto que avôe (como diz Wally Salomão), viajei numa aula de História ou Geografia com todos os objetos de desejo aqui citados, incluindo é claro microfones madona e um home theatrer com surround. Imagine só, eu que "não dou aula" e "sim show", passaria a ministrar "mega-eventos de educação", cultura e entretenimento.

Devo admitir caros amigos da lista, que a minha capacidade de ser prolixo tem aumentado muito. Pior, minha capacidade de tirar coelhos do concreto aumentou, pois o que eu quero chamar a tona, teve na balela acima apenas o couvert. Converge de toda a tecnologia discricionada neste artigo grave problema, grave medo e ambiciosa cruzada por sua solução:

Bom, para os amigos que gostam de gastar pequenas fortunas em aparelhos celulares ultra e hiper-modernos, pra módi puder freqüentar com seus notebooks, os sites e páginas da grande rede, conhecida por WWW, world wide web, segundo Duda Salvato vão encontrar dureza, pois, segundo ele: BANDA ENCRENCADA, Acessar a internet com o notebook pela rede celular ainda é dureza;.

Muitos dos objetos de desejo lançados no mercado não possuem ainda a reciprocidade necessária a seu bom funcionamento nem tampouco acessórios e técnicos para a sua manutenção;

Converge a nós então e ainda muita encrenca e pouca solução.

Estamos avançando em tecnologia e no papo nosso, mas seria muito legal se o mundo da tecnologia tivesse inventado algo eficaz como uma camisinha. É isso mesmo, uma camisa de vênus ou espécime similar que pudesse evitar com a eficácia que se atesta dela, o HIV e até mesmo as DST para o mundo digital. Algo que evitasse os vírus. Os fora da lei e os "dentro da lei". Essa praga chamada vírus - que infecta o homem e também a máquina, que faz desabar o evangelho quando olhamos o povo da África Negra, sub saariana e suas estatísticas de infectados e mortos quase prova que Nietzche em O Anti Cristo, quando fala da fraqueza de um certo homem do Mediterrâneo, estava certo, também as frases poético-musicais de Gilberto Gil em Procissão, quando canta o acreditar nas coisas do céu e a espera no que Jesus prometeu, diante do número de infectados e mortos no pobre hemisfério sul, terra onde deus não está presente, dão a carga da grandeza diabólica e perigosa do famigerado senhor vírus – Fausto, das empresas anti-vírus, que não sabem (ou não querem, ainda) construir uma camisa de vênus eficiente para por no pau digital doente do mundo cibernético, hoje, convergente.

Existe uma convergência nominal, numérica, entre a infecção por vírus de HIV dos povos africanos sub saarianos, latino-americanos e asiáticos e os números de infecção por vírus de computador nocivos no mundo todo. Dos números da doença AIDS eu não sei, exatos (de certo que são, infelizmente milhões, é óbvio), mas dos números da doença digital "há mais de 115 milhões de máquinas infestadas com programas nocivos no mundo, das quais 11 milhões se mantêm sempre infectadas" , afirma John C. Dvorax.: Abriu e-mail, baixou imagem, música, comprou? Cuidado...você pode se tornar um robô de spam, ter o número de seu cartão de crédito e senha aprisionados e ter um espião dentro de casa, mais precisamente dentro de seu computador.

Aquele senhor que citei no início deste longo texto, reverenciado e que atende pelo nome de Bill Gates, autor do livro Estrada do Futuro (Cia das Letras), entregou no pacote do Windows XP SP2, o firewall, arma que pretende-se eficaz, mas ainda não é uma camisa de vênus para evitar com precisão os vírus nocivos.

Os sites legítimos, aqueles que atendem ao rigor da lei e que exploram o comércio eletrônico, também possuem vírus espiões., servem eles para saber qual a preferência de compra dos fregueses e assim poderem melhor atendê-lo na existência de uma necessidade. Quando você compra, pequenos farejadores, são introduzidos em sua máquina, fazem o jogo sujo apenas para sua comodidade. Coisa do comércio. Amigão, não espume pelo canto da boca feito o vulgo e perigoso, elétrico Júlio César Lima Belinay, da maravilhosa banda EletroSamba, isso não é ilegal. Se fosse, o rigor da lei, neles. Não sendo, senta e chora ou quem sabe não será melhor ir a loja comprar seu objeto de desejo ou necessidade, pessoalmente? Se quiser uma sugestão, compre o cd do EletroSamba.

Imagine se a criatividade dos loucos e impossíveis detentores do saber da terceira revolução técnico científica, senhora mantenedora das possibilidades dos fluxos intermitentes de mercadorias, idéias, pessoas e finanças, mãe adotiva da regionalização e da famigerada globalização, resolvem por um influxo divino, daquele mesmo por quem esperam muitos, desenvolver um vírus letal, do tipo bomba atômica que infecte um terço dos computadores do mundo, organizando uma catarse catastrófica geral do tipo: Paralisação geral completa e irrestrita dos computadores mundiais. No meio da cirurgia de catarata da sua avó ou no quarto final da cirurgia de transplante de córnea do primo do neto de seu avô.

Aquele mesmo Bill Gates, o filósofo de mercado, lembra?Pois é, ele é sempre o apontado como culpado por todos os tormentos do mundo digital, também arrota bytes e softwares. Mas, também é ele o que paga a conta dos investimentos para a cura. Sei não, mano. Há aqui uma convergência sinistra.

Bem, enquanto não chega a camisa de vênus do byte belinay, Firewall neles. Voltaremos a nos falar sobre este mesmo assunto. Faltou disparar ogivas nucleares e ataques com armas químicas...Fala sério.

Sylvio Neto
Enviado por Sylvio Neto em 21/06/2005
Código do texto: T26641