Incomum

Uma sombra subiu as paredes buscando uma teia esquecida.

Exatamente onde uma aranha dormitava seus desejos maquiavélicos.

Seria normal se fosse um sábado de muitas festas.

Mas, era uma sexta-feira. Nem santa nem sombria. Apenas, única.

E injetando sangue nos seus pés de muitos dedos,

puxou uma linha da teia.

Sem motivos.

Um bailado nervoso seguiu-se a isto.

A aranha atacou a sombra que por sua vez perdeu o equilíbrio.

Não havia nada a ser feito.

Enquanto eu observava o ataque, a água fervia ao fogo.

A aranha ganhou a batalha após engolir a sombra.

E após, caiu próximo aos meus pés.

Deixei-a ir. Liberdade é a única receita indolor para a vida.

Mas, era uma sexta-feira. Nem santa nem sombria. Única, apenas.

E após a água ferver até secar, me dei conta que havia perdido

o comum: não havia sinal da teia. Aliás, nunca houve uma teia.

Sombras? Várias.