FOGO MORTO

“Obra mais bem acabada de José Lins do Rego. Organiza-se em torno de três situações dramáticas, centrada cada uma em personagem autônoma, e aglutinadas tão somente por fatores geográficos. Algumas características de novela estão presentes”. MM

“FOGO MORTO lhe trouxe importância literária, justamente porque o comprometimento da memória se atenua e se equilibra com o auxílio da imaginação, embora de curto vôo, resultando numa obra harmônica das mais importantes da ficção nordestina”. MM

“FOGO MORTO, exemplo de romance de intriga em que o enredo e as personagens caminham associados para um fim implícito no primeiro e no modo de ser das outras, conduzidas por um fatalismo de tragédia grega”. MM

JOSÉ LINS DO REGO é picaresco* no sentido mais amplo. É memorialista e autor de ficção. Pode ocorrer osmose entre as duas expressões de seu projeto literário – Meus Verdes Anos e os volumes do “Ciclo do Açúcar”. Serve do monólogo interior ou do solilóquio.

FOGO MORTO caracteriza a total decadência de um engenho.

A passagem que justifica o título FOGO MORTO: “D. Amélia fechou a porta da cozinha. Dentro de sua casa havia uma coisa pior do que a morte. (...) Viu a réstia que vinha do quarto dos santos, da luz mortiça da lâmpada de azeite. (...) Acabara-se o Santa Fé.” - Questão do vestibular da UFES.

FOGO MORTO

1ª parte – “O Mestre José Amaro”: gira em torno do velho seleiro; sua mulher e sua filha louca, com quem ele vive no engenho Santa Fé. No nível da narrativa, o problema de José Amaro é a intimação que recebe para abandonar as terras do engenho.

O Mestre José Amaro ferido no seu orgulho doentio, por repetidas adversidades – a loucura da filha Marta, a fuga da mulher, Sinhá, o espancamento que ele próprio sofre das mãos da polícia, por ter ajudado o bandoleiro Antonio Silvino – acaba suicidando-se.

2ª parte – “O Engenho do Seu Lula”: nesta parte o narrador conta a história do Santa Fé, do período de glória até a decadência. Na Casa Grande vivem: o Coronel Lula de Holanda, Amélia, sua mulher, a filha neném e Olívia, irmã de Amélia.

Narra a criação do Engenho Santa Fé pelo Capitão Tomás Cabral de Melo; o primo, Lula de Holanda Chacon casa com Amélia, filha de Tomás. Com a morte deste, Lula se adona de Santa Fé, revela-se um homem mau e acaba por se tornar proprietário de um arruinado engenho de fogo morto.

3ª parte – “Capitão Vitorino”: nesta terceira parte o narrador focaliza o compadre de José Amaro, espécie de herói quixotesco, sempre lutando por justiça, ao lado dos humildes e contra os donos da terra.

Capitão Vitorino, personagem amalucado e idealista é o defensor dos humilhados e ofendidos. Apelidado de “papa-rabo”, o capitão se insurge contra a prepotência dos senhores rurais, os desmandos da polícia e as violências dos cangaceiros.

As três partes estão articuladas de forma a mostrar a decadência do engenho Santa Fé e de seus habitantes. Amaro se suicida. Lula está muito doente; salva-se o quixotesco Vitorino.

“A barba de Seu Lula era toda branca, e as safras de açúcar e de algodão minguavam de ano para ano.”

Índice de decadência do engenho:

À carruagem: os cavalos velhos;

Às terras: o mato cobrindo tudo;

À Cozinha: só tinha uma cozinheira.

“Fogo Morto” expressão que serve para designar os engenhos paralisados, o contrário da expressão: “... acendia sua fornalha...”

— A usina aparece mais como índice de decadência de uma sociedade do que símbolo de transformação.

— O estilo se marca notadamente pela utilização de frase curtas e predominância da coordenação.

— O signo da morte está presente em toda a sua obra.

Nota: O Coronel José Paulino, de obra anterior, homem duro, porém humano; pai de família reto e trabalhador aparece em FOGO MORTO como um presunçoso senhor de terras;

Em MENINO DE ENGENHO – José Paulino é avô de Carlos de Melo (engenho Santa Rosa).

DOIDINHO – Carlos Melo retorna do colégio interno para o Engenho Santa Rosa, do avô José Paulino.

BANGUÊ – Carlos volta, formado; luta desesperadamente para salvar o engenho em decadência, engolido pela usina. Seu avô José Paulino está morto.

Coronel Lula de Holanda considera o Capitão Vitorino, um vadio, um vagabundo.

A intenção do Capitão Vitorino é acabar com o José Paulino.

*como personagem, representa um ponto de vista satírico e amoral sobre a sociedade, seus usos e costumes (Orlando Pires).

Rita de Cássia Amorim Andrade
Enviado por Rita de Cássia Amorim Andrade em 02/12/2010
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