Sobre o Caim de Saramago, e sua obra... trecho do meu Moralista

O Saramago escreveu o livro plagiando o enredo da Gênesis Bíblica e deu o nome a este livrinho de “Caim”. Na verdade ele se apoderou do texto sagrado para “criar” uma nova visão das escrituras, sobretudo de um dos mais insignificantes personagens. Caim de Saramago é horrendo, um espírito perdido que vagueia por espaços atemporais, e mete o medelho nos temas sagrados para tentar esplicar a metafisica da Bíblia. Ele viaja nos lombos de um jumento, persegue Deus como um caçador de mistérios, mas o resultado é desolador ao perceber que os argumentos por ele usados, para defender uma tese diabólica, sobre os motivos de Jeová criar e destruir magistralmente, por meio lições necessárias para uma humanidade futura e mais humana, não lhe agrada. Para quem quiser se aprofundar no estudo da alma de Saramago verá que a revolta que ele demonstra contra Deus, tem uma razão no lugar mais recôndito do seu espírito. Percebi que o fato que mais lhe incomoda, em todo o contexto de sua descrença, deve-se ao fato de ele não compreender os motivos pelos quais Deus pede para Abrão sacrificar seu filho Isac... não resta dúvida de que ele não se aprofundou no estudo das nações contemporâneas. Apesa de ele citar ampassã, o deus baal, não quer dizer que tenha entendido que a cena do sacrifício de Isac não revela um costume do Deus Hebreu, pelo contrário, há muito textos que corroboram com a justiça divina, de que ele nunca pediu ou aceitou sacrificios humanos, exceto o do seu próprio filho, o Cristo. Diria ainda o imoralista que sou preconceituoso. Respondo que não, não sou preconceituoso, sou sim um moralista, apenas um moralista Cristão. É este o tema deste livro que estás lendo, esqueceste?

Eu li Caim, por curiosidade é claro e achei de muito mau gosto para um Nobel de literatura. Neste livro tosco ele disserta até sobre a possível caganeira, (hoje em dia conhecida como desarranjo intestinal) que, segundo ele, nossos pais tiveram ao comerem das frutas e folhas existentes ao redor do jardim do éden, no início da existência humana, quando ainda não havíamos inventado a pizza, cachorro-quente e outras guloseimas. Há neste livro um retrato psicólogico de um escritor velho e impotente, a meu ver, Saramago, a exemplo de Garcia foi mais um velho revoltado com a natureza, ele, talvez por ter se casado com uma mulher muito mais jovem que ele, deve ter sentido na pele os efeitos da decadência físico-sexual. As cenas que ele constroi de Caim transando com sua amante Lilith, a esposa de Noah, são deveras aterradoras, animalescas, para não dizer sadomasoquistas. É digno de nota, que Saramago, sendo Ateu confesso, use termos cabalisticos em seus livros, como este, Símbolo, (Lilith), que é reconhecido como um demônio, a soma de três anjos cabalisticos medievais.

O livro Caim, é de fato uma releitura, groso modo, de Charles Bukovski. Um livro sem atrativo intelectual, sobretudo para quem busca a profundidade de um nobel, uma temática àrida para um Ateu, que se não o fosse teria explorado o lado espirutual dos “seus personagens.”.

Faço aqui um protesto justo, agora que virou moda conceder honras a escritores mortos, como no caso de Vinicius de Moraes, seria mais que justo que o Grande e único bom escritor brasileiro recebesse, mesmo que depois de morto, o prêmio nobel de literatura. Acho que vou levantar esta bandeira, talvez pedindo para o Lula, que se faça justiça, pois não posso concordar que Saramago seja o único escritor de língua portuguesa a receber tal regalia.

O problema do “Fator Deus” de Saramago é que ele não discute de fato o fato, se Deus existe ou não. Além do fato de cometer um equívoco amador, quando atribui uma máxima de Dostoiévski a Nietzsche. “Se Deus não existe então tudo é permitido” Eu lamento que um escritor tão renomado como ele não tenha tido cuidado ao citar como embasamento um autor que parece desconhecer. Penso que o escritor que se autodenomina ateu ou cristão quer, a meu ver, chamar a atenção do mundo para sua obra, quando o ideal seria chamar a atenção pela obra e não pela crença ou descrença.

Eu antes citei, em algum lugar, um pouco atrás, o livro fraco de Saramago, Caim. Agora que ele morreu, alguns leigos andam lhe atribuindo honras de santo. Acredito que até uma ou outra ala da igreja católica o venera também, afinal, este adorável ateu se tornou o único escritor de língua portuguesa a ganhar o famigerado Prêmio Nobel de literatura. Critico-o, com forte razão, porque não me parece razoável que um indivíduo tão estudado não tenha percebido que existe na alma humana algo divino. Não importa o nome de Deus, se é Javé ou Jeová, o fato é que a razão em si aponta uma inteligência superior. Mas nosso querido espírito português talvez tenha sido em grau extremo vitima da miséria e por esta razão nunca desenvolveu nenhum coeficiente de fé.

Sobre os seus argumentos – a desgraça humana, as guerras santas, as ideologias cegas e insanas do oriente ou a quantidade de mortos por questões políticas – nada disso serve como um argumento racional para quem conhece a fundo o outro lado da moeda, para quem sabe das origens das barbáries nos homens. A ignorância dos indianos, a crença em animais, não revela apenas um Fator Ignorância, atraso mental, conseqüência de vidas miseráveis e tribais?

Ainda fica evidente, para mim, que esta descrença dos literatos serve apenas para proteger suas inanes consciências, quanto à miséria dos seus irmãos. Muitos enricam, ganham prêmios milionários, por terem ousado pôr o dedo no olho de Deus, mas pouco ou quase nada fazem pelos miseráveis.

Quando um espírito avança em conhecimento, quando chega ao topo da torre de babel, ele não se contenta mais com algo que não lhe pareça lógico e, por algum tempo fica perdido, por que não consegue explicar o “COGITO, ERGO SUM”! Prefiro os sábios que não precisam negar o divino para viver o profano. Cumpre lembrar ainda, que poderíamos usar o Fator Divino em vez do “Fator Deus”, pois o que deve ser entendido e aceitado, para melhoria da humanidade, é a percepção da essência superior da razão espiritual no homem.

Para Saramago um Mau descanso.