DA FELICIDADE

Quando eu nasci me disseram que seria feliz

Acreditei, era pequeno demais para duvidar

Então...

Fui crescendo e aos poucos aprendendo

Mas nunca entendi o que era ser feliz

Eu achava que era um... um estágio de extrema alegria

Quase um êxtase, sem medida e sem controle

Eu achava que era algo que eu pudesse carregar e mostrar, como um brinquedo.

Ou seja, feliz para mim era algo palpável

Material mesmo, que pudesse ser tocado.

Mas fui ficando mais velho

E aprendendo que não era nada daquilo

Felicidade não era isso ou aquilo que pudesse ser medido

Não!

Era mais que isso

Era tão mais que isso que não saberia como explicar

Então, quando me perguntam se sou feliz, sabe o que respondo?

Respondo assim: pense na felicidade como uma conta, assim, pense nos amigos que tem. Se tem irmão, pense neles, no seu pai, na sua mãe, não deixe de incluir sua esposa ou companheira, se tem filhos, pense neles também, não deixe de incluir as tristezas, tente perceber se lhe ensinaram algo, e se com isso, te fez ser melhor. Se ao final o resultado igual à zero, ai pode-se dizer que você é feliz, fácil não. Bem, talvez você não concorde. Sim porque vivemos na constatação numérica da vida. Tal fulano tem uma vida boa porque tem esse carro, mora naquele bairro, veste tal marca, ou seja, a mercantilização, e consequentemente, a tabulação dos índices da vida reenquadram a vida numericamente. Somos despojados dos nossos mais abstratos sentimentos e recodificados sob preceitos da gerência racional. E nessa nova maneira de se encarar a vida, a felicidade já não corresponde àquela a que me referia. A felicidade que vislumbro é mais simples, ela é apenas um estado de bem querer, só isso. Um bem quere sem nada em troca. Um bem querer de coração. Viu, como é fácil ser feliz?