Catagênese
Abrirei a porta
e dividirei a fuligem. E só.
Ao abri-la
verei tudo o que já sei:
um soslaio inseguro do olhar
uma reprimenda muda de ecos.
Sem ofensa, mudarei o cenário.
Deixarei a fuligem grudada:
não há absoluta intenção
de revolver o passado.
Ela, por si só já é patrimônio.
A trinca já se plasmou
de forma serena e absoluta:
um traçado regular mas, seco.
Uma trajetória de fios
desconectados mas, informadores.
Omega é o ponto.
Então tratarei dos poemas dos mortos
e das flores semitortas.
Nas superfícies lodosas
não farei o risco e nem jogarei na sorte
porque o azar é um intuitivo
usurpador consorte.
E eu, experiente, carteando
reis, valetes e ases
não desejo aparte.
Apenas que o show
não termine em morte.