A MULHER PERFEITA, IDEAL

A MULHER PERFEITA, IDEAL

- Vamos lá, pessoal. Então quais devem ser os critérios que diferenciam a mulher perfeita, ideal, das outras, por assim dizer, imperfeitas?

A pergunta surgiu em meio a uma discussão interminável em que lamentávamos a falta que faz a mulher perfeita, ideal. Digo discussão porque os moldes de mulher perfeita, ideal, eram tantos quantos as pessoas ali à mesa.

- Certa vez, encontrei uma próxima da perfeição.

- Poxa, uma que alcançasse quase dez na escala de deslumbramento já satisfaria boa parte das minhas fantasias.

O papo entrou pela noite, não havia nenhuma mulher perfeita, ou quase, pelos arredores que nos fizesse esfriar.

Voltei para casa pensando que a unanimidade quanto aos atributos da mulher perfeita, ideal é tão difícil de se chegar quanto de encontrá-la. Ela só existe nos sonhos e nas listas provenientes de conversas de bar.

Em geral, o que ouvimos nos relatos é uma empolgação inicial, seguida de uma desilusão localizada no mau hálito, numa unha encravada, em espinhas só vistas na intimidade ou no gênio (truculentas, ciumentas, metidas) - isto sem falar nas maníacas por ecologia, nas eternas contestadoras e nas que sentem falta de ar e que são ardidas, sexualmente falando.

Eu, como todo mundo, coleciono mulheres imperfeitas, mas tenho o meu padrão de mulher perfeita, ideal e que, para mim, é muito mais perfeita do que a dos outros; afinal, é uma criação em que sou o autor. Certo, devo me aperfeiçoar para fazer jus a ela. Tenho lá minhas limitações, porém algumas qualidades muito próprias. Se ela não me quiser de jeito algum, essa sua recusa vai torná-la não muito perfeita, porque o fundamental, para que ela mantenha o título de perfeita, é estar caída por mim.

Uma noite, por obra do acaso e iniciativa de uma amiga, fui apresentado a uma que cheguei a achar ser perfeita, ideal. Porém, após os primeiros quinze minutos de conversa, ao receber meus elogios quanto à sua beleza, ela afirmou que detestava esses homens que ficam perdendo tempo discutindo ou escrevendo sobre a mulher perfeita, ideal, como se fosse um objeto! Falou isto com o dedo em riste, dedo que apresentava uma unha tortíssima!

Do livro de humor reflexivo "Sexo, Mulheres e Ecologia" de Luiz Otávio