DIÁRIO DE UM MALDITO - 1

Diário De Um Maldito

"Vá bater nos túmulos e perguntar aos mortos se querem ressuscitar: eles sacudirão a cabeça em um movimento de recusa."

-- Schopenhauer --

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Não vejo sentido algum em continuar vivendo. Não estou sendo apenas sentimental, os sentimentos costumam nos levar a esse ponto, mas o que digo, digo depois de muita auto-análise.

Sei que posso ser muitas coisas ainda, mas não sei se quero. O único desejo que se torna cada vez mais constante é a paixão pela morte e por tudo o que ela representa. Se esta é a única certeza que temos na vida e nesta nunca tive voz para decidir nada, então por que não decidir o momento da minha morte?

“Morrer, dormir...” Nesse instante, sei que não tenho motivos dignos para tirar a vida, mas a minha razão é justificável quando se trata de não haver algo que me ligue a esse mundo exceto pelo corpo que me aprisiona.

Quem sabe a morte não seja a liberdade tão sonhada, tão almejada, ao menos, por mim?... Quem sabe o medo do desconhecido apenas faça com que as pessoas a mistifiquem de modo que tenhamos medo dela? Me afligia esse tal medo, mas agora ele mais me atrai que qualquer outra coisa. Exerce sobre mim não somente curiosidade, mas a possibilidade de uma salvação que, com certeza, não terei se insistir viver. Se existir inferno, no fim das contas, é pra lá que eu vou mesmo, qual a diferença se mais cedo ou mais tarde? E o destino sobre o qual todos falam? Talvez seja esse o meu.

A única certeza é a morte, o resto é especulação. Não importa o que exista ou não, a morte dá um sentido diferente a tudo. Se por causa do suicídio a alma tem que sofrer, que sofra! Mas nada justifica manter a vida por medo de um sofrimento futuro se esse já é o meu presente. Talvez os verdadeiros corajosos sejam aqueles que enfrentam a morte de frente. Os covardes passam a vida inteira se enganando para adiar aquilo que é inevitável.

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>>KCOS<<

Karlla Caroline
Enviado por Karlla Caroline em 07/11/2010
Reeditado em 09/01/2011
Código do texto: T2601408
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