Coisas da vida
Sabe, não consigo compreender o que leva alguém se desfazer de um fruto impensado. Ele não tem culpa de vivermos uma paixão louca ou uma aventura qualquer.
Tudo bem, não foi desejado, pensando assim traz algum desconforto. Ou quem sabe ocultar a fraqueza daquele dia que marcou a entrega do corpo a alguma pessoa que nem sabemos o nome.
Como ‘botar fora’ uma criaturinha que não critica àqueles que nem tiveram amor ao construí-la? Podar seus sonhos, esperança de um futuro risonho e belo? Meus Deus! Como pode alguém desprezar a glória de ser mãe!
Às vezes fica difícil suportar o peso de enfrentar o mundo, sozinha e abandonada. Todos fogem-nos como se carregássemos uma doença contagiosa. As barreiras são erguidas impedindo a mulher solteira de usufruir o fruto da maternidade.
A infelicidade cresce e confunde nossos sentimentos, porque antes de nascer a nossa cria, já carrega a marca da leviandade cometida. Temos medo de crer em nossas próprias potencialidades, na felicidade, ouvimos apenas o eco das palavras que um dia poderão chegar até nós:’lá vem ele, o filho da mãe solteira!’. Ora, será que não há prêmio em recomeçarmos a vida que julgávamos vencida?
Podemos trabalhar, lutar contra preconceitos tolos e arraigados para que no futuro, apesar do mundo ser cruel pra quem não tem pai, supere tudo. Temos carinho, amor, respeito a serem construídos!
Não devemos esquecer que este pequenino ser é livre de rancores e se não podemos tocá-lo, ouvi-lo, não quer dizer que não exista, não tenha alma.
Se somos capazes de sucumbir aos apelos carnais, agora, sem piedade, por maldade, encerrar uma vida que nem sequer foi pedida?!
Acredite, há muita gente que resolve seus problemas,num segundo, extirpando aquele que poderia ser seu sonho, sua realização plena em ser mulher. Coisas da vida...
out/2006