Bem me quer, mal me quer...
Quando uma relação entre o homem e a mulher ganha um clima erotizado, há entre as duas partes uma forma específica de investimento em seu desejo. O homem deseja a mulher por que ela representa o que lhe falta, é o objeto que lhe trará a satisfação e a sensação de equilíbrio, adquirida em ser amado.
Mas nem sempre a mulher deseja o homem propriamente em seu papel de objeto que lhe falta. Na realidade relacionar-se em posição de objeto é papel feminino. Algumas delas desejam mais o fato de ser desejada do que de realizar a relação.
A relação doentia existe quando um homem marcado pela falta se apaixona por uma mulher que ama apenas ser desejada. O encontro então é marcado pela impossibilidade, pela não realização. É a ambivalência de um encontro - desencontrado.
O homem tenta a todo modo conquistar uma mulher que num primeiro momento se dispunha a ser conquistada, num comportamento sedutor, mas depois recusa-se em assumir. O que há de doentio nessa relação é a constância em que o investimento é direcionado ao outro.
Tanto o homem que insiste investindo nesta mulher, quanto esta mulher que ora se dispõe, ora se retira, são em alguma medida desequilibrados em sua vida particular, e essa maneira de se relacionar com o outro reflete a ambivalência de sua intimidade. Ambivalência característica de neurose.