LIÇÃO DE AMOR

Hoje em dia fala-se muito em amor, mas poucos sabem o seu real significado. O amor passa por interpretações errôneas, que ficam apenas na casca sem se aprofundarem na essência. Existem muitas confusões, por exemplo, entre amor e sexo ou entre amor e paixão. Há o amor possessivo, que enxerga o outro como um remédio para a cura de seus próprios males, como uma espécie de “tábua de salvação”. Na verdade, essa forma de amor é uma doença, onde floresce o ciúme e outros comportamentos obsessivos.

Por sua vez, o amor que focaliza apenas a sensualidade, a química da pele, que busca apenas atender ao prazer sexual também não plenifica.

Quanto ao amor-paixão, esse costuma chamuscar-se nas próprias chamas que o provocaram, consumindo-se com a mesma velocidade com que surgiu. Nessa forma de amor, existe uma compulsão que busca e que nunca encontra, uma ansiedade e tensão sempre presentes. É a eterna insatisfação de quem apenas substitui uma situação por outra, e que se sente cada vez mais frustrado e incompleto.

Há muitos enganos e as pessoas vão vivendo de ilusões e fantasias, sem se aperceberem da dimensão mais profunda que lhes é ocultada pela própria ansiedade que não lhes deixa rasgar o véu. Ou porque não querem ver o que lhes parece difícil de praticar. Mais uma vez, por egoísmo, perde-se a oportunidade de alcançar a plenitude. O amor verdadeiro vai muito além de egoísmos e da busca da realização a partir do outro.

Existem alguns conceitos de amor, como o amor universal ou o amor incondicional. Esse amor é fruto de uma percepção mais abrangente e se caracteriza por uma compreensão maior para além de si mesmo, um amor-transcendência, de bases espirituais, que não se condiciona a uma coisa ou outra. Não se caracteriza como moeda de troca. É o amor que não busca apenas os seus próprios interesses, mas é uma espécie de dever, de inclinação natural para buscar o bem de todos os seres viventes e de tudo o que está à sua volta e que o permeia. Esse amor tem origem na “consciência Crística”, na percepção iluminada de que todos somos partes integrantes de uma mesma família, com um destino comum, na direção de um aperfeiçoamento que nos fará perceber, cada vez mais, que todos somos filhos do mesmo Criador.

Amor é divisão, soma, multiplicação, perdão, doação, transcendência e realização de um propósito divino que está alem de toda a compreensão meramente física, material, temporal e mundana. No fundo, Amor é a percepção do outro como parte de si mesmo e de si mesmo como parte do Criador. Amor é ternura, compaixão e comunhão.

O amor é a lição maior a ser estudada, um exercício de aprendizagem para a realização plena da humanidade como cumpridora do seu plano divino aqui na terra, nessa e noutras existências, e estendendo-se ao longo do tempo pela vastidão dos mundos, sem começo e sem fim.

(José de Castro, reflexões para fazer florir o Amor na primavera de cada corrente de Vida – Natal/RN, outubro de 2006)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 04/10/2006
Código do texto: T256216
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