Mulher Extrativista: heroína da floresta
Por todo Brasil milhares de famílias vivem do extrativismo vegetal, da caça, da pesca e da agricultura de subsistência.
Especialmente nas localidades mais remotas da Amazônia o extrativismo é o principal meio de produção, e as mulheres, tanto como os homens, se envolvem na produção. É enorme a variedade de atividades extrativistas em que elas se envolvem, como por exemplo: quebrar coco babaçu, retirar látex da seringa, quebrar castanha, extrair cipó, coletar frutas, manipular plantas medicinais, pescar, catar caranguejo e mexilhão etc.
Poucas pessoas sabem, mais em muitos casos, as mulheres sozinhas, por meio dessas atividades extrativistas, assumem a responsabilidade de sustentar suas famílias. No entanto, mesmo sendo bastante produtivas elas enfrentam diversas dificuldades na geração de renda e no reconhecimento de seus direitos.
Nos últimos tempos têm surgido inúmeras ações e projetos visando mudar esse cenário de exclusão socioeconômica e política dessas comunidades extrativistas, o que tem acontecido invariavelmente com enfoque no empoderamento das mulheres.
Antes, as ações do governo não levavam em conta o papel das mulheres na dinâmica dessas comunidades, o que invariavelmente prejudicava o alcance das metas propostas. Só depois de muitos erros é que os governantes passaram a entender que as mulheres não se limitam ao simples papel de “dona de casa”.
Felizmente, nos dias de hoje, os programas governamentais têm reconhecido a mulher extrativista como uma peça extremamente relevante dentro das políticas públicas. Boa parte dessas conquistas se deve ao empenho de organizações da sociedade civil, como por exemplo: Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STR) e Instituto Socioambiental (ISA). Assim, existem inúmeros exemplos positivos demonstrando que através da valorização do conhecimento tradicional e do fortalecimento da identidade extrativista, as mulheres e suas famílias têm encontrado meios para superar coletivamente as adversidades.
Nesses tempos nos quais tanto se fala em proteção do meio ambiente e redução das desigualdades sociais, não tenho dúvidas que é preciso fortalecer ainda mais a identidade, a participação, a organização e a economia dos homens e mulheres extrativistas, para que assim o valor verdadeiro da natureza e da cultura dessas comunidades seja reconhecido em todos os demais segmentos de nossa sociedade.
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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 392, p. 15, de 10/12/2010. Gurupi - Estado do Tocantins.
Giovanni Salera Júnior
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
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