Auto-gestação
Na infância, um carrossel, vestido de seres etéricos, seres galácticos, seres angélicos e seres elementares, passou por mim:
Eles mergulharam nos meus olhos!
Tocaram as minhas asas,
Despiram o meu corpo,
Me ofereceram água da Lua... (quem sabe para saciar a minha curiosidade)
E, beijaram os meus cabelos.
Gradativamente, fui sendo imantada e talhada para a vida...
como que envolvida por uma dança; encantada pelos caminhos lúdicos, cheios de sabores, sons exóticos, texturas mágicas, cores reluzentes.
Pude andar e correr com os pés desnudos...
Murmurando a voz da terra
Sentindo a memória dos grãos de areia chamando-me:
E um gosto metálico, sadio, sedutor, do caminho das estrelas.
Outro dia, o Tempo engoliu as suas arestas, regurgitou e perguntou-me baixinho:
_Quem poderá roubar-te a lenda auto-imposta? Vais deixar que te salvem?
Eu respondi:
_ As garras da ilusão teriam esse poder, mas, com ela eu já fiz o meu pacto!