A educação invisível – o labor não visto pelo 'outro'
Aquela seria 'a aula', os professores já haviam combinado, planejado tudo, não esqueceram de quase nada, porém naquele dia, isto é, no dia da apresentação, tudo deu errado, primeiro, o fato de que estava chovendo muito, e ninguém imaginava que choveria, segundo as previsões do tempo, estas que aparecem na tv todo dia, além disso, a coordenadora havia esquecido a chave que abre um dito armário, onde se guardam boa parte do material, cujo uso seria fundamental, para aquele dia.
Não bastasse estes infortúnios internos, logo cedo, chegou três pais irados, com seus filhos catarrentos a tira-colo, falando alto, quase brigando, querendo tirar satisfações do por quê, seus filhos não foram escolhidos como os personagens principais, na peça de teatro, que eles (os pais) esperam tanto para que seus filhos aparecessem, apesar de serem os três pestinhas da escola, piores alunos em termos de comportamento, cujo apelido eram 'os boca de esgoto', devido aos palavrões que costumavam soltar, tanto para com os demais alunos, e até mesmo para os professores!
Depois de muita conversa e já toda a programação atrasada, e alunos que deveriam estar a postos haviam faltado, e pior de tudo nem satisfação deram, a diretora da escola, Autoritária da Silva, com seu rompante de autoridade, deu por encerrada as apresentações teatrais, relacionadas com a literatura brasileira, que comemoraria a semana de arte, tudo foi como um balde de água fria, no empenho de valorosos professores, era como se fosse jogados no lixo os tomos de Oswald de Andrade, de Machado de Asiss, Eça de Queiróz, Clarice Lispector, tudo foi ralo abaixo!
Finda as perspectivas de apresentação, todos foram dispensados, e os professores, terminaram aquele dia, como um dos piores dias de suas vidas! O dia em que não conseguiram ver todo um empenho, toda uma dedicação, do esforço em ensaios quase perfeitos, inclusive, alguns ficando, na escola após as aulas normais, para ajustes de coreografia, vestimenta, posição na peça, e hora de entrada das personagens, tudo foi escorrendo para o esgota da falta de compreensão, e falta de apoio moral!
O texto acima, é apenas, uma perspectiva imaginária, do que pode ocorrer, numa hipotética escola, onde há diversos profissionais labutando de verdade, porém, há uma falta de idiossincrasia, por parte da supervisão escolar, falta de ver, falta de compreensão, de pais que não acompanham as atividades de filhos mimados e mal educados em casa, e que refletem na escola o que seus pais são na verdade, ao invés de apoiar os professores, acreditam mais nestas 'coisinhas', que são suas crias!
Para falar de educação construtora do futuro, temos que de maneira franca, encarar as realidades das escolas agora, hoje, e tomar algumas medidas, corretivas, e até coercivas, para proteger o direito de regência, o direito de, enquanto em sala de aula, ser estabelecido claramente na comunidade escolar, que o profissional, não está alí atoa, ou por misericórdia governamental, não, ele está ali por capacidade, por ter sido aprovado em concurso público, na sua maioria, e por ter qualificação superior legítima, de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação! Por tanto, os professores, merecem respeito, algo que está sendo perdido a cada dia que passa, e infelizmente, alguns profissionais da educação, não colaboram muito para que este reconhecimento, volte a ter o valor que sempre deveria ter.
Deste modo, já fica destacado, que respeitar o professor é ponto principal, para a melhoria na educação.
A transformação e emancipação dos alunos para tornarem-se cidadãos proativos, em nossa sociedade, vai mais além, do que quatro paredes uma lousa e um punhado de giz!, tal educação, deveria estar primeiro no exemplo parental, deste modo, a educação de adultos, apregoada por PEREIRA¹, é extremamente necessária, já que boa parte dos alunos e das crianças, apenas refletem na escola a práxis domiciliar, pois imitam a violência, aprendida em casa.
A pergunta agora assume outra dimensão: Como ministrar aulas para adultos, já que não há leis específicas para obrigá-los a terem tal reeducação? Alguém já havia escrito, a alguns anos, e enviado para diversas autoridades palacianas, projeto relativo a diminuição de jornada para propiciar educação de boa qualidade, onde todos tivessem tempo factível para mais atividades culturais educacionais e de laser, seria necessário, ter uma redução acentuada na jornada de trabalho, sem a redução de salário, e com turnos de três períodos!
Infelizmente, não receberam nenhuma resposta, quem sabe se um dia cairá a ficha e entenderão que tal proposta resolveria muitos dos atuais problemas na sociedade, inclusive melhoria acentuada na educação de adultos! Inclusive o fortalecimento familiar, o aumento da mão-de-obra, estaria relacionado diretamente com o aumento de pessoas ocupadas, e deste modo menos gente nas ruas, menos roubo, menos informalidade, e maior quantidade de recursos financeiros circulando, e inclusive fortalecendo o
próprio comércio, já que é 'o capitalismo que dita as regras', e chegariam a conclusão, de que é realmente assim, que lograremos desenvolver, em níveis extremamente satisfatórios nossos índices de proatividade e de IDH, e não apenas fictícios números de matriculados nos séries seguintes!
O conceito de adiantar alunos com pouco aproveitamento, só para não retê-lo, é uma moeda de um lado só, na medida em que, empurrar alunos para séries posteriores, quando não aprenderam, e pior de tudo não querem aprender – desculpem a franqueza - merda nenhuma!, isto é de fato empurrar para próximas séries, uma tacanhice educacional, e podemos dizer mais, os autores que defendem este conceito, o fazem visando seus umbigos, gordos ou inchados de dinheiro público, aprovando projetos que vê, o tal suposto IDH numérico, para sabe lá o que, mas que não consegue ver, o labor dos professores, para cuidarem destas mercadorias estragadas, alguns já em estado de putrefação moral e criminal!
Na educação, para ser, teremos que atacar o problema em sua raiz, e parar de fingir que somos, de brincar de faz de conta que ensinamos, e os alunos de que aprendem, isso beira a hipocrisia eclesiástica, a que estamos expostos desde a era do obscurantismo, e desde a era do que convencionou-se chamar de iluminismo científico, que em realidade tinha muito pouco de científico mesmo!
Embora não mencionaremos maiores detalhes, talvez -você caro colega professor-, ou futuro professor, ficará estarrecido de saber, que em um município, que goza a fama de ser progressivo em todos os sentidos, na educação, a coisa é vergonhosa! O sistema inteiro, está com índices elevados nas notas, pois, de forma camuflada, os professores dão as repostas antes das avaliações, tipo: para a primeira questão responda A, para a segunda respondam C, etc... Consegue você caro professor, ver nisso um coisa chamada ética? Que tipo de cidadão estão formando?
Talvez conseguiremos ver 'estítica', para não repetirmos a palavra citada anteriormente, pelo que pedimos inclusive desculpas, porém servirá para expressar a indignação, de todos os que realmente lutam por uma educação de boa qualidade, muitos dos quais adquiriram 'enfermidades emocionais', devido a tantos xingamentos, e outras acreções verbais e ate físicas!, enquanto que do outro lado, há um público que não consegue ver, tal empresa, demonstram uma atitude de completo repúdio aos seus esforços!
Realmente, poderia parecer uma utopia, a melhoria na educação escolar, como disse WERTHEIN², “o estado deveria avaliar”, todas as escolas, e a comunidade escolar também fazer sua parte, inclusive os pais, as empresas, e a sociedade civil organizada, apoiaria e propiciaria meios para acontecer, poderiam solicitar ás autoridades competentes, melhores condições de trabalho, mais policiamento escolar, promover uma política de valorização dos profissionais, fortalecendo a determinação de alunos em pôr em prática o aprendido, uma educação, tanto para os adultos como as crianças, dando-lhes a oportunidade de expressar-se livremente, de serem ouvidos, de contribuírem com suas ideias, e que estas, possam ser aproveitadas, quando benéfica a todos os envolvidos nos processos psicopedagógicos da escola!
Poderemos estar seguros de que os professores, em sua maioria sentir-se-ão melhor, se souberem que serão respeitados, e bem vindos na escola, se souberem que haverá uma adequação nos turnos, e que os adultos, agora, - ainda que por força de lei -, terão sua reeducação garantida, ainda poderíamos lembrar de alunos PcDs, (pessoas com deficiência), cuja dificuldade de ambulação seria tremendamente dirimidas se tão somente as escolas, acatarem as leis vigentes atualmente, relativas á inclusão de PcDs³.
Isto é algo que resultará em as famílias sairão mais fortalecidas, o índice de meninas grávidas precocemente cairá drasticamente, os crimes cometidos por meros meninos na pré-adolescência diminuirão também, e que as atividades culturais preencherão o tempo, aprenderiam a tocar instrumentos musicais, violão, flauta, e outros, haveria mais pessoas frequentando as piscinas públicas.
Agora, seriam necessários investimentos por parte de governos no sentido de planejarem construções de mais destas piscinas em outras cidades, as escolas agora ficariam de portas abertas no final de semana, e todos poderiam utilizar as quadras para a prática de esportes. Quem sabe o 'outro', o governo e a sociedade conseguirá enxergar, ou melhor ver o invisível, o lado dos profissionais que fazem a educação todo dia!
Referência:
1) PEREIRA, Paulo Roberto Neves, “O mundo quadrado – um mundo redondo” UNIS/SABE.
2) WERTHEIN, Jorge “A Educação e a Construção do Futuro - O Negócio é Conjugar Capitais Certos” Doutor em Educação pela Universidade de Stanford, EUA, e Representante da UNESCO no Brasil em (2003).
3) MENDONÇA, José Cristino dos Santos, “Acorda Universidade”, projeto sugerido para todos os parlamentares do DF, de do Estado de São Paulo. Agosto de 2008.