Estudos mais recentes no campo da Astrofísica, combinados com as crenças ou convicções de várias religiões e doutrinas espiritualistas, têm reconhecido a existência de várias dimensões paralelas dentro do mesmo Universo, com suas energias inteligentes e suas influências na dimensão geoterráquea.
“Há muitas moradas na casa do meu pai.” (João, 14:1-3). Será que faz parte dessa “casa” o “sertão profundo”, referido pelo musicista Elomar, em seu “Auto da Catingueira”? Será o “Parnaso”, lugar imaginário onde vivem os poetas? Por acaso estará lá o reino citado por Carlos Drummond de Andrade, no texto “Procura da Poesia” (que integra o seu livro “A Rosa do Povo” (1945), onde se lê: “Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos.”)?
A evolução da Física, desde a Lei da Gravitação Universal, a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica e agora a Teoria das Supercordas, induz-nos fortemente a acreditar que vivemos em várias dimensões paralelas dentro do Universo infinito. Isso é reforçado pela Teoria M (ou Teoria da Membrana). [Mais recente teoria da Física, a Teoria M tenta unificar as cinco diferentes teorias das Supercordas. Segundo ela, matéria e campos de energia são formados por membranas, que fluem através de onze dimensões classificáveis por níveis de vibrações das membranas. Há três dimensões espaciais, uma dimensão temporal e sete “dimensões recurvadas” com outras propriedades, como massa e carga elétrica. (Fonte: Wikipédia). Esta diz que há partículas menores do que os quarks subatômicos, que vibram como cordas de violino e geram as demais subpartículas a partir dos diferentes padrões vibracionais.]
A Teoria M unifica as teorias das Supercordas e diz que o universo pode ser uma gigantesca membrana quântica, cujas deformações na superfície definem as partículas constituintes da matéria, das forças e da energia. Nada impede que essa membrana por si só seja uma deformação de um plano maior. Trata-se de uma “membrana quântica ondulada”. E há outras membranas “transuniversais”, segundo essa teoria. [Lembra daquela frase de Snoopy, “o universo não é tudo”? Começa a fazer algum sentido.]
Há outros universos além do nosso astrofísico ainda em início de expansão. Não vivemos, contudo, em um “multiverso” ou “pluriverso”, conforme a definição de alguns. O que podemos chamar de Grande Universo é a somatória de todos os sistemas estelares e universos-ilhas em formação, em expansão ou em extinção. É, como sempre, uma questão de nomenclatura.
Em seu livro “O Universo Numa Casca de Noz” (2002), o astrofísico e escritor britânico Stephen Hawking (1942, ocupante da cátedra que pertenceu a Isaac Newton, na Universidade de Cambridge), prova com uma vasta argumentação lógico-científica a existência de até dez dimensões (teoria das cordas) ou onze dimensões (teoria da supergravidade) dentro do Universo.
Igualmente bombástica é a tese do físico e professor estadunidense Brian Greene (1963), em seu livro “O Tecido do Universo”, em que ele desenvolve reflexões sobre as realidades paralelas, provando que existem dez unidades de espaço para cada unidade de tempo. Ele discorre também sobre a teoria M.
Brian Greene, Stephen Hawking, Marcelo Gleise, Amit Goswami e outros multidimensionalistas geniais do mundo da Física estão embrionando e propulsionando a maior revolução do conhecimento humano até hoje. Só precisam ser mais entendidos, divulgados e aceitos. [Albert Einstein deveria estar nesse rol, se tivesse terminado, antes de morrer, a sua Teoria do Absoluto. Quem sabe, mais adiante, ele não se inclua de volta, com sua teoria da relatividade, repaginada e revista? Em verdade, eu creio que ele integra a equipe dos grandes cientistas da atualidade debruçados sobre esse problema, mas colaborando, interativamente, em uma transdimensão paralela. Questão de coerência.]
Um dos problemas comuns a todos os grandes homens de saber é a tal da linguagem humana, sempre limitada e necessitada de comparações e metáforas para tentar expressar questões tão complexamente profundas.
O big bang (ou pelo menos o big bang mais recente da nossa parcela de universo) teria sido o choque entre duas massas, e desse choque surgiu a energia-matéria a partir de membranas ondulares.
Uma questão ainda a resolver: o que provocou ou permitiu o choque das massas que deu origem ao nosso universo “atual”? O que havia na pré-história do nosso universo, quer dizer, antes do big bang?
Microanalogamente, podemos comparar o big bang cosmogenético com o big banguinho que ocorre no momento em que o espermatozoide pole position se choca com o óvulo. A diferença é que a primeira célula embrionária se forma com cem por cento da energia-matéria resultante do choque. Logo após essa primeira célula, duas novas células surgem interligadas, depois surgem quatro, oito, dezesseis e assim sucessivamente, e o embrião vai se desenvolvendo a partir dessas células automultiplicadas e interligadas. Só que o desenvolvimento do embrião não é caótico, como não é caótico o desenvolvimento do Universo.
Há um controle organizador, consequentemente um controle inteligente. Que inteligência é essa que controla, em expansão organizada, o embrião e o universo, a partir de um caos traumático (o choque)? O que conspira a favor da vida humana ainda em fase de embrião e a favor da vida universal? Será que a própria explosão com o macrochoque e o microchoque não é coordenada para permitir a imediata organização vital ao invés do caos continuado? Houve algum elemento agregador e vitalizador pós-choque?
Outro encucador? O segundo princípio da Termodinâmica, afirma o seguinte “É impossível construir um dispositivo que opere, segundo um ciclo e que não produza outros efeitos além da transferência de calor de um corpo quente para um corpo frio. Em outras palavras: É impossível a construção de um dispositivo que, por si só, isto é, sem intervenção do meio exterior, consiga transferir calor de um corpo para outro de temperatura mais elevada” (Wikipédia). Isso não se aplica à reprodução embrionária. No caso do embrião, cada célula nova que surge da multiplicação já vem com cem por cento de energia, não dependendo da energia da célula antecedente. É um gerativismo genético autônomo. Uma espécie de aseidade (atributo do incriado, do autógeno, do Absoluto, de Deus, segundo os filósofos escolásticos e segundo os teístas. Opõe-se a abaliedade, que é um atributo de quem depende de outrem para se gerar.). E aí? De onde vem a energia extra já pronta para formar cada célula nova na rápida formação do embrião? Do Nada? O que gera e mobiliza essa energia-matéria?
Foi por não saber calcular essa resposta, que Albert Einstein passou a reconhecer a existência de uma mente suprema dando “a forcinha” necessária ao surgimento “independente” das células embrionárias multiplicadas sem ser filhas. A essa supermente, ele resolveu chamar de Deus, embora não o Deus conceituado e cultuado pelas religiões.
Será que essa “forcinha” divina extra não seria em verdade a centelha espiritual que vivifica o embrião e consequentemente viabiliza a vida humana? Não seria, portanto, o próprio Deus criador e controlador do Universo? Será que é daí que vem o “vós sois deuses”, citado na Bíblia em Salmos, 82:6, Isaías, 41:23 e João, 10:34? A força geradora das células embrionárias não seria o “sopro” espiritual, ou seja, o espírito ou psicogene ou meme espiritual como terceiro elemento formador da vida humana, que se acopla logo após o big banguinho? Esse “sopro” não é o mesmo que Deus deu no recém-formado corpo de Adão para que este tivesse vida? Será que esse “sopro” não foi o mesmo que provocou a ondulação das membranas resultantes do big bang do nosso universo? Considerando que a lei da repulsão já existia antes do nosso famoso big bang, quem sabe se o próprio choque das massas cósmicas e das massas espermatozoide-óvulo não tiveram já um soprinho propulsor para viabilizar sua ocorrência?
A depender das tendências das respostas às questões acima, poderemos fechar o abismo que separou a religião da ciência, desde o surgimento dos primeiros homines cientifĭci e homines religiosi na Terra.
Como disse Aristóteles: “o homem é um animal político”. Pode ser entendido esse “político”, como gregário (de ajuntamento para fins meramente sobrevivenciais), mas também como interativo. O problema começa a partir da competição para ver quem fica mais bem posicionado à frente da “manada”. Neste caso, o “político” perde a sua acepção antiga de social e assume a acepção moderna de detentor de poder. [Na Grécia antiga, “político” se referia à “polis”, que era a cidade-estado. Daí derivou também o sentido de comunidade, de formação social. Hodiernamente, “político” tem a ver com administração pública e com qualquer estrutura de poder.] Como seres sociais, debatemos com os interesses de nós mesmos como seres individuais, e, como seres individuais, debatemos com os interesses de nós mesmos como seres sociais. Eis o eterno conflito, que ora nos impele a sermos lobos uns dos outros (“homo hominis lúpus”, ou “o homem é o lobo do próprio homem”), ora nos impele a sermos anjos guardiães uns dos outros. [Lembra-se de “o homem é bom por natureza, de Jean-Jacques Rousseau?] O equilíbrio está na observância das necessidades de nossa individualidade e de nossa socialidade, valores imanentes a todos nós. A chave dessa observância está no “amai ao próximo [socialidade] como a si mesmo [individualidade]”.
A natureza humana é a comunhão de outras duas: a natureza animal, relacionada com a materialidade, e a natureza espiritual, relacionada com a espiritualidade. Vivemos interagindo socialmente em nível humano e em nível espiritual. Somos, portanto, seres bissociais. Claro que sofremos também, e fortemente, a influência da mineralidade e da vegetalidade externas e internas a nós. Cada um de nós é uma tabela períodica e um jardim botânico ambulantes.
O que nos prende mais à Terra não é a matéria, mas a materialidade; não é a carne, mas a carnalidade.
Existe matéria densa na quintidimensão espiritual, para onde cada um de nós viaja após desligar-se da nossa tridimensão carnal. Lá (esse “lá” aí é por conta da nossa pobreza de locuções adverbiais locativas no que se refere à geograficidade transespacial) existem os mesmos cenários do nosso planeta Terra, os mesmos dramas e emoções, as mesmas necessidades de crescimento pelo trabalho, pelo estudo e pelo amor. [Embora quase sempre vistos como visionários loucos ou como ficcionalistas de fértil imaginação, muitos artistas conseguem inspiradamente reproduzir tais cenários para os sentidos humanos, ainda que de forma pálida.]
Tecnologicamente, lá existem aparelhos, máquinas e instrumentos bem mais avançados do que os mais sofisticados da Terra. Um dos mais interessantes é uma espécie de televisor do passado. Através dele, podemos rever cenas marcantes de toda a nossa vida terrena, nos despertando sensações, como se as estivéssemos vivendo novamente.
Nossos teletransportes constantes daqui para lá e de lá para cá nos dão sensações de retorno e de avanço no tempo, considerando que o mundo quintidimensional tem leis cronológicas e espaciais diferentes das nossas. Essa travessia é a peça-chave que falta na construção da ponte Einstein-Rosen (“buraco da minhoca”), pela qual nós transitamos a toda hora, pelas projeções conscienciais não percebidas.
Quando essa ponte for fisicamente construída, ela não vai nos levar para o passado de nosso tempo cronológico terreno. Ela vai nos conduzir para o tempo da quinta dimensão, onde poderemos efetivamente ver cenas passadas da nossa atual vida e até de nossa vida futura, num piscar de olhos, ou melhor, num piscar de quantum.
A matéria-prima da peça faltante dessa ponte certamente será o quantum ou partícula fundamental, de consistência semimaterial (por isso invisível por nossos aparelhos terrenos) e que é elo entre a matéria densa e a matéria quintessenciada. [O físico indiano Amit Goswami, autor do livro “A Física da Alma”, há muitos anos vem tentando provar a existência de um ponto de união entre a física quântica e a espiritualidade. Ele constrói a ideia de que é a consciência e não a matéria o principal elemento formador da criação.]
A dimensão espiritual mais próxima da Terra (esta considerada em sua estrutura geofísica), tem duas características básicas. Primeiramente, a matéria-prima dos seus cenários visíveis, sensíveis e tangíveis é de uma consistência mais sutil em relação a nossa capacidade de percepção geoterrena. Em segundo lugar, os lugares para onde nos destinamos nas nossas viagens interdimensionais variam de acordo com nossas expectativas e imaginações terrenas, mas também, e principalmente, de acordo com nossas qualidades vibratoriais, espirituais, conscienciais e morais. Tais qualidade são a verdadeira seleção natural para ingresso nas várias regiões da matrix espiritual. Tudo é muito mais questão de qualidade vibratorial do que de quantidade ou de volume de vibração ou de esperanças, promessas religiosas e mitos imaginários.
Na dimensão espiritual, não temos poder de escolha nem do tipo de condição ambiental que nos serão destinados na chegada e nas posteriores mudanças gradativas. Podemos chegar em um lugar e em uma condição e depois passar para outro lugar com outra condição e propósitos novos, sempre a depender principalmente do despertamento de novos níveis conscienciais e de méritos decorrentes da nossa interatividade com o ambiente e condição no estágio atual.
Costumamos ir para lugares alternados ou sucessivos bem além ou bem aquém das nossas expectativas, tanto na chegada quanto posteriormente. Há estágios ou estações com caráter purgatorial, instrutivo ou recuperativo, mas cada um deles sempre de permanência provisória e variável, conforme as necessidades de cada um. Só não há lugar geográfico nem circunscrito para penas eternas (inferno) ou gozos eternos (céu), do tipo desenhado pela clássica mitologia eclesial.
“Há muitas moradas na casa do meu pai.” (João, 14:1-3). Será que faz parte dessa “casa” o “sertão profundo”, referido pelo musicista Elomar, em seu “Auto da Catingueira”? Será o “Parnaso”, lugar imaginário onde vivem os poetas? Por acaso estará lá o reino citado por Carlos Drummond de Andrade, no texto “Procura da Poesia” (que integra o seu livro “A Rosa do Povo” (1945), onde se lê: “Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos.”)?
A evolução da Física, desde a Lei da Gravitação Universal, a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica e agora a Teoria das Supercordas, induz-nos fortemente a acreditar que vivemos em várias dimensões paralelas dentro do Universo infinito. Isso é reforçado pela Teoria M (ou Teoria da Membrana). [Mais recente teoria da Física, a Teoria M tenta unificar as cinco diferentes teorias das Supercordas. Segundo ela, matéria e campos de energia são formados por membranas, que fluem através de onze dimensões classificáveis por níveis de vibrações das membranas. Há três dimensões espaciais, uma dimensão temporal e sete “dimensões recurvadas” com outras propriedades, como massa e carga elétrica. (Fonte: Wikipédia). Esta diz que há partículas menores do que os quarks subatômicos, que vibram como cordas de violino e geram as demais subpartículas a partir dos diferentes padrões vibracionais.]
A Teoria M unifica as teorias das Supercordas e diz que o universo pode ser uma gigantesca membrana quântica, cujas deformações na superfície definem as partículas constituintes da matéria, das forças e da energia. Nada impede que essa membrana por si só seja uma deformação de um plano maior. Trata-se de uma “membrana quântica ondulada”. E há outras membranas “transuniversais”, segundo essa teoria. [Lembra daquela frase de Snoopy, “o universo não é tudo”? Começa a fazer algum sentido.]
Há outros universos além do nosso astrofísico ainda em início de expansão. Não vivemos, contudo, em um “multiverso” ou “pluriverso”, conforme a definição de alguns. O que podemos chamar de Grande Universo é a somatória de todos os sistemas estelares e universos-ilhas em formação, em expansão ou em extinção. É, como sempre, uma questão de nomenclatura.
Em seu livro “O Universo Numa Casca de Noz” (2002), o astrofísico e escritor britânico Stephen Hawking (1942, ocupante da cátedra que pertenceu a Isaac Newton, na Universidade de Cambridge), prova com uma vasta argumentação lógico-científica a existência de até dez dimensões (teoria das cordas) ou onze dimensões (teoria da supergravidade) dentro do Universo.
Igualmente bombástica é a tese do físico e professor estadunidense Brian Greene (1963), em seu livro “O Tecido do Universo”, em que ele desenvolve reflexões sobre as realidades paralelas, provando que existem dez unidades de espaço para cada unidade de tempo. Ele discorre também sobre a teoria M.
Brian Greene, Stephen Hawking, Marcelo Gleise, Amit Goswami e outros multidimensionalistas geniais do mundo da Física estão embrionando e propulsionando a maior revolução do conhecimento humano até hoje. Só precisam ser mais entendidos, divulgados e aceitos. [Albert Einstein deveria estar nesse rol, se tivesse terminado, antes de morrer, a sua Teoria do Absoluto. Quem sabe, mais adiante, ele não se inclua de volta, com sua teoria da relatividade, repaginada e revista? Em verdade, eu creio que ele integra a equipe dos grandes cientistas da atualidade debruçados sobre esse problema, mas colaborando, interativamente, em uma transdimensão paralela. Questão de coerência.]
Um dos problemas comuns a todos os grandes homens de saber é a tal da linguagem humana, sempre limitada e necessitada de comparações e metáforas para tentar expressar questões tão complexamente profundas.
O big bang (ou pelo menos o big bang mais recente da nossa parcela de universo) teria sido o choque entre duas massas, e desse choque surgiu a energia-matéria a partir de membranas ondulares.
Uma questão ainda a resolver: o que provocou ou permitiu o choque das massas que deu origem ao nosso universo “atual”? O que havia na pré-história do nosso universo, quer dizer, antes do big bang?
Microanalogamente, podemos comparar o big bang cosmogenético com o big banguinho que ocorre no momento em que o espermatozoide pole position se choca com o óvulo. A diferença é que a primeira célula embrionária se forma com cem por cento da energia-matéria resultante do choque. Logo após essa primeira célula, duas novas células surgem interligadas, depois surgem quatro, oito, dezesseis e assim sucessivamente, e o embrião vai se desenvolvendo a partir dessas células automultiplicadas e interligadas. Só que o desenvolvimento do embrião não é caótico, como não é caótico o desenvolvimento do Universo.
Há um controle organizador, consequentemente um controle inteligente. Que inteligência é essa que controla, em expansão organizada, o embrião e o universo, a partir de um caos traumático (o choque)? O que conspira a favor da vida humana ainda em fase de embrião e a favor da vida universal? Será que a própria explosão com o macrochoque e o microchoque não é coordenada para permitir a imediata organização vital ao invés do caos continuado? Houve algum elemento agregador e vitalizador pós-choque?
Outro encucador? O segundo princípio da Termodinâmica, afirma o seguinte “É impossível construir um dispositivo que opere, segundo um ciclo e que não produza outros efeitos além da transferência de calor de um corpo quente para um corpo frio. Em outras palavras: É impossível a construção de um dispositivo que, por si só, isto é, sem intervenção do meio exterior, consiga transferir calor de um corpo para outro de temperatura mais elevada” (Wikipédia). Isso não se aplica à reprodução embrionária. No caso do embrião, cada célula nova que surge da multiplicação já vem com cem por cento de energia, não dependendo da energia da célula antecedente. É um gerativismo genético autônomo. Uma espécie de aseidade (atributo do incriado, do autógeno, do Absoluto, de Deus, segundo os filósofos escolásticos e segundo os teístas. Opõe-se a abaliedade, que é um atributo de quem depende de outrem para se gerar.). E aí? De onde vem a energia extra já pronta para formar cada célula nova na rápida formação do embrião? Do Nada? O que gera e mobiliza essa energia-matéria?
Foi por não saber calcular essa resposta, que Albert Einstein passou a reconhecer a existência de uma mente suprema dando “a forcinha” necessária ao surgimento “independente” das células embrionárias multiplicadas sem ser filhas. A essa supermente, ele resolveu chamar de Deus, embora não o Deus conceituado e cultuado pelas religiões.
Será que essa “forcinha” divina extra não seria em verdade a centelha espiritual que vivifica o embrião e consequentemente viabiliza a vida humana? Não seria, portanto, o próprio Deus criador e controlador do Universo? Será que é daí que vem o “vós sois deuses”, citado na Bíblia em Salmos, 82:6, Isaías, 41:23 e João, 10:34? A força geradora das células embrionárias não seria o “sopro” espiritual, ou seja, o espírito ou psicogene ou meme espiritual como terceiro elemento formador da vida humana, que se acopla logo após o big banguinho? Esse “sopro” não é o mesmo que Deus deu no recém-formado corpo de Adão para que este tivesse vida? Será que esse “sopro” não foi o mesmo que provocou a ondulação das membranas resultantes do big bang do nosso universo? Considerando que a lei da repulsão já existia antes do nosso famoso big bang, quem sabe se o próprio choque das massas cósmicas e das massas espermatozoide-óvulo não tiveram já um soprinho propulsor para viabilizar sua ocorrência?
A depender das tendências das respostas às questões acima, poderemos fechar o abismo que separou a religião da ciência, desde o surgimento dos primeiros homines cientifĭci e homines religiosi na Terra.
Como disse Aristóteles: “o homem é um animal político”. Pode ser entendido esse “político”, como gregário (de ajuntamento para fins meramente sobrevivenciais), mas também como interativo. O problema começa a partir da competição para ver quem fica mais bem posicionado à frente da “manada”. Neste caso, o “político” perde a sua acepção antiga de social e assume a acepção moderna de detentor de poder. [Na Grécia antiga, “político” se referia à “polis”, que era a cidade-estado. Daí derivou também o sentido de comunidade, de formação social. Hodiernamente, “político” tem a ver com administração pública e com qualquer estrutura de poder.] Como seres sociais, debatemos com os interesses de nós mesmos como seres individuais, e, como seres individuais, debatemos com os interesses de nós mesmos como seres sociais. Eis o eterno conflito, que ora nos impele a sermos lobos uns dos outros (“homo hominis lúpus”, ou “o homem é o lobo do próprio homem”), ora nos impele a sermos anjos guardiães uns dos outros. [Lembra-se de “o homem é bom por natureza, de Jean-Jacques Rousseau?] O equilíbrio está na observância das necessidades de nossa individualidade e de nossa socialidade, valores imanentes a todos nós. A chave dessa observância está no “amai ao próximo [socialidade] como a si mesmo [individualidade]”.
A natureza humana é a comunhão de outras duas: a natureza animal, relacionada com a materialidade, e a natureza espiritual, relacionada com a espiritualidade. Vivemos interagindo socialmente em nível humano e em nível espiritual. Somos, portanto, seres bissociais. Claro que sofremos também, e fortemente, a influência da mineralidade e da vegetalidade externas e internas a nós. Cada um de nós é uma tabela períodica e um jardim botânico ambulantes.
O que nos prende mais à Terra não é a matéria, mas a materialidade; não é a carne, mas a carnalidade.
Existe matéria densa na quintidimensão espiritual, para onde cada um de nós viaja após desligar-se da nossa tridimensão carnal. Lá (esse “lá” aí é por conta da nossa pobreza de locuções adverbiais locativas no que se refere à geograficidade transespacial) existem os mesmos cenários do nosso planeta Terra, os mesmos dramas e emoções, as mesmas necessidades de crescimento pelo trabalho, pelo estudo e pelo amor. [Embora quase sempre vistos como visionários loucos ou como ficcionalistas de fértil imaginação, muitos artistas conseguem inspiradamente reproduzir tais cenários para os sentidos humanos, ainda que de forma pálida.]
Tecnologicamente, lá existem aparelhos, máquinas e instrumentos bem mais avançados do que os mais sofisticados da Terra. Um dos mais interessantes é uma espécie de televisor do passado. Através dele, podemos rever cenas marcantes de toda a nossa vida terrena, nos despertando sensações, como se as estivéssemos vivendo novamente.
Nossos teletransportes constantes daqui para lá e de lá para cá nos dão sensações de retorno e de avanço no tempo, considerando que o mundo quintidimensional tem leis cronológicas e espaciais diferentes das nossas. Essa travessia é a peça-chave que falta na construção da ponte Einstein-Rosen (“buraco da minhoca”), pela qual nós transitamos a toda hora, pelas projeções conscienciais não percebidas.
Quando essa ponte for fisicamente construída, ela não vai nos levar para o passado de nosso tempo cronológico terreno. Ela vai nos conduzir para o tempo da quinta dimensão, onde poderemos efetivamente ver cenas passadas da nossa atual vida e até de nossa vida futura, num piscar de olhos, ou melhor, num piscar de quantum.
A matéria-prima da peça faltante dessa ponte certamente será o quantum ou partícula fundamental, de consistência semimaterial (por isso invisível por nossos aparelhos terrenos) e que é elo entre a matéria densa e a matéria quintessenciada. [O físico indiano Amit Goswami, autor do livro “A Física da Alma”, há muitos anos vem tentando provar a existência de um ponto de união entre a física quântica e a espiritualidade. Ele constrói a ideia de que é a consciência e não a matéria o principal elemento formador da criação.]
A dimensão espiritual mais próxima da Terra (esta considerada em sua estrutura geofísica), tem duas características básicas. Primeiramente, a matéria-prima dos seus cenários visíveis, sensíveis e tangíveis é de uma consistência mais sutil em relação a nossa capacidade de percepção geoterrena. Em segundo lugar, os lugares para onde nos destinamos nas nossas viagens interdimensionais variam de acordo com nossas expectativas e imaginações terrenas, mas também, e principalmente, de acordo com nossas qualidades vibratoriais, espirituais, conscienciais e morais. Tais qualidade são a verdadeira seleção natural para ingresso nas várias regiões da matrix espiritual. Tudo é muito mais questão de qualidade vibratorial do que de quantidade ou de volume de vibração ou de esperanças, promessas religiosas e mitos imaginários.
Na dimensão espiritual, não temos poder de escolha nem do tipo de condição ambiental que nos serão destinados na chegada e nas posteriores mudanças gradativas. Podemos chegar em um lugar e em uma condição e depois passar para outro lugar com outra condição e propósitos novos, sempre a depender principalmente do despertamento de novos níveis conscienciais e de méritos decorrentes da nossa interatividade com o ambiente e condição no estágio atual.
Costumamos ir para lugares alternados ou sucessivos bem além ou bem aquém das nossas expectativas, tanto na chegada quanto posteriormente. Há estágios ou estações com caráter purgatorial, instrutivo ou recuperativo, mas cada um deles sempre de permanência provisória e variável, conforme as necessidades de cada um. Só não há lugar geográfico nem circunscrito para penas eternas (inferno) ou gozos eternos (céu), do tipo desenhado pela clássica mitologia eclesial.