O processo de formação do professor -Visão Holística ou Tacanha?

Falar de formação de professores, é tema instigante, porém não é tarefa fácil, diante dos desafios da contemporaneidade que se nos apresentam.

Para tanto, começaremos relembrando duas palavras que são dicotômicas entre si, e que nos ajudará a vislumbrar a que rumo estará indo a nossa própria capacitação, tal visão epistemológica, do educador que queremos ser, ou já somos, nos ajudará também a apontar algumas possibilidades de regência-ação que nos aproxime mais dos nossos diamantes ainda por lapidar, os nossos alunos.

Ao falar de visão holística, referimos-nos ao todo a completude, a uma possibilidade de enxergar mais longe e contemplando diversos fatores, antes mesmo de se chegar a alguma conclusão.

Por outro lado a visão tacanha, remete-nos a uma perspectiva fechada, sisuda, austera, que não facilita o processo dialógico, nem com a comunidade escolar, nem com os demais atores no processo ensino-aprendizagem, que podemos chamar de ferramenta do bom professor, saber dialogar sempre, conduzindo os assuntos sempre em busca da compreensão,da resolução de desafios que se apresenta diariamente nos meandros da escola.

Longe de querer esta última visão, só nos resta o holos¹ do grego “inteiro”, o professor poderá ver o todo, sem com isso, deixar de respeitar a individualidade dos alunos, que sobre tudo não meros robôs, e sim são gente com sentimentos, vontades, gostos e desgostos, e necessitam muitas vezes de carinho e atenção que falta-lhes no lar, e a escola queira ou não acaba assumindo o papel inclusive de 'dar' este carinho, e nós professores comprometidos com a educação e com o desenvolvimento dos pupilos, desejaremos fortemente, não apenas passar a matéria, e sim ir mais além, e tocar-lhes o coração, a sede das motivações, instigando-os a refletir no aprendizado que o transformará num aluno cidadão (ã).

Isto posto, o professor em sua labuta de auto-formar, não entrará como que num molde pronto e ligará uma máquina, que o deixará formadinho, ou pior ainda conformadinho, do jeitinho que a classe dominante gostaria, longe disso, ele construirá sua formação ou melhor sua capacitação didática e dialógica, por ter uma percepção aguçada, por tornar-se cada vez mais inquieto, e desenvolver uma critica sua, que permita intervir, e propor novos paradigmas, e novos possibilidades de ver o já visto.

Deste ponto, já poderemos considerar as perspectivas dos autores SKINNER, Burrhus Frederic (1904-1990)

, com sua caixa de condicionamento, não para condicionar a mente dos pupilos, não, mais poderemos tirar a lição de que a sala de aula, pode tornar-se uma caixa de sknner, se não soubermos ter domínio de sala, se não soubermos estabelecer logo no primeiro dia de aula, 'acordos' e procedimentos que nos propiciarão conduzir a regência com certa 'tranqüilidade' durante o ano letivo, poderemos cair no laço de transformar nossas aulas num verdadeiro inferno! E pior ainda, numa verdadeira caixa de skinner, onde os alunos Só farão algo se forem recompensados! Tipo “vale nota professor?”

O autor SKINNER que nos ajuda na reflexão de nossa regência, cujo trabalho de experimento se convencionou chamar de Caixa de Skinner, é realmente interessante, concorda comigo caro leitor?

Se não, pense no que estava envolvido neste experimento, citado no livro Walden II, de Henri Wallon, ou seja: Separar numa comunidade ideal de 1.000 pessoas entre homens, mulheres e crianças e proporcionar-lhes tudo o quanto fosse necessário para uma vida totalmente adequada, não lhes faltando nada. A idéia era verificar se seria possível ou não, que esta comunidade vivendo muito bem, serviria de protótipo para o restante da humanidade, ou seja o mundo inteiro, poderia ser mais feliz se houvesse as mesmas condições para todos! Pena que o céu não é azul como parece!

Não precisará - você leitor- de muito esforço mental, para chegar a conclusão certa, de que não funcionou tal experiência, do mesmo modo como, houve desafios lá na Walden II, Há enormes desafios nos diversos governos no mundo inteiro, inclusive para tratar tanto de assuntos mais simples, até os grandes problemas internacionais, desde 'mal entendido diplomático', a questões de energia nuclear!

Disso, aprendemos que conviver em comunidade, é desafio que deve ser enfrentado, em sala de aula, temos que primar pela harmonia, na diversidade, todos são importantes, todos terão algumas qualidades que de algum modo contribuirá para o 'fazer' em sala! Ninguém é tão bom, que deva ser isolado como o tal, e ninguém é tão ruim, que não possa ter ainda que poucas boas qualidades.

Já o outro autor WALLON, Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962), por sua pesquisa com crianças, e com ex- combatentes, postulou estudos em que a cognição se desenvolve a partir de quatro campos campos funcionais. Tais campos seriam “o movimento, a afetividade, a inteligência e a pessoa.

criança desenvolve-se”. Agrupa duas importantes ações cognitivas: o raciocínio simbólico com a linguagem, para o desenvolvimento da inteligencia. Defende o mesmo conceito apresentado por

PIAGET, Sir Jean William Fritz Piaget (1896-1980) A “Epistemologia Genética” defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da sua vida. O desenvolvimento dá-se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação resultando em adaptação. De acordo com esta formulação, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. O processo de modificação de si próprio é chamado de acomodação. Este esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é influenciado por aquilo que já tínhamos aprendido.

A nossa formação qual profissional de educação, primará sempre por uma conduta que realmente, tenha visão holística, vamos olhar o todo, sem parcialidade, porém não esquecendo de olhar também o individuo, pois os alunos, quando percebem o interesse do mestre em seu fazer, e quando vê, que o professor valoriza mesmo que a mínima coisa boa em seus trabalhos escolares, há aí, neste momento, um crescimento, uma valorização ainda que imperceptível no momento, vai gerar frutos bons, mais cedo ou mais tarde.

Há diversos autores que se bem lidos e meditados em seus discursos, ganharemos muita experiência que inclusive algumas destas coisas poderemos aplicar em sala de aula, agora serei muito franco e sincero, caro leitor -colega de ofício- não se engane! Na prática docente, a coisa é bem diferente do que os belos discursos dos autores, que inclusive, alguns nuca ficou enfiado numa sala apinhada com 50 coisinhas brigando, xingando, berrando, e um simples e mortal professor tentando acalmar a turma de 'a-lunos', do grego, 'sem luz', sem exemplo paternal, sem educação, e em alguns casos até sem vergonha mesmo! Basta olharmos as notícias que mostram a tremenda falta de consideração, e as agressões que enfrentam diariamente muitos de nossos colegas de ofício! Calma não precisa ter medo! Só mataram um professor la na escola!

Ao mesmo tempo que urge um aprimoramento constante dos professores, na mesma medida,deveria haver também, a capacitação dos parlamentares, dos nossos governantes, no sentido de atuar de modo mais coerente, e permitir que todos, tenham oportunidades, e que todos tenham mais segurança, e que os mecanismos de policiamento escolar e comunitário sejam de fato mais presentes, que as leis, puna realmente os delinqüentes, mesmo os primários, e menores, que podem ser considerados menores para as atrocidades, e de fato são maiores na maldade! Como disse o grupo Legião Urbana: “Que país é esse?”.

O acima são ossos do ofício, temos que entender que é exatamente por isso, que nossa função de educador se faz extremamente necessária! Temos que educar o mundo! Educar a nós mesmos e os demais, e só conseguiremos tal empresa, valorizando a nossa formação.

Cristino Mendonça UNIS/SABE

Referência:

1) holos - visão holística – wikipedia livre.

2) SKINNER, Burrhus Frederic - wikipedia livre.

3) Walden II, SKINNER, Burrhus Frederic - wikipedia livre.

3) WALLON, Henri Paul Hyacinthe Wallon - wikipedia livre.

4) PIAGET, Sir Jean William Fritz Piaget - wikipedia livre.

4) Música “Que país é esse?” RUSSO, Renato.(1960-1996) Legião Urbana. wikipedia livre.