A PAZ QUE EU SEMPRE SONHEI
Caminhava lentamente pelo meu quintal ,
quando subtamente e sem nenhuma dor eu morri.
E assim como vemos nos filmes eu também não acreditava,
tentei me levantar, gritar, chamar alguém, mas não tive sucesso...
Até que uma grande luz branca, branca como a neve e brilhante como o sol
veio até mim, assustei-me e quase morri de novo _ se é que é certo, assim dizer_, tomei coragem e comecei o diálogo mais assombroso da minha vida, ou melhor, da minha morte:
_ Quem és tu? Por acaso és minha alma? És Deus?
_ Não, me respondeu a imensa luz, sem fazer nenhum rodeio.
Eu quase cego arrisquei:
_ És algum ente querido?
E mais uma vez de prontidão a luz disse:
_ Sou o que procurou a vida toda.
Irritado eu disse:
_ És meu grande amor? És Jesus? És a felicidade?
E para meu desespero eu descobri quem era...
_ Eu sou a paz.
Chorei e perguntei agoniado:
_ Só te vemos quando morremos?
E a paz:
_ Não! Vocês é que, na maioria das vezes só entendem quando morrem.
_ Entende o quê?
_ Que eu estou em vocês, procuram - me em outra pessoa, procuram- me em outros lugares, até com o dinheiro as vezes vocês me relacionam... quando na verdade eu estou em vocês.
E continuou:
_ Não é necessário a morte para viver comigo, basta aceitar as coisas como elas são, e entre todas as coisas existem suas principais: aceitar o seu próximo como ele é e aceitar ti mesmo como és.
E sem dar um segundo mais a nossa prosa me abençou e disse:
_ Morra comigo.
Osmar Marques