A vovô Lola

Vovô Lola, como ela gostava que a chamassem. Avó paterna, nasceu Ambriz, no norte de Angola, alta e forte como um touro. Senhora de muitos conhecimentos sobre a arte curativa e medicinal das plantas, era frequente naqueles tempos de 195o e poucos, tratar a família e amigos, de alguns males que por vezes nos afligiam.

Era o caule de couve esfregado no ânus para provocar a "descarga" dos bebés, era o clister com o ensopado das folhas de rícino para os mais crescidos, era o «brututu» para o paludismo/malária, era a mandioca pisada e diluída, enrolada num trapo limpo e esprimida para os olhos, em jeito de conta-gotas, para curar as infecções nos olhos. E se resultava!

Lembrei-me dela hoje e estou por saber porquê! Já devia estar habituado a estas recordações que ultimamente me vêm sacudindo a memória, como que destapando o caldeirão do passado. Sorrindo deixo-me guiar pelas sucessivas tempestades do que parecem ser os últimos temporais da minha vida!

“Menino” chega aqui, era assim que me chamava a vovó Lola e não gostava de ser contrariada! Olha que levas com o ‘pau’ do funge! O que foi avó? Anda cá, toma isto. “Isto” era uma colher de sopa cheia de "banha" derretida proveniente dos testículos de leão! Hum, que nojo, mas não havia alternativa! O menino precisa tomar isso para ficar forte, vais ficar um valentão! Andas muito quietinho! Teria por volta dos 4, 5 anos de idade.

Era assim, metido com os meus ‘pensamentos’, agarrado aos livros/revistas que conseguia, buscando àvidamente por problemas de cálculo primário por resolver, tentando perceber as palavras mais difíceis de soletrar!

Meia volta, lá surgia um coro de vozes de outros rapazitos para mais um desafio de futebol. Alguém havia morto um porco ou javali, retiravam-lhe a bexiga, enchia-se de ar, enrolava-se em trapos, e havia bola! A alternativa era a peúga surripiada em casa, cheia de papel e trapos.

Em determinada altura de minha vida, começaram a surgir os namoricos mais sérios! Olhava-se para uma rapariguita bonita, ou muito apreciada pela família, e logo nos propunhamos fazer dela a nossa namorada. E quantas vezes hesitava entre ficar com a eleita do momento ou seguir a rapaziada para o jogo da bola, mas lá se ia conseguindo alternadamente resolver a questão!

Por vezes recordo-me e tento provocar o humor das mulheres que vêm passando pela minha vida, referindo esta situação. A banha de leão!

Hoje deixo aqui este post porque ELA, quer à força que consulte um médico, perdoem-me a imodéstia, acha exagerado a minha irregular apetência sexual! “Você precisa ir ao médico! Isso não é normal na sua idade! Toda a noite a ‘cutucar’ o meu bumbum! Ahhh vá, chega p’ra lá! Deixa-me dormir!” – atira-me ela de manhãzinha, quando por vezes acordo com “apetites” ! Faço a chantagenzinha possível “oh filha, sabes como te adoro!” , mas se o resultado é negativo, rebelo-me, lanço uma praga, salto da cama e cá venho eu à cozinha para o meu primeiro café e cigarro matinais. Ponho-me a pensar, quantas vezes me senti já anteriormente preocupado por sentir que, por vezes, parecia não estar na condição ideal! Outras vezes não ter a reacção desejada no momento certo! Agora nem sempre que quero ela está receptiva. Que chatice as mulheres, não há quem a entenda! Ah, logo ou amanhã não me escapas – sorrio com um pensamento maldoso, invocando aquelas colherzitas de banha de leão!

Enquanto isso aproveito o tempo do cigarro para mais um post. A vida continua…

Dimuka
Enviado por Dimuka em 06/08/2010
Reeditado em 06/08/2010
Código do texto: T2421693
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.