Lições Bíblicas - "E disse Jesus", Lições 5, 6, 7e 8
Lição 5—Mandamentos
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. Jo 13.35
Texto Básico
Mt 22.36-40
Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
Introdução
A conjunção dos mandamentos de Jesus, o amor ao Pai e ao próximo, cumpre a lei. O amor a Deus nos faz seguir todos os ensinamentos de Jesus, e o amor ao próximo auxilia-nos a encaminhá-lo à salvação. Resumindo, segundo o apóstolo Paulo, "O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei" (Rm 13.10).
1- O amor divino: "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei". O Senhor Jesus anuncia que para permanecer no Seu divino amor devemos, assim como Ele próprio guardou os mandamentos do Pai, guardar os Seus mandamentos. Ainda, o Senhor Jesus declara que esta revelação de amor é para que o amor mútuo entre o Pai e seus filhos levem-nos ao gozo completo (Jo 15.9.13).
2- O amor ágape: esse amor, expresso pela palavra grega ÁGAPE revela a mais sublime virtude cristã; essa virtude, o amor, segundo a Palavra de Deus, "é sofredora, é benigna, não é invejosa, não é leviana, não é soberba, não é indecente, não é interesseira, não se irrita, não folga com a injustiça, e sim com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1Co 13.4-7). Segundo o dicionário Aurélio, essa virtude, o amor ágape, é “o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus”.
3- Amar o opositor sobrepõe-se ao olho por olho: "Eu porém vos digo, amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem" (Mt 5.44). Na lei, Moisés declara que se houver morte, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé (Ex 21.23-24); mas o Senhor Jesus revoga essa lei com o amor.(Ler Rm 12.14,17)
a- Renunciar ao ego: conseguir não oferecer resistência à oposição é exercitar o amor Cristo que há em nós (Mt 5.39-41).
b- Oração pelos inimigos: orai pelos que vos maltratam e vos perseguem (Mt 5.44). A dificuldade que há de o homem compreender que a nossa luta não é contra a carne é a pedra que atravanca nosso caminho para a salvação. Os que nos maltratam e nos perseguem não são apenas aqueles que atordoam nosso dia-a-dia, mas também os que estão insatisfeitos com a glória de Deus manifestada na vida dos justos e no poder de Deus derramado na Sua Igreja; por esses, devemos interceder junto ao Pai.
c- O amor não espera recompensa: não há glória nem recompensa em amar os que nos amam. Caridade aos que nos recompensarão com elogios e honras fazem os hipócritas, que se vangloriam do bem que fazem; a recompensa vem quando amamos ao próximo sem distinção, amigos e inimigos, irmãos e estranhos, justos e ímpios; assim, cumprimos o mandamento e garantimos a vida eterna (Mt 5.46).
4- A lei da retribuição (Mt 7.12): num mundo repleto de injustiça — no qual o homem tem sido o predador do próprio homem, no qual, para poder ascender, tem-se feito adversários de degraus — entender que o amor ao próximo é essencial não tem sido fácil; o cristão deve, acima de tudo, requerer de si esse sentimento em relação ao próximo. Na vida do crente não há espaço para revanchismo, orgulho, injustiça: o amor transcende a tudo.
Um doutor da lei interrogou a Cristo sobre o que faria para herdar a vida eterna, mas, após a resposta do Senhor, tentou justificar-se com a pergunta: E quem é o meu próximo? (Lc 10.25-37). Quem é o nosso próximo não deve fazer a mínima importância, pois Deus não faz acepção de pessoas, importa que o amemos como amamos a nós mesmos.
5– O Amor do Pai produz perdão e vida: (Mt 18.23-35): o amor que devemos ostentar em todo nossa caminhada neste mundo, como cristãos obedientes aos mandamentos que provém do Pai, um amor tão sublime que foi capaz de entregar Seu filho para, mesmo sem pecados, verter Seu sangue na cruz para purificarmos do pecado. O verdadeiro servo do Senhor, aquele que reconhece que foi perdoado através da redenção do Salvador, saberá, através desse amor proveniente do Pai, produzir perdão, assim como o Pai.
Conclusão
O Apóstolo Paulo é bastante feliz em sua declaração na primeira carta aos coríntios, onde declara que o amor jamais acaba (1Co 13.8). Todas as demais coisas terão fim: os dons, as obras, os bens materiais, mas o amor subsistirá eternamente, pois, através dele somos sarados, fomos perdoados, somos reconciliados com Deus, arrebatamos novas almas para o Reino, e, com amor infinito, glorificaremos e louvaremos ao Senhor eternamente, na Glória.
Lição 6—Caminho da Perfeição
Seja vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus. Mt 5.48
Texto Básico
Mt 19. 16-21
E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei , para conseguir a vida eterna? E Ele disse-lhe: Porque me chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.
Introdução
A busca pela perfeição inicia-se a partir do momento da conscientização de que o Senhor Jesus renunciou à sua deidade para render-se em prol de nossas vidas. Logo, para alcançarmos a perfeição, devemos seguir o exemplo do Mestre, renunciar ao ego, e seguí-lo em espírito e em verdade, procurando acumular tesouros no céu.
1– A perfeição bíblica: o adjetivo perfeito, do verso 21, do cáp. 19 do Evangelho de Mateus, provém da tradução do vocábulo grego "teleion", que, por sua vez, advém do prefixo grego "teleo", que é relativo ao fim, ao que está acabado, amadurecido, perfeito; a tradução bíblica para tal palavra seria a expressão "plenamente desenvolvido em seu sentido moral e espiritual".
a– O Senhor Jesus, certamente, conhecia o coração daquele jovem; sabia que, para ele alcançar sua salvação, teria que se desprender de sua vida material, renunciar aos desejos da carne, amadurecendo seu espírito (v.22).
b– O entendimento do versículo 23, do mesmo capítulo, tem sido desvirtuado por uma interpretação errônea; quando o Senhor fala que é difícil entrar um rico no Reino dos céus, literalmente, a tradução do grego é “com dificuldade”, “arduamente” (duskolwV). É importante, ainda, ressaltar que o sermão não termina aí, mas Jesus afirma que aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível (v.24).
2– Fazer a vontade do Pai é o caminho para a perfeição (Mt 7.21-23): a perfeição na vida do crente não está ligada aos dons espirituais que Deus opera por ele; os dons pertencem ao Senhor, que usa quem quer e como quer. Portanto, a operação de maravilhas não está diretamente ligada à perfeição cristã, mas também não se excluem. Entrará no Reino dos céus o crente que faz a vontade do Pai, o crente que buscar, incessantemente, o amadurecimento espiritual e a comunhão com o Pai, operando ou não os dons espirituais, conforme o desejo do Pai.
3- Jamais recuar na busca da perfeição: "Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo". Paulo, após seu encontro com Cristo, pregou a vida e a morte do Senhor, seus mandamentos e buscou a salvação própria e a de outrem, não renunciando ao plano de Deus em sua vida. Quando fala de perfeição, Paulo afirma que, para chegar à ressurreição dos mortos, para encontrar o Senhor, deve prosseguir na busca pela perfeição, humildemente admitindo que não se julga perfeito, espiritualmente desenvolvido, e não julga que já tivesse alcançado seu alvo, a vida eterna (Fp 3.10-16).
3.1 O crente não deve se julgar em nenhum aspecto nem ao menos quanto à sua perfeição; a busca pela perfeição deve ser cumprida com obediência e temor ao Senhor, não recuando jamais, prosseguindo para o alvo que é Jesus, a vida eterna.
3.2 O escritor da carta aos Hebreus (Hb 6.1) nos adverte que, renovados pelo arrependimento e exercitando a fé em Cristo, devemos prosseguir até a perfeição, não fazendo o caminho oposto, pois aquele que coloca a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus (Lc 9.61).
4- O vínculo da perfeição: o Apóstolo Paulo foi o escritor bíblico que mais ensinou acerca do amor fraternal, seguindo os ensinamentos do Mestre (Jo 13.35). Seja ensinado, seja exortando, Paulo conclama ao amor mútuo, que é a única coisa que podemos dever ao próximo (Rm 13.8).
4.1 "E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição" (Cl 3.14). Exortando o povo de Colossos à Santidade, chama-os a se revestirem de misericórdia, de benignidade, de humildade, mansidão, longanimidade, mas, acima de tudo isso, revestir-se de amor é maior obra, pois ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Co 13.7), e, sobretudo, o amor é o vinculo da perfeição (Cl 3.14), sentimento que está ligado, atado ao amadurecimento espiritual do crente.
Conclusão
Entendemos o vínculo da perfeição quando discorremos pelos ensinamentos de Jesus e pela aplicação de seus ensinamentos pelos apóstolos. A perfeição requer, incondicionalmente, que se ame; dons espirituais e ministeriais não são provas de que o homem tenha atingido a perfeição (Mt 7.21-23), basta termos a compreensão espiritual do texto de 2Co 13.9, quando a Palavra de Deus, através de Paulo, nos garante que tudo terminará, profecias, ciência, línguas, mas o amor continuará quando vier o que é perfeito (2Co 13.10). Prosseguir naquilo a que já chegamos, não retrocedendo, encaminha-nos à salvação, à ressurreição que conduz à vida eterna com Cristo.
Lição7—Fundamentar a Fé
Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti. Sl 119.11
Texto Básico
Mt 16. 15-19
E disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus.
Introdução
A igreja fundada por Cristo, sobre a qual as portas do inferno jamais prevalecerão, foi edificada sobre a Pedra Fundamental, a Verdade que liberta, que é o Filho do Deus vivo: Jesus. O homem deve edificar a sua fé nesta verdade, Cristo, não se desviando nem para a esquerda nem para a direita (Pv 4.27), mantendo-se quente, nem morno nem frio, para não ser rejeitado naquele grande dia (Ap 3.16).
1– Firmado na Rocha (Mt 7.24-27): escutar e praticar as palavras do Senhor, ou seja, seguí-lo em verdade, é estar firme na rocha inabalável. Tribulações, aflições, provas, tentações, ventos de doutrinas humanas - qualquer tipo de chuva que desça, ou rios que correrem, ou ventos soprando -, tudo isso que posa ocorrer na vida do crente fiel não poderá abalá-lo, pois firmado na Rocha estará.
Portanto, amados, assim como Paulo convocou a estarem os crentes de Filipos firmes no Senhor (Fp 4.1,9), firmemo-nos também nEle, em Sua Palavra, para que o Deus de paz esteja conosco, sustentando-nos em meio às intempéries da vida.
a– O salmista, nos versículos de 9 a 16, do salmo 119, revela sua dependência da Senhor e de Sua palavra, estatutos, juízos, testemunhos, mandamentos. Termina o versículo 16 afirmando que não se esqueceria da palavra do Senhor; assim deve proceder o crente: esconder a Palavra do Senhor no seu coração para jamais esquecê-la, e, logo, não pecar contra o Criador.
b– O reformador João Calvino acredita ser a expressão “ligar e desligar”, do verso 19, autoridade doutrinária advinda do Senhor dada a Pedro naquele momento. Podemos identificar as chaves como sendo os ensinamentos de Cristo ou a própria Palavra de Deus, dando a Pedro, e, por conseguinte, a nós - firmados na Rocha-, autoridade para pregar o Evangelho, para admitir pessoas no Reino dos céus através da pregação da verdadeira Palavra de Deus. (Ler Mt 18.15-18)
2– Rejeitar a Pedra implica em perda do Reino: entendemos, pelo o que já se comentou, que estar firmado na Pedra resume-se em esconder a Palavra do Senhor para não pecar, como também, com esta mesma Palavra, pregar o Evangelho para a salvação das almas. Rejeitar a Pedra, a Rocha inabalável que é o Filho de Deus, assim como aconteceu com o povo judeu, trará como conseqüência a perda da autoridade de pregar o Evangelho, dando-a a outros que não a rejeitem e deem frutos a seu tempo, que são as almas para o Reino de Deus (Mt 21. 28-43)
3– Filho de Deus ouve e pratica Suas Palavras: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam" (Lc 8.21).
a– Fomos adotados por Deus através da fé na redenção de Jesus Cristo na cruz; recebemos o espírito de adoção (Rm 8.14-15), e, sendo filhos do Criador, ouvindo e executando Sua palavra, somos guiados pelo Espírito, e participamos da grande família agraciada com a vida eterna.
b– Ouvindo, pois, e praticando a fé na Palavra do Senhor, recebendo a divina adoção do Pai, por Jesus, poderemos então clamar “Aba, Pai!”, termo que expressa especial intimidade com o Senhor. Por isso que Paulo revela que poderemos assim clamar, pois já somos íntimos do Pai quando nos deixamos guiar pelo Seu Espírito.
4– Testemunho de fé: "Falamos em Cristo perante Deus, e tudo isto, ó amados, para vossa edificação" (2Co 12.19). Paulo dá um testemunho tamanho de sua fé em Deus e no ministério que Cristo colocou em suas mãos para com os crentes da Igreja em Corinto, e revela que a edificação daquela Igreja estava acima de suas preocupações pessoais.
5– A salvação é o fim da fé (1Pe 1.9): em Hebreus 11 temos relatos diversos dos feitos dos homens de Deus pela fé. A Palavra de Deus relata em 1Pe 1 que o fim da nossa fé é a salvação, fé pela qual publicamente confessamos que Cristo é o nosso redentor e salvador; admitimos, assim, crer que Ele é o filho do Deus vivo que morreu na cruz pelos nossos pecados; pela fé, proclamamos Sua vida e Sua morte, Sua ressurreição que dá vida; pela fé, seguimos os seus passos, santificando-nos dia após dia, tendo como fim a salvação das almas.
Conclusão
O livro de Hebreus nos trás uma das maiores lições da Bíblia para se viver bem em Cristo Jesus: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem" (v.1); o profeta Habacuque já dissera que o justo, pela sua fé, viverá (Hc 2.4). A fé inabalável na infalível Palavra de Deus é suficiente para que o crente viva uma vida reta diante do Pai; para tal, necessário se faz que procuremos fundamentar nossa vida na Rocha que é Jesus, a Palavra viva do Senhor. Vivamos, pois, na Sua Palavra, dando o bom testemunho para fortalecer as almas enfermas e para buscar a salvação das demais, porquanto a salvação é o fim da nossa fé.
Lição8- Bem-aventuranças
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Ap 22.14
Texto Básico
Mt 5.3-11
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos; bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
Introdução
Jesus abriu o sermão da montanha com uma série de oito declarações, as bem-aventuranças, que falam exclusivamente de qualidades espirituais. As bem-aventuranças estão na contra-mão do estilo de vida da sociedade, tanto no tempo de Jesus, como nos dias atuais. Elas são um código de ética e um padrão de conduta para todos os cristãos e contrastam os valores do Reino dos céus, que é eterno, com os valores do reino terreno, que são temporários. Cada bem-aventurança diz respeito a uma benção divina, bênção que se resume em mais do que ter alegrias, implica o estado de graça daqueles que fazem parte do Reino de Deus. Ser bem-aventurado é ser feliz, abençoado, bendito; a palavra bem-aventurado é usualmente aplicada no sentido de recebedor privilegiado do favor divino.
1– Pobre de Espírito: as bem-aventuranças começam com a declaração de que os pobres de espíritos estão entre os abençoados, pois deles é o Reino dos céus, o reino que Jesus veio trazer ao seu povo, um reino de vida, de paz, de humildade.
O pobre de espírito é aquele que sabe que por si só não subsistiria, mas que através do Espírito Santo de Deus sua existência é completada. Reconhecer nosso próprio vazio existencial é dar lugar para que o Espírito de Deus habite em nós, e, como o ensinamento em Pv 29.30, o humilde de espírito obterá honra.
2– Os que choram: essa revelação acerca daqueles que serão consolados nada tem a ver com o choro por uma emoção qualquer, mas, sim, o choro de tristeza pela corrupção de um mundo (2Co 2.3-5) que não se arrepende ante um Deus tão maravilhoso que perdoa a todos arrependidos para dar-lhes vida abundante.
O choro é pelas nossas fraquezas quando não conseguimos nos acomodar ao estilo de vida nos foi delegado por Jesus.
O profeta Ezequiel traz uma revelação divina que alerta Jerusalém quanto aos seus pecados e os castigos a que seriam submetidos. Mas os que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações foram poupados do castigo divino (Ez 9).
3– Os mansos: ser manso não é ser indiferente ao mal, não é fraqueza, não é ser impotente; ser manso é, ale de procurar uma nova postura perante Deus, é ser um homem benigno, paciente, humilde, brando e cortês em relação ao próximo, tendo como alvo a salvação deste. A potência, a força do manso está na sua intimidade com o Pai, para interceder pelo mundo pecador.
Segundo um estudioso, o homem manso é o que foi amansado para o jugo de Cristo (Mateus 11:29), e, consequentemente, tomou sobre si os fardos dos outros homens (Gálatas 6:2). Ele não mais tenta tomar pela força nem mesmo aquilo que é seu por direito, nem tenta vingar as injustiças feitas a ele, não porque ele seja impotente para fazer isto, mas porque ele submeteu sua causa a um tribunal superior (Romanos 12:19). Em vez disso, ele está preocupado em ser uma bênção, não só para seus irmãos (Romanos 15:3), mas até mesmo para seus inimigos (Lucas 6:27-28).
Resumindo, segundo o salmista (Sl 37.10-11), o ímpio não mais existirá, e os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.
4– Os que têm fome e sede: serão fartos aqueles que buscam o Senhor incessantemente. Davi expressa tal sentimento quando diz a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água (Sl 63.1). O trono do Senhor é justiça, é ter sede e fome de justiça é ser necessitado da presença de Deus.
A justiça que buscamos é aquela pela qual Cristo nos enviou a graça para justificação de vida (Rm 5.18), e que, somente pela fé em Cristo, somos feitos servos da justiça.
A graça nos aproximou de Deus, e esse relacionamento com Ele tem que ser mais do que um interesse vital, ele tem que se tornar uma paixão dominante em nossa existência.
5– Os misericordiosos: a misericórdia que Jesus elogia vem da percepção penetrante da necessidade desesperada que a própria pessoa tem de misericórdia, não simplesmente a dos homens, mas especialmente a de Deus. Esta é uma misericórdia que mostra compaixão para com os desamparados (Lucas 10:37) e estende o perdão até mesmo aquele que repete a ofensa (Mateus 18:21-22).
Alcançarão a misericórdia do Pai aqueles que se esforçarem para ser misericordiosos como Ele (Lc 6.36). O Senhor enviou Seu Filho, através de sua infinita misericórdia, para nos dar a vida eterna; a nossa misericórdia maior para com o próximo é levar a ele o conhecimento do Filho de Deus, seu evangelho, oferecendo-lhe a vida eterna que só em Jesus há.
6– Limpos de coração: somente os absolutamente sinceros poderão ver a Deus em sua plenitude.
Davi responde à pergunta que ele mesmo faz acerca de quem subirá ou estará no monte santo do Senhor: o limpo de mãos e puro de coração (Sl 24. 3-5). Tiago revela que o homem de coração dobre é inconstante em seus caminhos (1. 7-8), e esse coração não terá a verdadeira visão de Deus; para tal, Tiago traz outra revelação: Chegai-vos a Deus, e ele se achegará a vós. Limpai as mãos pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração (4.8).
7– Pacificadores: a palavra paz, no sentido estritamente cristão, revela a salvação messiânica. Os pacificadores, dos quais Cristo fala, não são os mediadores de causas seculares, que negociam e firmam compromisso de paz entre homens, instituições ou nações, mas são os que levam a paz ao mundo, ou seja, anunciam que a salvação veio ao mundo através do Cristo, o Messias prometido que venceu o pecado e o mundo.
Pacificadores são os homens que estão em paz com os outros e com o próprio Deus de paz, e, assim, estão capacitados para anunciar um Cristo que revelou que nEle teríamos paz (Jo 16.33), e, então, serão chamados filhos de Deus.
8– Os perseguidos: Jesus sempre alertou para o fato de que o mundo não compreenderia os valores de seu Reino. Assim, os que praticam uma vida reta, conforme os padrões divinos, serão perseguidos; Cristo nos revelou que teríamos a paz, mas sofreríamos as aflições deste mundo.
Os discípulos do Senhor devem regozijar-se diante de uma oposição que revela que o espírito e o caráter de seu Salvador é visto neles. Eles devem regozijar-se porque lhes foi concedido o privilégio de sofrer por aquele que sofreu tanto abuso por amor deles.
Conclusão
As bem-aventuranças não nos permite escolher aquelas que nos agradam e, então, desprezar as demais. Elas formam um padrão ético de vida do crente que buscam consolo, paz, misericórdia, habitação, tudo, num só lugar: na morada do Altíssimo.