DECIFRANDO O CÂNON
Decifrando o Cânon
Joilton Cardozo Alves
I
Comumente falando, o termo criticar quando falado pelas pessoas vem de forma negativa. Daí então, a frase “fulano só sabe criticar”, expressão que deu origem a fala “crítica destrutiva” ou “critica construtiva”, ambas associadas à idéia de falar bem ou mal de determinada pessoa, coisa, ou comportamento na sociedade.
Do grego (crinein), crítica quer dizer: julgar; separar; avaliar o mérito estético de uma obra de arte, a coerência e procedência de um pensamento ou idéia, moralidade ou conduta.
O crítico tem como seu principal objetivo, avaliar determinadas obras ou autoria a partir de seus conhecimentos. É a ação do crítico que dá às pessoas a condição de avaliar o quanto determinado livro, filme ou peça teatral merecem sua atenção.
Ato de julgar, a crítica detém a posição de atribuir valores às coisas e em especial as obras de literatura. A concepção da crítica deu-se na Grécia no momento em que surgiram os primeiros poemas e peças teatrais.
A crítica literária tem os seus parâmetros fundamentados a partir do século XVI, sobre os ombros dos teóricos do mundo antigo. Eram os escritos greco-latinos moldes que serviam para dar direção a criação literária.
No século XVII ocorre difusão da crítica nova clássica italiana por toda a Europa culta no tempo, incluindo em seu elenco Alemanha, Portugal e Espanha. Mas, é na França que as discussões entre os teóricos são travadas de forma consideravelmente efervescente.
Quando alguém ou grupo posiciona-se para criticar, fundamentalmente pratica o ato de julgar. Como pretensos juízes, os que assim são posicionados na sociedade e pela sociedade, tecem os seus juízos de valores sobra a obra literária avaliada, que desde os primórdios já eram submetidas às exigências dos antigos teóricos como bem pontuado por MOISÉS. (2004, p.117).
No geral as críticas literárias dos séculos XVI e seguintes obedeciam aos ditames dos teóricos da antiguidade, sobretudo os que se referiam à mimese. A criação literária, por seu turno dependente das regras colhidas nos sábios dos tempos, norteava-se de acordo com os modelos oferecidos pelos escritos Greco-latinos.
No século XVIII os estudiosos alemães posicionaram-se antagonicamente aos ensinamentos neoclássicos, provocando com isso uma ruptura com a tradição. Já na Inglaterra os teóricos Wordsworts, Coleridge e Sheley, promoveram considerável revolução no campo da arte literária.
Coleridge, visto como “grande crítico inglês” na história da crítica, ganha maior projeção quando açambarca natureza e arte, e em posição eclética acolhe os pensamentos oriundos dos clássicos, principalmente dos alemães. A crítica tem seus pilares fundamentados na idéia de valor. O crítico é quem dá destino a literatura de um determinado povo e cria para ela uma escala que determinará sua nota de zero a dez.
A escala criada pela crítica tem o poder e a autoridade, tanto de elevar a literatura ao padrão de Cânone, quanto deixá-la no “obscuro buraco” do não reconhecimento, muito embora isto venha de encontro à opinião do público leitor, até porque, a crítica não se importa com o que o público leitor diz a respeito de determinada obra literária.
Em sua explanação sobre crítica, Massaud Moisés mesmo que em alguns momentos deixe subentendido nas entrelinhas o uso abusivo que a crítica faz da autoridade de julgar que lhe é atribuída, mostra que a crítica é indispensável e reconhece o seu valor.
A crítica é constituída de julgamento em sua essência, cuja finalidade é tecer e construir juízos de valor. Para Massaud Moisés o valor que existe entre as obras que compõem a literatura de uma determinada nação, só pode ser escalonado por meio da crítica.
Nesta expectativa, Moisés defende a crítica como algo indispensável e que atua de forma criadora que leva o leitor a ter uma melhor compreensão literária. Massaud Moisés sugere no seu texto, que a crítica além de construir seu juízo de valor na obra de literatura, promove um diálogo entre o crítico e o leitor.
II
Em sua obra intitulada O demônio da teoria, literatura e senso comum, ano 2001, página 225, Antoine Compagnon afirma que “O público espera profissionais que lhe digam quais são os bons livros e quais são os maus: que os julguem, separem o joio do trigo, fixem o cânone.”
Neste sentido, mesmo que o público leitor crie expectativa na posição do crítico, no quanto a determinar o que venha a ser cânone ou não, é percebido por eles quão evasivas são as posições dos críticos na decisão que determinará qual obra é cânone ou não.
Quando tentam justificar o reconhecimento canônico de uma obra, os críticos deixam a sua postura e marca preferencial bem aparente e de forma gritante, até porque “Todo estudo literário depende de um sistema de preferências, conscientes ou não” COMPAGNON, (2001, p. 226).
Para os teóricos, a estética é quem delimita o reconhecimento de um texto como literatura. A forma como foi produzido é que determinará o valor literário ou não da obra de determinado autor, muito embora isto venha contrariar a opinião pública.
Quando a crítica seleciona um grupo de autores para conferir-lhes o título de cânone isoladamente, ela não se importa e não leva em conta a posição massificada do público leitor, que por sua vez, também possui o seu juízo de valor que é mais por uma canonização geral e irrestrita do que por uma canonização selecionada, elitizada e de acordo com as preferências da crítica.
O reconhecimento do valor literário não deve tomar como esteio somente os aspectos estéticos, pois, a estética é uma ferramenta que está disponível a “doutos” e a “indoutos”, a clérigos e a leigos. O estético tem forte poder de velar os olhos do avaliador literário, dando-lhe uma imagem da obra que não é real.
Assim como o público alvo está sujeito a tecer juízo de valor objetivo, externo e meramente estético, a crítica não está isenta de tal influência, sendo que a primeira exerce domínio sobre a segunda, de maneira tal que autoriza o que é cânone ou não, sem considerar o subjetivo, o interno, o conteúdo que é o mais importante no cerne de uma obra.
Determinar o valor literário somente ao que vemos, ou seja, ao objetivo apenas é estarmos presos exclusivamente ao que é palpável ante aos olhos. “Segundo Gennete, um relativismo total decorre necessariamente do reconhecimento do caráter subjetivo das avaliações estéticas”
Para Compagnon, não há estabilidade no cânone, nem tampouco aleatoriedade. Por um lado o cânone é estático, e, por outro lado não há mobilidade constante. Há no cânone uma inclinação muito forte para a perpetuação e “mesmo que tenha sua ilusão de valor denunciada pela crítica o cânone permanece na sua originalidade”. (Ibidem, p.233).
III
Da palavra grega “kanon”, obteve-se a idéia de vara que servia com instrumento de medida. Com o passar do tempo, o conceito de “kanon” e o termo propriamente dito, pouco a pouco foi sendo empregado no campo da literatura manifestado através das nomenclaturas como “os clássicos” ou “as obras primas”.
O cânone literário é identificado como as obras clássicas e seus autores, que são instituídos socialmente com os “grandes”, imortais” e “geniais” que transmitem valores indispensáveis ao ser humano, sendo por isso dignas de serem estudadas e transmitidas de geração após geração.
Neste sentido, Roberto Reis em seu ensaio intitulado “Cânon”, empenha-se sofregamente para que o tema cânon e sua definição ganhem maior coerência. Para isso, o autor traz a baila temas de noções sobre linguagem, cultura, escrita e literatura sobre as quais estão as marcas do poder. Daí então o fato de Roberto Reis (2000, p. 51), asseverar que:
Para trabalhar o conceito de ‘cânon’ é importante ter em mente este horizonte, pois o que se pretende ao se questionar o processo de canonização de obras literárias é em última instância colocar em xeque os mecanismos de poder a ele subjacentes
O fato de o texto ser literário ou não é determinado por um grupo de indivíduos “encasacados” (grifo nosso), detentores do poder, pretensos juízes, cuja autoridade lhes confere o direito de determinar o que é literatura e o que não é literatura, o que pode ser cânon e o que não pode ser cânon.
Há no seio da sociedade um tipo de dominação corrente que cavalga sobre o dorso da escrita e da leitura, que sempre foram, é e sempre serão dois poderosos instrumentos de dominação e coerção social, haja vista que “A literatura tem sido uma das grandes instituições de reforço de fronteiras culturais e barreiras sociais, estabelecendo privilégios e recalques no interior da sociedade”. REIS, (p. 7).
Segundo a expectativa de Roberto Reis, estamos todos cercados por um grande acervo literário composto de verdadeiras obras-primas. Como cidadãos e cidadãs do ocidente, temos sido alcançados pela “feliz realidade” de vivermos do lado “civilizado” do planeta.
Para Reis, o acervo que nos envolve, teve seus pilares fundamentados no ocidente e não inclui culturas africanas, asiáticas, indígenas e mulçumanas, o que vem confirmar a sua fundamentação alicerçada na escrita e no alfabeto. “O cânon está impregnado dos pilares básicos que sustentam o edifício do saber ocidental, tais como o patriarcalismo, o arianismo, a moral cristã” (Idem, p. 7).
A postura de Reis leva-nos a conceber a idéia de que quando a “banca dos letrados”, sim, quando os encasacados da academia de letras se levantam para eleger, consagrar e consolidar o cânon, eles o fazem sob o pano de fundo da escolha e da exclusão, o que nos faz pontuar neste nosso ensaio o tipo de banca que criou o cânon, sob qual prisma falavam e quais interesses políticos sociais escondiam sob “a manga da camisa”.
Sem dar ao autor excluído o direito de ampla defesa e do contraditório, ou seja, o direito de explanar a temática e legitimidade da sua criação, os críticos estão livres para dirigir a produção “literária” da maneira que melhor atenda os seus interesses.
Em sua proposta, Reis promove a desconstrução do cânon brasileiro, considerando que normas estética de controle preservam a identidade dos intelectuais, normas estas que têm origem da constituição de um sistema literário, autoritário e muito bem organizado.
Toda manifestação literária que não se adéqua ao sistema gestor gerenciada pelos críticos intelectuais que tem o poder de canonizar é visto como transgressor legal do sistema em vigor, e, por isso é rebaixado, recalcado, engessado, não tem vez, nem possui voz.
Na sua linha de pesquisa, Roberto Reis testifica sobre a existência de um diálogo entre os literatos, que silenciosamente falam de um para o outro uma linguagem que só eles entendem. Neste diálogo, somente a elite literária possui acesso, sendo vedada a entrada a outras camadas sociais que não participam, não deve e não pode participar.
IV
Neste breve ensaio, apoiado sobre os ombros dos pesquisadores Massaud Moisés, Compagnon e Roberto Reis, posicionamo-nos sob um prisma que tentamos não deixar figurar a idéia de construção ou desconstrução da crítica e do valor que consagra o cânone. É nossa intenção, decifrá-lo, investigá-lo, enfim; tentar colocá-lo em um lugar menos privilegiado. Como se isto fosse possível.
Como instrumento de interação social o livro ou similar, quando está sendo observado por quem se interessa por literatura, torna-se o objeto da linguagem, além de produzir o hábito da leitura nas pessoas que lê, bem como os que não gostam de lê.
Como todos sabem, muitos dos que estão no curso de licenciatura de letras deparam-se com uma infinidade de literatura reconhecidamente acadêmica, o que de certa forma, acaba lhes dando maior acessibilidade a um universo de conhecimento literário de considerável dimensão.
Sem a leitura, instrumento indispensável na formação cultural do ser humano, o homem certamente ficaria limitado a um pequeno espaço, ou até mesmo confinado na “caverna da ignorância”. Existe na leitura um caminho que conduz o leitor a novos horizontes.
Todavia, precisamos tomar certo cuidado no ato de ler, principalmente em decorrência do que fora dito por MACHADO (1999, p.59) “não existe obra cultural inocente, todas estão carregadas de ideologias”.
Machado usa o exemplo de que obras, direcionadas tradicionais e universalmente presentes é a que reafirma a dominação do mais fraco pelo mais forte. Como é afirmado por Barthes. “Há uma identidade entre ideologia e estereótipo” (apud, MACHADO, 1999. p. 60).
O público leitor não é somente atingido pela decisão particular e tendenciosa da crítica que determina o que é e o que não é literatura. A partir do momento que este se dispõe a ler determinada obra, tem a sua privacidade envolvida por textos que veiculam certos valores que visam adequar o indivíduo à sociedade.
Acreditamos que a crítica e o valor que consagra o cânone só serão justas e fidedignas, a partir do momento em que voltar sua atenção ao que diz o público leitor. Para isso, necessário é que o valor literário de determinada obra seja medido pela pesquisa que, certamente determinará o índice de aceitação da dita obra no mercado consumidor.
Já que é dada a academia a autoridade para consagrar o cânone, ela deveria levar em consideração a posição do público leitor, ou seja, o volume de publicações diluído no mercado consumidor, não se apoiando apenas na autoridade que tem para julgar.
Não deveria ser a academia e a posição ideológica literária que determina e estabelece o lugar social onde o leitor deve ficar. O leitor deve reclamar e vindicar a autoridade de julgar que lhe é conferida.
Quando me posiciono aqui, é claro que o faço de uma forma coletiva, pois sem esta banca coletiva que há séculos consome o produto literário no mercado, Machado de Assis e muitos outros cânones, nem se quer teriam sido lembrados.
Desde que o mundo é mundo, de uma forma ou de outra, o homem estabeleceu um elo entre a leitura e as interações sociais, a partir daí surgiram dois extremos: de um lado, aqueles que escrevem com arte e com nobreza, discorrendo em livros descobertas que podem levar a humanidade para um mundo científico e melhor; do outro lado, autoridades, verdadeiros dogmáticos, que em nome do seu dogma, matam e impedem que a vida em forma de livros venha surgir.
Este fato está registrado na história, quando no século XIV a rigor da Igreja católica se faz sentir nos julgamentos feitos e sentenciados pela chamada Santa Inquisição que examinava o caráter herético ou não do que estava escrito em livros. Conforme o caso, as obras eram colocadas no índex, lista das obras proibidas.
Se a leitura fosse permitida, a obra recebia a autorização, de que podia ser divulgada, e, quando o caso era considerado muito grave, o próprio autor era julgado. Este foi um episódio registrado pela historiografia que não está muito distante da realidade de hoje.
No século XVI, foi trágico o desfecho do processo contra Giordano Bruno, acusado pelo Santo Ofício de pregar uma pluralidade de deuses (panteísmo) e queimado vivo por ter defendido a doutrina da infinitude. Pode ser observado por este exemplo, o quanto o conhecimento incomoda.
Quando colocamos aqui a importância crucial da leitura, deparamo-nos com dois extremos: Primeiro ocorre o enriquecimento do leitor que a cada obra lida, armazena mais conhecimento no seu frame, além de alcançar mais espaço no campo profissional.
O segundo extremo ocorre, quando a partir do momento que o ser pensante começa a ler muitas obras, mais livros são comprados e mais obras circulam no mercado consumidor. Acreditamos que esta rotatividade de produção e consumo, dá ao leitor a autoridade de decidir o que é literário ou o que não é literário, autoridade esta que não é observada pela crítica, nem de longe sequer.
Diante de tal situação, o resultado que se obtém é de uma sociedade manipulada e induzida ao erro de permanecer no não desenvolvimento do seu povo. As coisas não deviam fazer ressonância com o que disse Platão (séc. V a.C.): “Os homens comuns são vítimas do conhecimento imperfeito da ‘opinião’, (grifo da autora) e, portanto devem ser dirigidos por homens que se distinguem pelo saber”. (ARANHA e MARTINS, 1993. p.193).
Distinguidos pelo saber, tais detentores do conhecimento, acabam por obterem os melhores espaços na sociedade em que vivem. Espaço, que no campo da literatura já foi completamente absorvido pela crítica valorativa que compõe a banca dos supostos e pretensos juízes aos quais foi conferido o direito de julgar.
Para que exista uma importante relação social em meio a um determinado grupo social, tribo ou nação, saber ler somente não basta. É preciso ler com discernimento; afinal de contas, existe uma imensidão de obras literárias no mercado, que embora possa ajudar a desenvolver o hábito da leitura, pode se inferir a elas o título de depósitos de dogmas e conceitos.
Como afirma Terry Eagleton: O dogmatismo supremo, hoje em dia é o intencionismo, a atitude que leva a dizer: “Eu já sei que isto é muito bom (ou muito ruim) e não discuto” (apud, MACHADO, 1999 p. 61).
Não existe apenas o escritor dogmático, mas também o leitor carregado de dogma. O homem dogmático é aquele que de posse da “verdade”, se tranca em seu mundo e é impedido de avançar para o que é novo, é tão obstinado que acaba até mesmo dando vazão à violência. Cremos que o dogma compõe mais a bagagem da crítica do que a bagagem do público leitor.
O ato de ler, como afirma Machado, pode ser praticado de maneira “masculina”, ou seja, ler enfrentando o que se está lendo, como numa posição de dominar o assunto, as diferenças no que está escrito, como se o mesmo fosse um inimigo ameaçador.
Machado sugere ainda uma efetiva forma “feminina” no ato de ler, ou seja, com tendência aberta de espaço para receber o que se estar lendo; aceitá-lo com satisfação deixando crescer, fecundar dentro de si como um embrião que foi germinado, e depois devolver ao mundo externo o que foi concebido pela leitura dentro de si.
Sob o meu ponto de vista observador, me parece que a forma “feminina” no ato de ler, acompanha mais o público leitor e o autor de obra literária, do que a banca julgadora acadêmica. O leitor concebe dentro de si o que o autor produz evidenciando com isso as muitas possibilidades de uma produção nova, fresca e livre de dogmas, conceitos ou qualquer mistura.
O cânon, como a origem do próprio nome, que é constituído de uma banca avaliadora, manifesta-se para medir o que foi escrito e lido; quando faz o seu juízo de valor, ele o faz construído em cima de uma leitura “masculina”, como se o objeto avaliado fosse um inimigo ameaçador. É esta postura determinará o que é cânone e o que não é cânone, o que é literário e o que não é literário.
A leitura masculina que a banca julgadora faz, possivelmente induzirá o leitor à absorção de idéias estereotipadas, que acaba atingindo um público desprovido de qualquer tipo de conceito, levando-o a acreditar que está recebendo a informação correta, sem, contudo se importar com o fato de que por trás do que está sendo lido, existe um “pano de fundo”, carregado de dogmas, conceitos e ideologias particulares do autor e da crítica.
É por meio da leitura que ocorrerá a liberação do conhecimento, peça fundamental para a socialização de qualquer pessoa. É de crucial importância que o bom leitor, não se deixe induzir pelo ensino dogmático que determina o cânone, e assim, ser dominado, mas que se deixe estimular na formação leitora que o capacite, a não só entender, mas também a criticar, a fim de que se torne capaz de fazer julgamento sábio do que porventura estiver lendo.
Entender, criticar e julgar, são instrumentos fundamentais na orientação para informação e formação do bom leitor. A leitura, não somente libertará da prisão o conhecimento, mas, certamente, dará ao público leitor um novo significado, conduzindo-o pelas veredas de novos horizontes.
A prática da leitura não se resume simplesmente na idéia de transformar uma mensagem codificada em uma mensagem comum, mas, dentre as suas muitas probabilidades, a leitura se concentra também na compreensão do mundo sistematizado.
Nesta expectativa a questão em pauta não se resume somente na prática da leitura, mas sim de que maneira ela esta sendo feita. Não deve o público leitor ler simplesmente por ler, mas saber o que esta lendo, conhecer seu contexto histórico e sobre tudo, saber que a forma que ele concebe a leitura de obras “literárias” lhe dará autoridade para discernir e julgar o que esta sendo lido.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de A. e MARTINS, Maria Helena P. Filosofando; introdução à filosofia. 1 ed. São Paulo, 1986, p. 193.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria. Literatura e senso comum. Belo Horizoonte: Ed. UFMG 2001.
MACHADO, Ana Maria. Conversas sobre leitura e política. São Paulo: Ática, 1999 p. 59-60.
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 15ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 113-131.
REIS, Roberto. Cânon. In: JOBIM, José Luiz. Org. Palavras da crítica: uma introdução. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.