O novo e a resistência cultural em relação à Educação a Distância (EaD)
É natural do ser humano apresentar certa resistência ao que é novo. O novo, por um lado, pode parecer atraente, sedutor e desafiador. Viajar a um país desconhecido, ler um livro pela primeira vez e conhecer pessoas novas são exemplos em que o novo aparenta ser somente benéfico. Mas, por outro lado, o novo pode também mostrar-se como algo desconfortável e até ameaçador, afinal, você pode se perder em um país desconhecido, se decepcionar com a aquisição de um novo livro ou ter o infortúnio de conhecer pessoas de má índole. O novo, então, sempre apresenta uma certa parcela de risco com ameaçadas reais (e muitas vezes imaginárias).
Estamos sempre procurando o novo mesmo sabendo que, inevitavelmente, tudo se renova constantemente. Conforme a máxima de Heráclito nós não podemos entrar no mesmo rio duas vezes, pois quando entramos pela segunda vez, mesmo que as margens sejam as mesmas o rio não será - entraremos em águas novas. Cada dia é um dia, um novo dia, e nunca sabemos o que as águas novas (um novo dia) nos trarão. Fortunas ou infortúnios? O novo é desafiador e ao mesmo tempo ameaçador.
Essa ameaça (real ou imaginária) que às vezes sentimos em relação ao novo não poderia ser diferente com a EaD, sobretudo, com a EaD via internet, que vem crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo. As instituições, professores e alunos, todos querem conhecer a EaD antes de poder aceitá-la plenamente. O que justifica essa significativa mudança na educação com a introdução das novas tecnologias de informação e comunicação? Até que ponto elas são realmente necessárias? Por que mudar um modelo de ensino que vem sendo adotado há séculos? Todas essas questões são saudáveis e necessárias pois somente uma postura crítica garantirá a eliminação do preconceito em relação às ameaças imaginárias e o combate às ameaças reais que a EaD pode trazer. Quando conhecemos efetivamente o novo os preconceitos e as expectativas irreais cedem dando espaço a uma serena e realista visão do novo, quando o novo deixa de ser novo e não mais se mostra como ameaça.
Então a existência da resistência cultural em relação à EaD é natural, necessária. Essa resistência faz parte de um processo de transformação, é etapa importante no amadurecimento do novo, de qualquer implementação nova. O que não pode ocorrer é uma resistência infantil e não refletida. A resistência por comodismo ou por insegurança infundada não pode ser tolerada. Já estamos imersos na cibercultura, novos estudos sobre a EaD se fazem necessários. Estamos apenas começando a engatinhar em direção a um futuro ainda desconhecido onde um novo paradigma pedagógico poderá emergir. Já está emergindo.
Setembro de 2009