Saramago...
Existem seres que passam por esse mundo de maneira incomum. Seja pelo talento, pela maneira de pensar ou no legado que deixam, são diferenciados. Esse é o caso do escritor português, José Saramago. Ao longo de seis décadas de carreira literária, publicou cerca de 30 obras, entre romances, poesia, ensaios, memórias e teatro.
Ateu, cético e pessimista, Saramago sempre teve atuação política marcante e levantava a voz contra as injustiças, a religião constituída e os grandes poderes econômicos, que ele via como grandes doenças de seu tempo.
"Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário", disse ele em dezembro de 2008, durante apresentação em Madri de "As pequenas memórias", obra em que recorda sua infância entre os 5 e 14 anos.
Após ter seu romance "O evangelho segundo Jesus Cristo", proibido em Portugal em 1992, por ter provocado polêmica com a Igreja Católica, ele decidiu se mudar para a ilha de Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias, onde ficou até morrer, sempre acompanhado pela sua segunda mulher, a jornalista e tradutora espanhola Pilar del Río.
Ao ler as manchetes do dia de ontem, sobre sua morte e os fatos que a sucederam, concluí que pessoas como ele se diferenciam, até ao morrer. Pois, veja:
“José Saramago é velado em biblioteca nas Ilhas Canárias”.
“ Corpo de Saramago chega ao aeroporto de Figo Maduro, nos arredores de Lisboa”.
“ Cinzas de Saramago serão divididas entre Azinhaga do Ribatejo, onde o escritor nasceu e Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde o escritor escolheu viver e morrer”.
Afinal, a vida e a morte imitam a arte. Que outras noticias dariam o justo enfoque ao passar por este mundo de alguém como José Saramago?
E, certamente, um novo parágrafo se iniciará...
19/06/2010
15h 18min
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