O AMOR EXIGENTE
Ensaio: O Amor Exigente
Os pais, autores da vida de seus filhos, deverão ser os seus companheiros presentes em todos os momentos e situações.
Ao cuidarem de suas crianças, mães, dêem-lhes amor, afeto, atenção e ternura. Não desperdicem suas energias em gritos, porque as crianças aprenderão a gritar com vocês; não machuquem o seu amor com agressões, porque elas poderão machucar vocês; não comprometam o seu relacionamento com seus filhos, porque eles tornar-se-ão seres humanos distantes, agressivos e mal resolvidos.
E vocês, pais, ao chegarem a casa, depois de um dia carregado de problemas, não se isolem, tampouco emudeçam, porque seus filhos tornar-se-ão pessoas arredias e silenciosas, demonstrando um péssimo relacionamento dentro e fora da família.
O amor entre pais e filhos não pode ser um amor de ocasiões: quando tudo está bem, tudo bem com os filhos que ouvem palavras carinhosas e recebem abraços e beijos; o amor entre pais e filhos não pode ser um amor utilitarista, mas um amor concebido numa dimensão maior, sem resquícios de posse. Os filhos querem um amor que ultrapasse as trocas, os interesses; um amor dado gratuitamente, sem nada exigir.
Mas quando se fala em amor que nada exige não se quer falar do amor que tudo aceita, que tudo permite e que tudo dá. O amor verdadeiro é aquele que nega também, quando uma resposta negativa se faz necessária para se converter num bem maior para os filhos. O sim, que é mais fácil numa resposta é, muitas vezes, causa de omissão, de descaso e de cumplicidade.
É comum ouvirmos dizer que o amor dos pais para com os filhos deve ser um “amor exigente”, aquele amor que não cede sempre aos caprichos dos filhos. Amor exigente é o amor consciente que afaga, que acolhe, que aconselha, que estende a mão, que dá seu coração, mas é também o amor que corrige, que nega e que impõe limites. Daí é que não podemos falar que o amor dos pais é um amor sem limites. A dubiedade de sentido a que nos leva essa afirmação, pode-nos colocar na situação daqueles pais que tudo permitem, que tudo aceitam, mas que tudo podem receber em troca a essa fartura ilimitada de cedência.
Pai e mãe precisam reconhecer que não são seres completos, mas que podem, um dia, chegar à completude, vivendo em harmonia com seus filhos, com a sociedade e com Deus. E, para viverem em harmonia não significa que eles tenham de dizer sempre “sim”. Precisam aprender a dizer “não”, se é não que precisam dizer.