O JOGO ACABOU
Tenho total consciência do quanto investi nesse relacionamento, e não me arrependo. Eu, hoje, posso me olhar no espelho e me reconhecer como alguém que tentou de tudo para tornar possível um sonho que insisti em sonhar acordado.
Mas, e sempre tem um mas, eu só pude ir até a página dois. Dalí em diante, haveria a necessidade de que uma segunda personagem entrasse em cena, com a mesma intensidade e força e propósito.
Sem isso, a história não fluiria, e cenas seriam repetidas à exaustão, e o diálogo viraria um monólogo, triste e enfadonho.
É quando percebe-se que não há mais sentido em insistir naquilo.
Quando eu disse, lá no início, não me arrepender de nada, é pelo fato de, ao longo desse tempo, ter aprendido muitas coisas e descoberto outras tantas, entre elas, que eu ainda era capaz de amar alguém com uma intensidade que, a mim mesmo, surpreenderia.
E agora?
Essa é a pergunta que venho me fazendo nos últimos dias e para a qual ainda não tenho uma resposta clara.
Só sei que o momento é de tristeza, uma tristeza minha e de mais ninguém.
Decepção, talvez, pela constatação que existem pessoas que insistem em não deixar uma certa zona de conforto...um lugar onde tudo esta perfeitamente acomodado, embora não resolvido. Pessoas que não arriscam nada, preferindo viver num mundo de aparências, em nome de não se sabe bem o quê.
A vida segue, é claro, e nem poderia ser diferente, e isso independe de como me sinto.
Eu terei que seguir na vida, carregando a sensação de que, como num jogo, apostei tudo, e perdi.