VOLTA AO MUNDO EM 60 LINHAS!

Volta ao Mundo em 60 linhas!

Que havia energia, concentrada, condensada.

A partir da energia assim reunida uma espécie de explosão a faria dividir-se e espalhar-se em formatos vários e manifestações diversas: energia mecânica, elétrica, mecânica, química, cinética, vital.

Os seres se originariam a partir da evolução de uma espécie adaptada ao ambiente inicial.

De acordo com alterações provocadas pelo tempo e através dos espaços ocorreriam mutações e o universo se expandiria sem previsão de término.

Saberíamos pouco e atribuiríamos a deuses vários as reações que não soubéssemos interpretar.

Estudaríamos, vivenciaríamos. Experimentaríamos o medo e buscaríamos um deus único a nos acenar possibilidades de futuro em outros planos.

Desenvolveríamos formas de comunicação.

Encontraríamos frequências possíveis e algumas, denominaríamos sons, depois música. Não inventaríamos acordes ou peças elaboradas – apenas os resgataríamos pela vibração de vozes dos instrumentos conhecidos.

Faríamos contatos além dos convencionais e diríamos de espíritos superiores a existir e habitar outras esferas.

Veríamos, ouviríamos, teríamos filhos e os batizaríamos sob a luz divina do sol, entre as águas abundantes do planeta azul.

Seríamos reis, faraós, rainhas, imperadores, sacerdotes, bruxos, políticos ou simples mortais.

Buscaríamos respostas e as teríamos parciais, por sermos criaturas e não criadores.

Um só Criador. E quem o criaria? Quem se responsabilizaria por toda energia inicialmente concentrada em ponto de luz, fogo, calor, fusão, fissão e então?

Na morte teríamos enfim respostas? Haveria ressurreição? Reencarnação?

E se destruíssemos o planeta habitado pelo mau uso e esgotamento de recursos, seríamos punidos? Maldição, castigo, apenas desgaste?

O que restou de energia nos planetas vizinhos? Haveria vida outrora em Marte? Júpiter? Saturno? Plutão?

E se as teorias fossem apenas silogismo. Às vezes luz, outras, razão?

E se centros gravitacionais representassem ilusão? É relativo pensar que se anda, se pousa ou se voa... E quanto aos códigos universais nos seres? DNA, por exemplo... Coesão?

Copiaríamos sequências lógicas e as classificaríamos: – código de barras. Adenina. Timina. Guanina. Citosina. Ponto. País de Origem. Fabricante. Especificação do Produto. Preço. Ponto.

E quando o corpo pede uma pausa, dorme se refaz em fases para depois despertar - seria assim como uma tela de descanso, um programa executável?

O inconsciente a fabricar sonhos e a estabelecer correspondências das quais se pode lembrar seria um processador assim infalível, invejável até?

Muitas questões, poucas respostas possíveis.

Nenhuma certeza além da contínua mudança.

Experimentos? Experiências? De quem?

Ciência. Consciência. Onisciência haverá?

Onisciência.

Pelos cálculos disponíveis, a expansão segue – as estrelas, galáxias, corpos celestes se afastam do planeta. Nosso próprio continente uma vez integrado foi se dividindo lenta e notadamente através dos séculos, isto se pode constatar.

E quanto ao sol, gás que não demonstra sinais de se extinguir, continua a pulsar sobre nossas cabeças sem se perguntar sobre ser, estar ou existir (?). Salamandras. Haveria? Ondinas, elementais?

Seres humanos espetaculares (para mim) – Fernando Pessoa, por exemplo. Teria existido uma vez e nada mais? Minha mãe. Os irmãos Grimm. Estariam extintos, terminados. Fim?

Em que ou em quem se teriam transformado Jesus, Mozart, Shakespeare, Vivaldi, Cecília Meirelles, Emily Dickinson, Frost, Jobim...

Frida, Maysa, Chiquinha, Elis Regina – tantos sonhos e outras vozes que ainda vibram, ecoam dentro de mim?

Não gostaria de terminar com uma pergunta, então clamo –

Argonautas, vamos navegar! Porque nós precisamos de energia.

Claudete Mello
Enviado por Claudete Mello em 09/06/2010
Reeditado em 11/10/2018
Código do texto: T2309245
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