Circulante (texto delirante)

Eu, dona desse lugar e suas águas, nao me pertenço.

Eu, moto-contínuo do desfolhar.

Encaro o espelho e tenho a cidade.

Espanto os humanos, os tambores, as crianças. Quero a unidade perdida.

(Balanço a toalha para tranquilizar a quimera, como se ela fosse meu esqueleto, minha própria jugular.)

Quando a procissao passar e começarem novamente as festas, pedirei um vetido novo e um laço nos cabelos.

Eu, criança imaculada, que dormi anos numa casa vazia e fiz amigos incalculáveis. Também cantei para muitos dormirem enquanto eu mesma cozinhava e lavava pratos.

Eu, Florisbela, Maristela das portas abertas, sempre fiz chorar.

Eu, dinâmica, elegante garça, inspirei coisinhas bonitas e fiz cócegas nas orelhas dos pássaros amarelos.