Meio Ambiente e Desigualdade Social

Nunca se falou tanto na proteção do meio ambiente como nos dias atuais. É certo que os problemas ambientais tornaram-se uma real ameaça à preservação da espécie humana.

Com o advento do capitalismo o homem adquiriu um poder sem precedentes na história da humanidade, tornando-se capaz de alterar tudo a sua volta. Assim, os recursos naturais passaram a ser explorados sem regras, pois o que se queria era a produção de bens em massa, a baixo custo e sem nenhuma preocupação com os rejeitos oriundos dessa produção.

Nas últimas décadas o capitalismo entrou na fase onde a detenção do know-how, do software e do conhecimento científico tornaram-se mais valorosos do que a simples produção de bens. Dessa forma, a produção de computadores, por exemplo, é fruto de um trabalho globalizado, sendo que grande parte de seus componentes é produzida em vários países, enquanto que a patente do todo continua nas mãos de empresas transnacionais, sempre localizadas nos países desenvolvidos. O mesmo pode ser dito a respeito da fabricação de automóveis e dos navios que são feitos de acordo com processo similar. Isso tudo gera um cenário de risco no qual os países periféricos se tornam lixões do mundo, pois nas últimas décadas boa parte das indústrias com alto potencial de poluição do meio ambiente tem fugido dos países ricos, onde as leis ambientais são mais rígidas e os cidadãos mais atuantes, para países pobres, nos quais a sociedade menos atenta é mais receptiva para empresas poluidoras.

Vale lembrar que as cidades mais populosas do planeta se encontram em sua maioria nos países em subdesenvolvimento, onde os problemas tendem a se radicalizar, por que as desigualdades nessas nações são maiores. Nisso, a pobreza extrema, as doenças, a falta de saneamento, a desorganização social e a falta de democracia real contribuem para agressões voluntárias e involuntárias ao meio ambiente.

É certo que grande parte das agressões a natureza surgem como resultado das desigualdades sociais e da grave injustiça que existem entre os grupos dominantes e dominados e nas relações díspares entre países ricos e pobres.

O que se pode esperar de um morador pobre que vive no meio da floresta e recebe a proposta de ganhar um pouco de renda com a venda de árvores seculares ou com o comércio de animais em extinção ??? É fácil repudiar essa idéia quando se vive num apartamento de luxo ou quando temos poder aquisitivo para ir ao shopping comprar produtos caros e de marcas famosas, mas são poucos os que entendem que a desigualdade social leva milhões de pessoas por todo mundo a optar pela predação imediata dos recursos naturais que estão bem próximos de sua casa, ao invés de pensarem em usá-los racionalmente num futuro adiante, pois em primeiro lugar eles precisam sobreviver para depois poderem pensar na conservação da natureza.

Esse é só um dos diversos exemplos que mostram que o grau de pobreza de uma cidade ou região está diretamente relacionado à quantidade e qualidade dos problemas ambientais que ocorrem ali.

Só é possível pensar em meio ambiente equilibrado se os problemas sociais forem tratados conscientemente pelas políticas públicas de valorização do ser humano. Não se pode pensar em proteger o meio ambiente sem investimentos em educação, segurança, saúde, moradia e tantos outros direitos essenciais a sadia qualidade de vida de um povo.

Portanto, é preciso lutar por uma democracia de fato, que possibilite a estruturação de uma cidadania forte que propicie a criação de um estado político e econômico favorável para todos. Reduzir as desigualdades sociais é o caminho mais curto para se construir um mundo onde o meio ambiente é respeitado.

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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 375, p. 15, de 13/08/2010. Gurupi - Estado do Tocantins.

Publicado no Jornal Valores, edição n. 19, p. 05, de 10/03/2011. Goiânia - Goiás.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 30/05/2010
Reeditado em 01/12/2011
Código do texto: T2288832
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